Coletivo de Galochas apresenta Coluna Prestes no Centro Cultural Olido e Teatro do Contêiner

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Por VilaMundo
13/07/2023 14:00

 

Em julho, o grupo de teatro Coletivo de Galochas apresenta o espetáculo musicado Coluna Prestes: Encruzilhadas da Marcha da Esperança no Centro Cultural Olido, até 16/07, sexta e sábado, às 19h, e domingo, às 17h, e no Teatro do Contêiner Mungunzá, de 21 a 30/07, de sexta a domingo, às 19h, com ingressos gratuitos.

 

Todas as sessões de sextas-feiras contam com intérpretes de Libras e as de domingo com recursos de audiodescrição. Em agosto, a montagem histórico-poética segue para os teatros Flávio Império e Cacilda Becker.

 

Dirigida por Rafael Presto, que também assina a dramaturgia junto de Antonio Herci, a montagem busca reconstruir cenicamente uma das passagens mais icônicas e importantes da história do Brasil do século XX, a marcha da Coluna Prestes, que tinha por objetivo libertar o povo da exploração e da ignorância, evento que marca o fim da Primeira República.

 

O enredo se passa no década de 1920, quando a Coluna Prestes rasga o país. Durante a marcha, um grupo de oito pessoas, dos mais diferentes lugares, formam uma inusitada família, entrelaçando e mudando suas vidas. É com essa gente simples que Luiz Carlos Prestes aprende, forjando seu espírito revolucionário.

 

Coluna Prestes: Encruzilhadas da Marcha da Esperança faz uma imersão na cultura brasileira pelo ponto de vista das pessoas simples, da base do movimento, que fizeram a Coluna caminhar. As personagens da peça foram extraídas dos registros oficiais, com a devida licença teatral. “Não se trata da história de grandes autoridades, mas de figuras singulares com as quais Prestes se relaciona. São mulheres, pessoas pretas e oficiais de baixa graduação que protagonizam a jornada”, comenta o diretor Rafael Presto.

 

Na montagem, o primeiro plano não pertence ao Comandante Prestes (Kleber Palmeira), líder da revolução, mas sim aos diversos núcleos que combatem ao seu lado durante a Marcha. Isabel Pisca-Pisca (Benedita Maria de Jesus Bueno Dias) e Onça (Silvia Lys) são artistas de Cabaré que seguem com os revolucionários. Onça desenvolve uma relação com Cabo Firmino (Eder dos Anjos), um aguerrido revolucionário saído dos cortiços paulistanos. Santa Rosa (Wendy Villalobos) carrega o fuzil que herdou do marido morto e um filho na barriga, que nasce durante a marcha. O Soldado Ângelo (Daniel Lopes), rapaz sensível e analfabeto, aprende a ler e escrever com Sargento Garcia (Diego Henrique), numa relação que pode ocultar um amor não permitido. Todas essas relações são amarradas por Tia Maria (Mona Rikumbi), com suas ervas, conselhos, rituais e giras, que também representa a Majestade Encruzilhada, abrindo os caminhos e marcando essa saga.

 

A encenação do Coletivo de Galochas tem como pilares duas linguagens: os núcleos dentro da Coluna Prestes e o coro cênico. Os núcleos trazem as histórias das personagens, a humanização dentro da precariedade do ambiente da revolução e também vislumbram 100 anos à frente, questionando e fazendo o elo com o presente. A trilha das personagens negras, apoiada em uma perspectiva afro-centrada de religiosidade e filosofia, é central na narrativa. Já o coro representa a própria revolução. Coreografado e musicado, ele interage com as cenas e faz atravessamentos poéticos enfatizando os grandes acontecimentos, mas também participando como personagem coletivo da trama. Os atores e atrizes que formam o coro são oriundos das oficinas profissionalizantes, realizadas pelo Galochas, durante o processo criativo.

 

A música está presente o tempo todo no espetáculo; uma ferramenta cênica recorrente nas montagens do Coletivo de Galochas. A trilha sonora é original e executada ao vivo, sob direção de Antonio Herci, com arranjos contemporâneos e cinco músicos em cena (piano, contrabaixo acústico, sanfona, violão de 7 cordas e percussão). Nove canções integram a dramaturgia em formatos de solos e coros, compostas durante o processo, a partir de poemas criados pelos próprios atores. Apenas uma, o samba “Ai, Seu Mé” (Freire Júnior e Careca), foi garimpada do referido período histórico.

 

Kleber Montanheiro assina o figurino não naturalista de Coluna Prestes: Encruzilhadas da Marcha da Esperança. As referências da década de 1920 estão presentes, de forma estilizada, em elementos como couro e peças de indumentária militar. O cenário, também de Montanheiro, busca inserir as personagens e os espectadores nas paisagens desse Brasil profundo que a Coluna Prestes atravessa. A poética do movimento está em elementos que se movem em um palco misterioso, diante das incertezas dos passos a seguir.

 

Coluna Prestes: Encruzilhadas da Marcha da Esperança é resultado do projeto de mesmo nome contemplado na 39ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura. No processo de criação, o Coletivo de Galochas realizou oficinas profissionalizantes, ciclos temáticos de palestras sobre a prática e a fundamentação teórica do teatro historicista e intervenções artísticas em locais que foram bombardeados ou que têm relação com a Revolução Paulista de 1924.

 

Nascida durante Tenentismo, a Coluna Prestes iniciou, em abril de 1925, a marcha pelo interior do Brasil que atravessou mais de 25 mil quilômetros, passando por 17 estados e atingindo cerca de 3 mil membros. Tendo como bandeira derrubar o mandato de Arthur Bernardes, exigia voto secreto universal, educação para todos, moralização da política, fim da miséria e direto à terra.

 

 

 

Serviço

Espetáculo: Coluna Prestes: Encruzilhadas da Marcha da Esperança

Ingressos: Gratuitos – Retirar na bilheteria 1h antes das sessões.

Duração: 90 minutos. Gênero: Drama musicado. Classificação: 14 anos.

Intérpretes de Libras: sessões de sextas-feiras

Audiodescrição: sessões de domingos

 

Dias  14, 15 e 16 de julho

Sexta e sábado, às 19h, e domingo, às 17h.

Local: Centro Cultural Olido

Av. São João, 473 – Centro Histórico de São Paulo.

Tel.: (11) 2899-7370. 139 lugares.

 

Dias 21, 22, 23, 28, 29 e 30 de julho

Sexta, sábado e domingo, às 19h.

Local: Teatro de Contêiner Mungunzá

Rua dos Gusmões, 43 – Santa Ifigênia. SP/SP.

Tel.: (11) 97632-7852. 99 lugares.

 

Dias 11, 12, 13 de agosto

Sexta e sábado, às 21h. Domingo, às 19h.

Local: Teatro Flávio Império

Rua Prof. Alves Pedroso, 600 – Cangaíba. SP/SP.

Tel.: (11) 2621-2719. 206 lugares.

 

Dias 18, 19, 20, 25, 26 e 27 de agosto

Sexta e sábado, às 21h. Domingo, às 19h.

Local: Teatro Cacilda Becker

Rua Tito, 295 – Lapa. SP/SP.

Tel.: 3864-4513. 350 lugares.

 

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