‘ENTRE BORDAS’: exposição, oficinas e performances GRÁTIS no ABC
O Sesc Santo André, no ABC Paulista, abre espaço para novas investigações da produção artística na região com “ENTRE BORDAS – Uma imagem precisa de dois”, exposição – com entrada gratuita e classificação livre – que fica aberta a visitação até 27 de janeiro de 2019.
Com curadoria de Cristina Suzuki, a mostra apresenta um recorte de artistas cujas produções se desenvolvem a partir de materiais e relações do indivíduo com o ambiente urbano do cotidiano, e que nasceram ou adoraram o Grande ABC para viver e trabalhar. Todo o questionamento sobre a produção de arte contemporânea na região, a existência (ou não) de uma cena autônoma e como ela se relaciona com a cidade de São Paulo levou à criação do projeto “ENTRE BORDAS” – cujo nome se inspira no primeiro nome da cidade de Santo André.
A ideia é que o projeto seja duradouro, acontecendo nos próximos anos com outros desdobramentos. Para esta edição, Cristina Suzuki propõe recortes nas produções dos artistas Angela Camata, Bruno Novaes, Gustavo Jerônimo e Mariana Vilela. A proposta curatorial trabalha com a finalidade de provocar o público para leituras a partir de seu próprio repertório, desconstruindo a ideia de que arte está distante da realidade e convocando o espectador a elaborar reflexões em conjunto com o artista por meio de diversas frentes: interação com as obras, obras acessíveis e oficinas.
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“As pesquisas destes artistas se assemelham pela aparente fragilidade dos materiais utilizados em seus trabalhos, pela familiaridade que sentimos ao ficarmos diante das obras, ao fato de que suas produções tomam elementos do mundo como base, evocando o estar junto, fazendo com que o encontro entre observador e obra de arte seja o momento de ressignificação para cogitar novas realidades. Isto acontece quando nos disponibilizamos a ‘ler o que não está escrito’, ou seja, vivenciar a obra e desfazer o estigma da frase ‘não entendo de arte’, abrindo espaço para construir conhecimento com todas as nossas referências”, afirma Suzuki.
Angela Camata
A exposição ENTRE BORDAS – Uma imagem precisa de dois estará instalada no espaço da Galeria, com obras que se estendem para entorno da unidade, como a vídeo-performance Para que eu não me perca, de Angela Camata.
Obras para acessibilidade também fazem parte da produção de Angela Camata, como Simples de. O trabalho convida o espectador para a ação de carimbar em guardanapos de papel uma das palavras: SER, TER, JULGAR e ESCOLHER para em seguida, depositar em uma das gavetas onde há uma placa indicativa com a mesma palavra. Para acesso a deficientes visuais, a própria obra terá uma adaptação: carimbos na mesa e placas indicativas nas gavetas estarão com textos em braile. Acessibilidade também marca a série Intenção da Carne, pequenas peças de cerâmica moldadas pelo gesto da mão de Angela pintadas de vermelho. Para os espectadores com limitações visuais, serão separadas algumas peças dispostas em suportes especiais onde poderão ser manipuladas, possibilitando a identificação da forma e textura das obras.
Bruno Novaes
Interação é uma forte ferramenta na produção artística de Bruno Novaes. Para a ENTRE BORDAS – Uma imagem precisa de dois, o artista expõe Ensino Confessional, obra construída pela participação ativa do público a partir do registro de confissões e segredos em um caderno. Com uma caneta esferográfica e algumas instruções de uso, confissões pessoais e anônimas são registradas e repetidas com o exercício de caligrafia, que a cada linha e página do caderno revela segredos de pessoas que passaram pela exposição.
As obras de Bruno também vão além do espaço da Galeria e chegam ao Espaço de Tecnologias e Artes, com a instalação Apostila de Ciências: Ensino Fundamental. Nela, o artista utiliza uma parede branca para desenhar esquemas que apresentam o crescimento e transformações do corpo humano da infância à vida adulta. Para isso o artista utiliza o estereótipo de corpo presente nos materiais didáticos das escolas, e traça além de homem e mulher cisgêneros, também dois modelos trans, invertendo as partes de cima e de baixo dos primeiros modelos.
Bruno Novaes também expõem trabalhos da série Cartilha, desenhos em aquarela de objetos escolares perfurantes e corretivos como tesouras e apontador, que são acompanhados por palavras usadas como deboche a meninos no ambiente escolar, escritas a lápis e separadas silabicamente. Ainda nesta temática, Bruno compõe gestos, traços e comportamentos delicados no trabalho 7 palavras para uma chamada oral, uma coleção de fichas ilustradas com imagens e palavras que incentivam pronuncias específicas.
Gustavo Jerônimo
A quebra de padrões permeia a produção artística de Gustavo Jerônimo. A série Desenho Premiado, trabalho que estará na ENTRE BORDAS – uma imagem precisa de dois, traduz sua afinidade pela reconstrução de regras pré-estabelecidas. Nesta instalação interativa, o artista efetua diversas apostas com bilhetes da Mega-Sena e as exibe em molduras no espaço expositivo, tendo ao lado um suporte com as súmulas disponíveis para uso. Por meio de referências, o público é sugestionado a fazer o preenchimento usando a numeração dos bilhetes apostados, que revelam formas geométricas e figurativas diferentes entre si.
Gustavo também traz para a exposição, emoldurado em quadro, o comprovante de Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica de sua instituição: a Igreja da arte contemporânea de deus, fundada propositalmente no dia 29 de fevereiro de 2016, ano bissexto. O artista realiza uma ação, distribuindo carteirinhas personalizadas de membro da igreja para o público interessado.
Mariana Vilela
Quais as relações do corpo com espaços, objetos, vestimenta e outros corpos? É partindo desta reflexão que Mariana Vilela traz para ENTRE BORDAS a foto-performance A Onda, da série Mapa dos Sonhos. Nesta série, a artista investiga as relações entre corpo, arquitetura e geografia, sobretudo os afetos por eles estabelecidos. Seu olhar volta-se para lugares abandonados, inóspitos e em ruínas, muitos deles em processos de desertificação.
Mariana busca compor seu corpo em linhas para estabelecer um diálogo com o espaço a partir da ação de dormir, que por sua natureza busca o conforto e o acolhimento. Com este trabalho, que borra limites entre fotografia e performance, Mariana Vilela busca descobrir novas formas de entender e atuar nestes desertos urbanos e a possibilidade de trazer aos olhos do público a beleza das ruínas que permeiam o cotidiano.
A artista também se debruça nos espaços públicos com a intervenção COMfio, onde passa a linha de costura entre postes, árvores e cercas. Tecendo em forma de urdume – técnica milenar de tecelagem que reserva analogias com a vida – Mariana organiza fios na quantidade suficiente para aguentar seu corpo, enquanto é sustentada pela urdidura.
Oficinas e Performances
- 20/10, sábado, às 11h- Mesa Circulante, com Mariana Vilela
Recomendação etária: a partir de 12 anos
Instalada em área de circulação de pessoas, a artista começa a tecer a urdidura para fazer uma renda sol. Uma placa ao lado convida as pessoas para uma conversa sobre política, futebol e religião, enquanto Mariana tece e ensina técnicas de urdidura conforme a conversa se desenrola.
- 26/10, sexta, às 19h- Distribuição de Bilhetes Apostados da Mega-Sena, com Gustavo Jerônimo
Recomendação etária: a partir de 7 anos
Nesta ação o artista distribuirá ao público interessado e que estiver passando pelo espaço expositivo, bilhetes apostados da Mega-Sena.
A exposição fica aberta para visitação até 27 de janeiro de 2019, de terça a sexta, das 10h30 às 21h30, sábado, domingo e feriado, das 10h30 às 18h30, no Sesc Santo André, que fica na Rua Tamarutaca, 302 – Vila Guiomar. Estacionamento no local (vagas limitadas): Credencial Plena R$ 5 (R$ 1,50 por hora adicional), outros R$ 10 (R$ 2,50 por hora adicional). Mais informações pelo telefone (11) 4469-1311.
Atendimentos a grupos com visita mediada (estudantes, professores, empresas e instituições) pelo e-mail: [email protected].
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