Estreia Sala de Reboco, um documentário que trata sobre a representatividade de mulheres no forró e a luta contra o machismo
O Vila Mundo é uma iniciativa do Instituto Acqua em parceria com a Catraca Livre
Estreia ainda esse ano Sala de Reboco (2024), um documentário que trata sobre a representatividade de mulheres no forró. Haverá três únicas exibições gratuitas no Ponto de Cultura Sarau na Quebrada, Escola Livre de Cinema e Casa Âmbar de Cultura, em Santo André, cada encontro terá uma roda de conversa com Cynara Thomaz, diretora do curta-metragem.
É através do relato das musicistas Neide Nazaré, Fran Nóbrega, a cantora e sanfoneira Juliana Lima, a cantora e compositora Nanda Guedes, a produtora Cultural Andressa Ferri e o empresário Paulinho Rosa que é possível ter a dimensão do eco de mulheres do passado no legado refletido na expressão das mulheres de hoje.
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Cynara Thomaz é cineasta e produtora cultural, uma mulher nordestina nascida em Fortaleza–CE, inserida na cultura do forró desde cedo sabia da relevância dele para a cultura brasileira, no entanto, ao mergulhar em pesquisas para a produção do documentário teve maior proporção das camadas de machismo existentes nele.
O forró é um gênero que se popularizou nos anos 50, em Pernambuco se espalhando para outros estados através da migração nordestina, retratando sua realidade social e símbolos da sua identidade: a seca, a própria migração e a fome. Expressões como “cabra macho”, “cabra-da-peste” representavam valores do homem do seu tempo e as composições inferiorizavam habitualmente as mulheres.
O aspecto machista não se revelava apenas nas letras, mesmo com carreiras consolidadas no forró, muitas mulheres só podiam cantar acompanhadas de seus cônjuges. Apesar disso, essas artistas desafiaram a sociedade, sendo essenciais para as novas forrozeiras, porém, o machismo não foi superado, com outras particularidades, elas continuam lutando por espaço e reconhecimento.
Foi a partir desse contexto que a diretora teve a ideia de fazer uma obra que pudesse mostrar os bastidores dessa luta. “O documentário Sala de Reboco é um lugar de fala onde elas expõem seus anseios, e traz também um pouco da luta e ações dessas mulheres, pois é muito importante que se fomente a discussão, possibilitando reflexões para a desconstrução dos discursos e práticas machistas no meio”, afirma Cynara.
A quebra de paradigmas para tocar instrumentos associados frequentemente a homens, o papel da figura do empresário e sua influência na abertura de espaços para forrozeiras, a autoafirmação a que as mulheres são submetidas diante da descredibilidade masculina traçam o rumo desse curta-metragem e evidencia a realidade dessas mulheres neste cenário machista da comunidade paulistana.
Para Cynara, desde a primeira mulher a comandar um trio de Forró Pé de Serra, até os dias atuais, as artistas, musicistas, cantoras e compositoras, lutam pela conquista de espaço no Forró, “o palco, a música e o forró são desejos dessas mulheres, o que as tem impulsionado a unir forças em projetos coletivos na busca por igualdade de gênero na sua arte,” finaliza ela.
Serviço:
Entrada gratuita
Datas de exibição
29/11, às 19h30- Sarau na Quebrada – Rua Galiléia, 66, Vila Suíça, Santo André
05/12, às 20h – Escola Livre de Cinema – A Casa – Avenida Industrial, 1740, Campestre, Santo André
13/12, às 20h – Casa Âmbar – Casa Âmbar de Cultura – Rua Porto Rico, 5- Parque das Nações, Santo André–SP