Galeria A7MA inaugura exposição ‘quando falar não basta’ do artista visual Kuêio nesta quinta
O Vila Mundo é uma iniciativa do Instituto Acqua em parceria com a Catraca Livre
Se você mora em São Paulo com certeza já se encontrou com os enormes coelhos azuis, quase surreais, personagens do grafiteiro Kuêio. A partir de 17 de agosto eles também invadem as paredes da A7MA Galeria e convidam seus espectadores a experenciar a realidade das ruas e do próprio artista na exposição Quando falar não basta.
Com uma trajetória de mais de duas décadas de graffiti, o artista visual paulista Kuêio desenvolveu, através do estilo Cartoon, cenas cômicas de personalidades do universo urbano que se encontram durante a concepção do graffiti e da pixação, representadas pela própria ação de “pixar” ou através de registros de instantes urbanos, captados sob o olhar do artista.
Em suas obras, Kuêio representa personagens da cena do cotidiano urbano de São Paulo, mais precisamente a galera do Graffiti, da pixação, o pessoal de periferia. “O meu coelho [seu primeiro personagem e de onde veio seu nome artístico] é um grafiteiro pichador e é o personagem principal. Na maioria dos trabalhos que faço, ele vai aparecer. Outros personagens coadjuvantes são o cabra da peste, o cara de periferia, descendente nordestino ou o próprio nordestino imigrante, e a pomba, que representa os bêbados que sempre passam e vêm interagir enquanto estamos num rolê de graffiti, além de outros personagens que também podem fazer parte desse cotidiano do fazer Graffiti”, explica. Kuêio acrescenta ainda ao conceito de suas obras elementos e narrativas da comunidade LGBT+, a qual faz parte como transgênero e homossexual.
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A partir da quarentena, impossibilitado de ir para as ruas, fez o jogo virar a seu favor e aderiu à arte tecnológica. “Porque a tecnologia avança, mas a pintura em tela continua a mesma de séculos atrás. E eu aproveito a tecnologia. Faço a pintura digital e imprimo na tela. A mão nunca toca a tela, quem toca é a ferramenta. Antes a ferramenta pincel tocava a tela. Agora tem a ferramenta impressora”. E continua experimentado a arte digital.
Na A7MA, Kuêio apresenta 18 obras, em telas de dimensões que variam entre 70 x 70cm e 200 X 200 cm, usando tanto apenas o spray como uma combinação de tinta acrílica com spray ou impressão mineral sobre papel hahnemmule e photo matte, além de um desenho de gratife sobre papel e duas esculturas feitas com cimento, madeira e materiais reciclados.
Sobre o artista
Kuêio é artista visual, ilustrador e grafiteiro da cidade de São Paulo. Graduado em Artes Plásticas e Artes Visuais pela Universidade Federal de Uberlândia – MG, Kuêio participa do cenário da arte urbana desde 1999. O artista representa, com seu estilo Cartoon, cenas cômicas, personalidades do universo urbano que se encontram, de alguma maneira, durante a concepção do graffiti e da pixação. Seja representando a própria ação de “pixar” e seus bastidores ou registrando “instantes urbanos” captados sob o olhar do artista.
O artista também acrescenta ao conceito de suas obras elementos e narrativas da comunidade LGBT+, do qual faz parte como transgênero e homossexual. O personagem Kuêio (coelho) é a identidade do próprio artista, que é homem transgênero, de origem periférica, e se auto representa como criança de 10 a 12 anos, mostrando a energia e alegria dessa fase etária, em que seus corpos ainda não produzem hormônios sexuais e/ou andrógenos que influenciam nos dismorfismos corporais. Crianças têm corpos iguais, desenvolvimento igual, e quem denota gênero social à elas são as outras pessoas, tanto de sua família quanto da sociedade em geral.
Da mesma forma, assim são os kuêios: seres sem gênero, sem influência hormonal que se vestem de acordo com o tema proposto e quem (quiser) definir seus gêneros são os próprios espectadores. O personagem identitário do artista, assim como ele, é grafiteiro e entusiasta da pixação paulistana. Então quase sempre aparecerá apresentando narrativas e cenas do universo do graffiti e da arte urbana periférica.
Sobre A7MA
A arte de rua está definida sob intenções que geralmente resultam em trabalhos coletivos, cheios de presença humana e fortes toques de questionamento. O espaço de arte e cultura, A7MA em São Paulo é a morada para muitas dessas produções.
Por lá, só se somam artistas, telas, pincéis e amigos – por meio do desejo genuíno de amplificar a arte contemporânea com influências da rua, até o limite do possível. Fundada em 2012, é organizada por Marcos Ramos ‘Enivo’, Tché Ruggi, Cristiano Kana, Alexandre Enokawa e Raymond Supino.
Do indivíduo ao coletivo, muito além de um nome – athima (alma em hindu), a A7MA é a representação da união de duas casas artísticas: o Coletivo 132 e a Fullhouse.
Quando falar não basta
Exposição de Kuêio
Realização: A7MA Galeria
Produção executiva: Fernanda Hernandez
Local: A7MA Galeria
End.: Rua Medeiros de Albuquerque, 250 – Vila Madalena, SP
Data: Até 24 de Setembro
Horário: De segunda a sábado, das 11h às 19h, Domingo, das 12h às 17h
Informações: (11) 95301-1796
Entrada franca
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