Coletiva Pontos de Fiandeiras estreia espetáculo “Caixa Casa Mundo – histórias re-veladas ou sobre como vencer os monstros” nesta sexta-feira

O VilaMundo é uma iniciativa do Instituto Acqua em parceria com a Catraca Livre

Por VilaMundo
26/01/2023 15:39

Nesta sexta-feira, dia 27/01, às 18h, a Coletiva Pontos de Fiandeiras estreia o espetáculo “Caixa Casa Mundo – histórias re-veladas ou sobre como vencer os monstros”, no Sindicato dos Bancários do ABC, em Santo André. A apresentação marca o início da temporada que passará por diferentes cidades do ABC, território que sedia o trabalho da coletiva.

 

O projeto, realizado com apoio do PROAC, irá circular de forma gratuita em institutos, escolas e teatros em Santo André, Mauá, Diadema, Ribeirão Pires e São Bernardo do Campo, terminando no CEU Sapopemba, em São Paulo.

O espetáculo cênico fala de forma poética sobre as violações aos direitos da infância e da juventude, refletindo sobre caminhos e redes de apoio que possibilitem denúncias e proteção. Dividido em duas partes complementares e que dialogam entre si, a linguagem escolhida foi o universo do Teatro de Formas Animadas, com o teatro lambe-lambe, como prólogo, e a encenação narrativa. Este jogo teatral proposto convida o público a vivenciar o espetáculo de maneira singular, criando uma dramaturgia própria e provocando a imaginar outras realidades para as histórias contadas.

O Teatro Lambe-lambe ocupa um espaço cênico formado por um palco em miniatura
confinado em uma caixa. Nesse espaço são apresentadas peças de curta duração por meio da
manipulação de bonecos, objetos ou sombras para um espectador por vez, criando uma
atmosfera intimista, misteriosa ou secreta. O gênero criado em 1989 pelas bonequeiras
nordestinas Denise de Santos e Ismine Lima, foi inspirado nos fotógrafos lambe-lambe, e
inaugurado com o espetáculo “A dança do parto”, em uma busca para que a cena do parto
pudesse ser apresentada de de forma delicada como um segredo a ser resguardado.

Para a dramaturga e integrante da Coletiva Pontos de Fiandeiras Camila Shunyata,
a escolha da linguagem visava dar novos sentidos, com poesia e esperança, à aridez das
violências cotidianas sofridas por crianças e jovens. “O espetáculo propõe sensibilizar o
olhar e escuta, que figuram as verdadeiras chaves para abrirmos as caixas-casas-mundos e
assim re-velar, no sentido de denunciar e alertar crianças e adultos para situações que as
expõem à violações de todos os tipos. Além de anunciar a possibilidade de transformação
das trajetórias desses personagens-crianças e a vitória sobre “os monstros” como a
ressignificação do sofrimento que as permite serem vistas e ouvidas, entoando o seu canto
em um mundo mais justo e pacífico”.

São seis espetáculos com duração de até 3 minutos em que cada um revela a
miniaturização dos conflitos de personagens-crianças dentro de seus universos-caixas. Há
nessas apresentações o compartilhamento de um segredo entre o ator manipulador e o
espectador e a necessidade de um esforço ao olhar pela caixa, compreender situações que,
embora recorrentes, passam despercebidas. Como a infância indígena que é desrespeitada
em suas crenças e território; a preta, favelada, que não tem acesso à história de seus
ancestrais; a criança que trabalha, não frequenta a escola e tem fome; as em situação de
rua; as abusadas, exploradas sexualmente, negligenciadas e silenciadas.

Tais conflitos são redimensionados e ampliados na segunda parte do espetáculo
com as cenas narrativas que extrapolam o universo das caixas, e vão utilizar recursos como
bonecos, sombras e objetos, ainda permanecendo dentro da pesquisa do Teatro de Formas
Animadas.

A tríade Caixa Casa Mundo tem a figura mítica e ancestral de pássaros como fio
condutor das narrativas que acompanham cada uma das jornadas das infâncias
apresentadas. A figura simbolizada em muitas culturas como o mensageiro que se
comunica entre o céu e a terra ganha o papel de auxiliar na revelação das crueldades,
assumindo a função de multiplicadores das histórias que se mantêm veladas ou
esquecidas.

A Coletiva Pontos de Fiandeiras foi instigada a compreender e possibilitar um debate
sobre a infância, buscando no processo de estudo, pesquisa e criação abrir espaços para a
escuta das crianças e jovens, para traduzir através de imagens as violências às quais
muitas delas estão submetidas. Vivian Darini, diretora geral e integrante da coletiva, conta
que é preciso tratar com delicadeza assuntos difíceis, mas não deixar de expô-los como
feridas que necessitam de tratamentos. “Nosso objetivo maior é que tais violências sejam
reconhecidas e denunciadas, a fim de que se estabeleça um pacto social de cuidados e
transformação, que garanta os direitos da infância e da juventude, refletindo sobre o
paradoxo de uma sociedade que dá aos jovens e crianças a responsabilidade de “um
mundo melhor”, mas que os silencia e violenta”, completa.

O processo de construção do espetáculo se iniciou em 2019, com o agravamento da
vulnerabilidade das crianças e jovens, como reflexo do sucateamento de políticas públicas,
e depois, aprofundada com a pandemia de Covid-19 no início de 2020. A pesquisa se deu a
partir da obra A História das Crianças no Brasil, da historiadora Mary Del Priori, que trata a
concepção da infância como cidadã de direitos como algo recente na história e, o quanto
elas sofreram e ainda sofrem violações ao longo dos tempos, da colonização a
contemporaneidade, mesmo depois do estabelecimento da Declaração Universal dos
Direitos Humanos em 1948, da Declaração Universal dos Direitos das Crianças em 1959,
da Constituição Federal do Brasil em 1988 e do Estatuto das Crianças e Adolescentes em
1990. Além das leituras, o grupo se debruçou em um processo de estudo e
compartilhamento que chamou de Escambarias Feministas, com imersões, reflexões e
exercícios práticos conduzidos por profissionais artistas, ao longo de 2022.

SOBRE A COLETIVA:
Formada desde 2011 em Santo André, investiga a memória coletiva, a artesania
teatral com enfoque às perspectivas feministas. Mantém-se desenvolvendo pesquisas e
criações teatrais, que dialogam sobre a participação das mulheres na sociedade a partir de
uma perspectiva que busca honrar todas as vozes.
Ao longo dos anos, realizou espetáculos, contações de histórias, rodas de conversa,
oficinas e ações culturais, levando a um público diverso e intergeracional, um olhar e escuta
para narrativas, pessoais e coletivas, que valorizam a memória e a história das que lutaram
e ainda lutam para possibilitar o exercício da cidadania e dos direitos humanos.
Em 2016 estreou o primeiro espetáculo infantil, Sementeira, criado em colaboração
com a Teatral Rizoma, que situava a criança como sujeito social e histórico, que se
desenvolve em seus contextos através da capacidade de imaginar e recriar a realidade no
brincar.

CALENDÁRIO TEMPORADA:
1 – Sexta | 27 de Janeiro de 2023 (ESTREIA)
SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO ABC – Rua Xavier de Toledo, 268 – Centro, Santo André.
18h – Teatro Lambe-Lambe do Projeto Caixa Casa Mundo. Duração: 1h30
20h – Espetáculo “Caixa Casa Mundo – Histórias Reveladas ou sobre como vencer monstros”.
Duração: 1h10
2 – Sábado | 28 de Janeiro de 2023
TEATRO CLARA NUNES – R. Graciosa, 300 – Centro, Diadema
10h30 – Teatro Lambe-lambe do Projeto Caixa Casa Mundo. Duração: 1h30
16h – Espetáculo “Caixa Casa Mundo – Histórias Reveladas ou sobre como vencer monstros”.
Duração: 1h10
3 – Quinta | 09 de Fevereiro de 2023
CESA VILA SÁ – R. Planaltina s/n – Utinga, Santo André
18h- Teatro Lambe-lambe do Projeto Caixa Casa Mundo. Duração: 1h30
4 – Sexta | 10 de Fevereiro de 2023
E.E. CASEMIRO DA ROCHA – Rua Camilo Ledo Vazquez, 20 – Centro Ouro Fino, Ribeirão Pires.
19h30 – Espetáculo “Caixa Casa Mundo – Histórias Reveladas ou sobre como vencer monstros”
Duração: 1h10
5 – Sábado | 11 de Fevereiro de 2023
CESA VILA LINDA – R. Rolândia – Jardim Alvorada, Santo André
10h30 – Teatro Lambe-lambe do Projeto Caixa Casa Mundo. Duração: 1h30
14h – Espetáculo “Caixa Casa Mundo – Histórias Reveladas ou sobre como vencer monstros”.
Duração: 1h10
6 – Domingo | 12 de Fevereiro de 2023
Rio Grande da Serra (Local a confirmar)
14h – Teatro Lambe-lambe do Projeto Caixa Casa Mundo. Duração: 1h30
16h – Espetáculo “Caixa Casa Mundo – Histórias Reveladas ou sobre como vencer monstros”.
Duração: 1h10
7 – Quarta | 15 de Fevereiro de 2023
INSTITUTO MAUÁ DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DONA CREUSA- Av. Hermínio Pegoraro,
807 – Jardim Itapark, Mauá
19h30 – Teatro Lambe-lambe do Projeto Caixa Casa Mundo. Duração: 1h30
8 – Quinta | 17 de Fevereiro de 2023
FÁBRICA DE CULTURA 4.0 – R. dos Vianas, 131 – Baeta Neves, São Bernardo do Campo
10h – Teatro Lambe-lambe do Projeto Caixa Casa Mundo. Duração: 1h30
9 – Sexta | 24 de Fevereiro de 2023
ESCOLA PÚBLICA – SÃO CAETANO DO SUL (apresentação fechada para as turmas da escola)
10h – Espetáculo “Caixa Casa Mundo – Histórias Reveladas ou sobre como vencer monstros”.
Duração: 1h10
10 – Sábado | 25 de Fevereiro de 2023
INSTITUTO MAUÁ DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DONA CREUSA- Av. Hermínio Pegoraro,
807 – Jardim Itapark, Mauá
15h – Espetáculo “Caixa Casa Mundo – Histórias Reveladas ou sobre como vencer monstros”.
Duração: 1h10
11 – Domingo | 26 de Fevereiro de 2023
LEBEM – ESPAÇO COMUNITÁRIO – Av. Benjamim Baptista Cerezoli, 580 – Pilar Velho, Ribeirão
Pires
14h- Teatro Lambe-lambe do Projeto Caixa Casa Mundo. Duração: 1h30
16 h – Espetáculo “Caixa Casa Mundo – Histórias Reveladas ou sobre como vencer monstros”.
Duração: 1h10
12 – Sexta | 03 de Março de 2023
CEU SAPOPEMBA- Rua Manoel Quirino de Mattos S/N°, Jardim Sapopemba, São Paulo
10h – Espetáculo