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Batalhas de poesia conquistam os jovens de escolas públicas

O Vila Mundo é uma iniciativa do Instituto Acqua em parceria com a Catraca Livre

O Slam do 13, coletivo de literatura periférica com mais de dez anos de atividade, caracterizado por ser um movimento de rua, que ocupa espaços públicos, praças, pontos de cultura, realizando batalhas de poesia falada, vem atravessando os muros das escolas públicas de São Paulo, conectando a comunidade escolar com a poesia contemporânea. no dia 30/04  a EMEF M’Boi Mirim II e a EE Dr. Miguel Vieira Ferreira recebe o projeto.

Formado pelos poetas e produtores culturais Caio Feitoza, Maite Costa, Jéssica Campos, Santos Drummond e Thiago Peixoto, o coletivo foi o primeiro grupo de slam a levar batalhas de poesia para dentro das escolas, em 2013, de lá pra cá já circulou por dezenas de instituições de ensino da rede pública e privada.

Esse ano, com apoio do Fomento à Cultura da Periferia, edital da secretaria municipal de cultura de São Paulo, já visitou três escolas e deve passar por mais três ainda no primeiro semestre. “É uma atividade que dá muito certo e vai ao encontro do trabalho desenvolvido pelos professores, muitos utilizam as poesias do slam como ferramenta para dialogar com os alunos diversas temáticas trabalhadas em sala de aula”, explica o poeta e cofundador do Slam do 13, Thiago Peixoto.

Para realização dessas atividades, quadras esportivas ou o pátio se transformam em ágoras para comunhão da palavra poética. Muitos alunos que se mantinham anônimos, se encorajaram a recitar seus poemas, é o caso de Ruan Vanildo Almeida de Araújo Silva (16), que comenta o que sentiu ao participar pela primeira vez de uma batalha, “foi uma sensação incrível, que eu nunca senti antes”, destaca o jovem poeta após recitar para mais de 200 alunos, seus colegas de escola, “a poesia tá num alto patamar da minha vida, quando eu estou mal, eu acabo me encontrando na poesia, foi o que me libertou, é a minha forma de botar pra fora o que eu estou sentindo”, acrescenta entusiasmado.

Embora seja essencial compreender os movimentos literários clássicos, como o Romantismo, Modernismo, Realismo, entre outros conteúdos convencionais na grade curricular do ensino médio no Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), por exemplo, já tem trazido nomes como o da Roberta Estrela Dalva, precursora do Slam do Brasil, além da escritora Conceição Evaristo, Racionais MC’S em suas provas, reconhecendo a importância de autores contemporâneos e da literatura marginal.

Professores da rede pública de ensino, veem no slam um aliado na educação, para Jenifer Silva, que já recebeu duas vezes o Slam do 13 na escola onde é coordenadora, a EE Reverendo Jacques Orlando Caminha Dávila, o projeto é uma oportunidade dos alunos se apropriarem e se identificarem com referências que dialoguem mais com a realidade deles, “o slam é potente, nossos alunos amam e a escola fica maravilhada com o poder que tem o slam na educação, na vida dos estudantes”, afirma.
Ela ainda ressalta o quanto as apresentações de poesia contribuem para a desinibição dos alunos, “a poesia toca, motiva eles a enfrentarem seus medos, o medo da plateia, o medo de expor, o medo do falar em público e isso quem faz é a poesia”.

Desde que o coletivo surgiu, há onze anos, o Slam do 13 tem em sua programação prioritária a atuação em escolas da rede pública, chegando a produzir dois eventos por mês, conforme a agenda escolar. Esse ano, além da escola Reverendo Jacques, o coleto já passou pela EE Calhim Manuel Abud e EE Prof. Eusébio de Paula Marcondes; mais três escolas receberão essa atividade ainda em abril. A expectativa é visitar de 15 a 20 escolas esse ano, impactando em torno de 4 mil alunos ao longo da temporada.

Serviço:

30 de abril- 9h
EMEF M’Boi Mirim II
30 de abril- 16h
EE Dr. Miguel Vieira Ferreira