Viagens voltam a liderar o desejo de consumo dos brasileiros

Turismo supera compra de automóvel como destino do orçamento extra

30/10/2025 17:35

Depois de um período de retração marcado pela pandemia de covid-19 e pela instabilidade econômica, viajar voltou a ocupar o topo da lista de desejos dos brasileiros. Segundo Pesquisa Radar Febraban, realizada entre os dias 21 e 26 de setembro, 11% dos entrevistados afirmaram que pretendem investir seus recursos extras em viagens —superando, pela primeira vez desde junho, a intenção de comprar um automóvel, mencionada por 9% dos participantes.

O dado representa uma virada simbólica para o setor de turismo, que vinha enfrentando um dos piores momentos da série histórica. Em junho, o desejo de viajar havia atingido seu menor patamar, com apenas 10% das menções. Antes da pandemia, esse número já ultrapassava os 20%, refletindo o papel central que o lazer ocupava no orçamento familiar.

Viagens voltam a liderar o desejo de consumo dos brasileiros
Viagens voltam a liderar o desejo de consumo dos brasileiros - Divulgação/viaIA

Embora ainda atrás de outras prioridades financeiras —como investimentos bancários (29%) e aquisição de imóveis (25%)—, o avanço do turismo sinaliza uma mudança de comportamento do consumidor brasileiro. A busca por experiências, descanso e reconexão com o lazer parece ganhar força frente à compra de bens duráveis, como carros e eletrodomésticos.

Para especialistas do setor, o resultado traz alívio e otimismo. “É um indicativo claro de que o brasileiro está voltando a valorizar o tempo livre e as vivências fora de casa. Isso tem impacto direto na retomada de destinos turísticos, na hotelaria e em toda a cadeia produtiva do setor”, afirma um executivo da área.

Com o fim de ano se aproximando, agências de viagem, companhias aéreas e redes hoteleiras já registram aumento na procura por pacotes e reservas. A expectativa é que o verão de 2026 consolide essa tendência, com destinos nacionais ganhando protagonismo e o turismo voltando a ser, mais uma vez, o sonho que cabe no bolso —e no coração— do brasileiro.

Aviação doméstica bate recorde histórico

Os dados da pesquisa Radar Febraban são corroborados pela movimentação de passageiros em voos dentro do Brasil, que atingiu a marca de 8,5 milhões de viajantes ao longo de setembro –melhor resultado para o mês desde o início da série histórica, em janeiro de 2000.

O resultado representa um aumento de 7,6% na comparação com o mesmo período de 2024, quando o número totalizou 7,9 milhões, e assegura o 13º mês consecutivo de alta. Os dados são do relatório de demanda e oferta da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

Aviação doméstica bate recorde histórico em setembro
Aviação doméstica bate recorde histórico em setembro - Freepik

O Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, liderou o ranking, somando 2,5 milhões de passageiros, seguido pelo terminal de Congonhas, na capital paulista, que alcançou 1,9 milhões de viajantes. O terceiro lugar foi do Aeroporto de Brasília (DF), onde o número atingiu 1,3 milhões de pessoas.

No consolidado do ano, o total de passageiros em voos nacionais chegou a 74,2 milhões, um crescimento de 8% ante o mesmo período do ano passado, quando o total registrou 68,7 milhões de viajantes.

Passageiros internacionais

A movimentação internacional também bateu recorde para o mês, com 2,3 milhões de passageiros, uma alta de 9,5% em relação a setembro de 2024.

Em setembro de 2025, o Brasil registrou uma marca histórica na chegada de turistas internacionais. Nos primeiros nove meses do ano, o país recebeu 7.099.237 viajantes estrangeiros, volume 45% superior ao do mesmo intervalo de 2024.

Com o desempenho, o Brasil ultrapassou, apenas de janeiro a setembro, o recorde anual anterior, de 2024, quando 6.773.619 turistas internacionais vieram ao país. O novo número supera a meta para 2025 estabelecida no Plano Nacional de Turismo (PNT) 2024-2027, que previa a chegada de 6,9 milhões de visitantes estrangeiros.

Além disso, também nos primeiros nove meses de 2025, turistas internacionais movimentaram R$ 32,5 bilhões (US$ 6,044 bilhões) na economia brasileira, em despesas como hospedagem, alimentação, transporte, lazer e compras. O valor é o maior já registrado na série histórica para o período e representa um aumento de 11,7% na comparação com igual período de 2024.

Com informações da MTur