Viajar sozinha: Eu, minha mochila e os sofás pelo caminho

Autoras do livro "Bravas Viajantes" compartilham suas experiências em eventos pelo Brasil

Por oviajante
07/03/2018 18:46 / Atualizado em 05/05/2020 09:57

Partir sozinha não significa, necessariamente, viajar sozinha! As mulheres que escolhem se jogar no mundo sem companhia logo descobrem que, na verdade, viajar assim é o melhor jeito de conhecer outras pessoas pelo caminho. Você fica mais sociável, puxa conversa no hostel e não tem medo de pedir para dividir aquela cara viagem aeroporto-centro com outros viajantes.

As sete autoras do livro “Bravas Viajantes” descobriram isso tudo na prática e agora compartilham suas experiências através do livro e de eventos pelo Brasil (informações abaixo). Confira o relato de Louise Palma, uma das autoras do livro e exploradora dos sofás e caronas que a Europa tem a oferecer.

Louise Palma, uma das autoras do livro e exploradora dos sofás e caronas que a Europa tem a oferecer
Louise Palma, uma das autoras do livro e exploradora dos sofás e caronas que a Europa tem a oferecer

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Há tempos eu escuto que deveria escrever minhas histórias de viagem, mas entre anotações pessoais e algumas publicações no meu site, eu nunca levei muito a sério o projeto de ser escritora de viagem. Sabe como é… Nessa correria da vida, o que demanda tempo e não paga boletos acaba ficando em segundo plano. Ainda assim, a vontade permaneceu aqui porque dividir minhas experiências de viajante sempre foi uma forma de incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo. Principalmente as mulheres.

A grande maioria das minhas amigas fica boquiabertas quando me ouve contar que eu já viajei sozinha várias vezes, que já tinha pegado carona e que dormir na casa de desconhecidos é alternativa de acomodação quando a grana está curta. “Você é louca!” e “Com certeza te roubaram um rim” são algumas das frases que eu ainda ouço quando conto algumas das situações que passei na companhia da minha mochila. Porém, cada vez que eu compartilho uma dessas histórias, sinto que consigo abrir caminhos para que a minha ouvinte perceba que é, sim, possível viajar sozinha e que o fato de ser mulher não deve ser uma barreira na vontade de ir e vir.

A grande maioria das minhas amigas fica boquiabertas quando me ouve contar que eu já viajei sozinha várias vezes
A grande maioria das minhas amigas fica boquiabertas quando me ouve contar que eu já viajei sozinha várias vezes

Quando o Zizo Asnis, fundador da editora O Viajante, publicou em um grupo do Facebook que estava em busca de mulheres que viajaram sozinhas e tinham boas histórias para compartilhar, eu logo achei que essa poderia ser uma boa oportunidade de falar para mais gente. Poderia ser a chance de contar uma boa história e encorajar outras mulheres, através da minha experiência. O que eu não imaginava, no início do nosso papo, era que o projeto viraria um livro escrito a 14 mãos, femininas e empoderadas, que não se intimidaram diante da chance de cair na estrada sozinhas.

“Bravas viajantes” será lançado no dia 8 de março, data oportuna para fazer coro e lembrar que toda mulher pode e deve viajar sozinha, se tiver vontade. No livro, eu relato uma viagem que fiz em 2010, quando percorri cinco cidades na Alemanha ao longo de 14 dias. Na época, eu estava morando na Espanha por conta de um intercâmbio acadêmico e decidi partir sozinha porque meu objetivo era assistir a um festival e eu não tinha companhia.

Quando se é mulher, uma viagem solo sempre exige mais cuidados, independentemente do destino
Quando se é mulher, uma viagem solo sempre exige mais cuidados, independentemente do destino

Com o meu orçamento de estudante, isso só foi possível porque eu peguei carona usando um site de viagens compartilhadas, que oferece trajetos muito mais em conta que os transportes tradicionais, e fiz couchsurfing, prática em que anfitriões locais disponibilizam seu sofá para receber viajantes, sem receber nada por isso. Foi a primeira vez que eu me aventurei completamente sozinha e, não é porque eu estava viajando pela Alemanha, país “de primeiro mundo”, que eu estava 100% segura.

Quando se é mulher, uma viagem solo sempre exige mais cuidados, independentemente do destino. Se nós tememos pela nossa segurança física todos os dias, no nosso cotidiano, apenas pelo fato de sermos mulheres, imagina quando estamos longe de casa e de pessoas conhecidas. Que a atenção seja dobrada, triplicada, mas que nosso gênero não seja limite para nada. Viajar –não importa para onde– amplia a visão de mundo, nos tira da zona de conforto, faz com que o nosso olhar sobre o outro se torne mais empático.

E, ouvir histórias de mulheres que viajam ou esbarrar com elas pelo caminho, nos empodera, nos fortalece, nos encoraja. Eu fui valente para ir sozinha para a Alemanha e alguns outros países europeus, mas não sei se teria a coragem da Tamy, que desbravou seis países africanos pouco visitados por turistas, ou da Gabriella, que viajou sozinha pelo Sudeste Asiático. Porém, só de saber que essas bravas viajantes estão espalhadas por aí, ganhando todos os cantos do mundo, a vontade de arrumar a mochila de novo já cresce. Vamos juntas?

Relato por Louise Palma

Lançamentos e eventos do livro “Bravas Viajantes“:

São Paulo
Quando: 8/3, no Baderna Bar (Pinheiros), às 19h
Palestra e bate-papo: 9/3, na Livraria da Vila (Vila Madalena), às 19h

Rio de Janeiro
Quando: 12/3, no Espaço Oito e Meio (Flamengo), às 19h
Palestra e bate-papo: 13/3, na Livraria da Travessa (Botafogo), às 19h

Porto Alegre
Quando: Lançamento e palestra no dia 14/3, na Livraria Cultura, às 19h