Adélia Nicolete lança o livro “Manto da Transição: Narrativas Escritas e Bordadas por uma mãe de Trans” no Grande ABC
O VilaMundo é uma iniciativa do Instituto Acqua em parceria com a Catraca Livre
A escritora e dramaturga Adélia Nicolete lança o livro “Manto da Transição: Narrativas Escritas e Bordadas por uma Mãe de Trans”, em três datas ABC Paulista. No dia 09 de março, sábado, às 11h, na Livraria Alpharrabio, em Santo André. Em São Bernardo do Campo, o lançamento será na Biblioteca Monteiro Lobato, no dia 16 de março, sábado, às 14h. Já em Mauá, a sessão de autógrafos e roda de conversa será no dia 19 de março, terça-feira, às 18h30, no Teatro Municipal de Mauá. A publicação mergulha de maneira sensível e profunda na interseção entre a literatura, as artes visuais e as experiências pessoais.
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Delicadamente bordada, a publicação entrelaça a experiência da autora como mãe de um homem trans alinhavado com relatos de outras mães. O livro, concebido a partir de um diário, registra os altos e baixos, os medos e as celebrações, os desafios e conquistas do processo materno frente à transição de gênero, tudo cuidadosamente costurado pela escrita poética da autora.
Em 2014, quando o jovem Bernardo iniciou sua transição, Adélia encontrou no diário um refúgio. Tendo guardado não apenas os registros escritos, mas também peças de roupas carregadas de memória afetiva, a artista sentiu a necessidade de ressignificar as vestimentas, através do bordado, e compartilhar sua experiência e a de outras mães, dando origem ao projeto “Manto da Transição”.
“Foi uma longa jornada desde o início da transição e é muito gratificante ver que o processo não ficou restrito à família, mas ampliou-se por meio de um livro e uma exposição. Tudo isso graças a uma lei de incentivo cultural que, esperamos, permitirá que o projeto alcance muita gente e traga visibilidade à pauta transmasculina”, destaca a autora.
As narrativas maternas foram escritas a partir de entrevistas, conversas transmitidas pelo Instagram e também por uma extensa pesquisa. Elas estão presentes na primeira parte do livro, intitulado “Caderno Reinaldo” em referência ao nome masculino adotado pelo personagem Diadorim, de “Grande Sertão: Veredas”, escrito por João Guimarães Rosa. Reinaldo/Diadorim representa a valentia de quem cumpre a jornada da transição.
Quanto à segunda parte, ela reúne as vestimentas bordadas e a descrição do processo. O título “Caderno Orlando” refere-se à obra homônima de Virginia Woolf, que traz uma personagem que se alterna entre homem e mulher. É notável a influência de artistas visuais no conceito dos bordados. Arthur Bispo do Rosário (1909-1989), Leonilson (1957-1993), Zuzu Angel (1921-1976) e Louise Bourgeois (1911-2010) utilizaram-se dessa técnica em seus trabalhos e conferem ao projeto “Manto da Transição” inspiração estética, histórica e política.
O projeto foi contemplado pelo ProAc Editais – 40/2022 – Cidadania/Cultura LGBTQIA+, promovido pela Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.
Sobre a autora
Artista-educadora, dramaturga e escritora, Adélia Nicolete é mestre em Artes pela ECA/USP, com a dissertação “Da cena ao texto: dramaturgia em processo colaborativo”, e doutora em Artes com a tese “Ateliês de dramaturgia: práticas de escrita a partir da integração artes-visuais – texto – cena”. Além disso, é professora do curso de Pós-graduação em Artes-manuais para a educação e de Artes-manuais para terapias na Casa Tombada/Facom/Nina Veiga Ateliê.
Como dramaturga convidada da Coletiva teatral Pontos de Fiandeiras, em Santo André, desenvolveu duas obras destacando a atuação feminina na formação e no desenvolvimento regional. Entre os livros publicados, destacam-se “Ponto segredo e Ponto corrente – a presença feminina no teatro do ABC Paulista” e “Luís Alberto de Abreu – um teatro de pesquisa” (Org.), publicado pela Editora Perspectiva em 2011.
A escritora assinou prefácios de diversas obras de pesquisa e ficção, entre elas “Por Elise” e “Mata teu pai”, de Grace Passô ; “A encomenda” e “Caixão de vidro”, de Heloísa Cardoso; “Retratos” de Helô Beraldo (Baleia Livros, 2021) e “Mulheres que me habitam” de Claudia Jordão (Alpharrabio Edições, 2021). Seus ateliês de escrita percorreram, entre outros espaços, diversas unidades do Sesc pelo país.
No campo da curadoria, destacam-se a coordenação de III Ciclos de Estudos da Dramaturgia Contemporânea na região do ABC e a curadoria do projeto Dramaturgia em Foco em São José dos Campos.
Serviço
Santo André
Local: Livraria Alpharrabio – Rua Dr. Eduardo Monteiro, 151 – Jardim Bela Vista – Santo André – São Paulo.
Data: 09/03. Sábado, às 11h.
São Bernardo do Campo
Local: Biblioteca Municipal Monteiro Lobato – Rua General Jardim, 485 – Centro – São Bernardo do Campo.
Data: 16/03. Sábado, às 14h.
Mauá
Local: Teatro Municipal de Mauá – Rua Nadir Alves, 353 – Vila Noemia – Mauá – São Paulo.
Data: 19/03. Terça-feira, às 18h30.