Mãe de Emicida lança podcast e faz bonecas para o Dia das Mães

O VilaMundo é uma iniciativa do Instituto Acqua, em parceria com a Catraca Livre

04/05/2020 09:22

“Na minha infância, brincar era quase um pecado, tudo era voltado ao trabalho. A gente praticamente tinha que fugir para brincar”, lembra Dona Jacira. Aos 55 anos, a mãe de Emicida e Fióti compreendeu a importância de se reconectar com a sua criança. Passou a confeccionar então bonecas de pano em parceria com pessoas que moram no Cachoeira, bairro na Serra da Cantareira, na Zona Norte de São Paulo.

Produção de bonecas para o Dia das Mães está a todo vapor
Produção de bonecas para o Dia das Mães está a todo vapor - divulgação/ Laboratório Fantasma

Agora, como parte da campanha de Dia das Mães da Laboratório Fantasma, ela estende o convite de brincadeira e reconexão a outras mulheres que tiveram a sua infância roubada. A boneca já está disponível no e-commerce. Além disso, a matriarca da LAB lança o seu próprio podcast, chamado Estórias de Família.

Feitas artesanalmente com retalhos descartados por confecções de vestuário, todas as bonecas passam pelas mãos de  Dona Jacira. “Assim como nós, todas são únicas. Elas variam no tamanho, na estatura, no perfil e no gênero, pois não retratam somente mulheres cisgênero. Nenhuma se repete. Gosto de pensar que essas diferenças são como as personalidades de cada uma delas”, diz. “Quando eu brinco de boneca, é como se eu estivesse pegando a minha criança pelas mãos para cuidar dela”, completa.

Autora do livro “Café”, Dona Jacira aproveita o momento também para estrear o podcast Estórias de Família em todos os serviços de streaming. Ao longo de oito episódios, ela explora muitas das suas memórias. Quando pensou no formato do seu podcast, a artista dividiu a sua história de sete em sete anos. Tal decisão veio inspirada pela teoria dos setênios, que faz parte da linha do pensamento antroposófico e entende a vida, as evoluções e as mudanças do corpo humano, além de emoções e atitudes, em ciclos de sete anos. “Foi então que percebi que a  teoria não poderia se aplicada à uma vivência em que a segregação existe. Imagine que aos 14 anos eu já estava casada e com dois filhos…”, explica.