Mulheres no Samba é o tema do 2º encontro do Projeto Poesia Sambada na Quebrada
O VilaMundo é uma iniciativa do Instituto Acqua, em parceria com a Catraca Livre
A 2º live do projeto Poesia Sambada na Quebrada, que acontecerá na próxima quinta-feira (08/07) às 20h, com o tema Mulheres no Samba. O projeto é realizado pelo Sarau na Quebrada, coletivo que atua em Santo André e que há mais de dez anos discutindo políticas públicas culturais na periferia. O encontro online será mediado por Gláucia Adriani e reunirá artistas da região do ABC Paulista. O evento será transmitido pela página do Facebook do coletivo.
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Com uma presença predominante masculina a existência do samba se deve muito às mulheres do passado, cujos lares foram verdadeiros redutos para as festas onde muitos sambistas consagrados se iniciaram. Antes mesmo da abolição da escravatura, no final do século XIX, vários negros que conseguiam alforria ou adquiriam liberdade, migravam para o Rio de Janeiro a fim de tentarem a sorte impulsionados pela expansão das lavouras de café no Vale do Paraíba. Após a extinção do regime, a chegada dos ex-escravizados cresceu e foram também ocupando o centro da cidade, até que uma reforma urbana, com a obstinação de deixar a região central semelhante às metrópoles europeias, os impeliram para a Zona Norte, ou Cidade Nova, mais conhecida como a Pequena África.
Trazendo seus costumes, a mistura de várias etnias, ritmos africanos tocados e dançados em rodas em seus festejos na Bahia, essas mulheres desempenharam um papel importante na difusão e preservação da cultura afro-brasileira, através do comércio dos seus quitutes no tabuleiro, comidas típicas, as baianas também asseguravam a sobrevivência da sua comunidade. Exímias negociadoras, intermediavam com policiais acordos para que o samba seguisse sem ser interrompido, pois era perseguido ao ser confundido com ritual religioso que igualmente acontecia nesses casarões. Há pesquisas que indicam que Tia Ciata, uma baiana, mãe de santo, agitadora cultural, partideira, comerciante, uma figura essencial ao se fazer menção ao tema, além de ter sua casa como referência, foi uma das compositoras de Pelo Telefone (1916), considerado o 1º samba gravado, e não somente Donga (Ernesto Joaquim do Santos) e Mauro de Almeida como outras fontes apontam.
Com a participação de Meire Terezinha, pedagoga, pós graduada em gestão pública, histórico e cultura afro brasileira; May Afonso, porta bandeira; modelo fotográfica, dançaria e Cláudia Lima, arte educadora e cantora, essas mulheres da nova geração dão continuidade ao legado deixado por Tias Ciatas, Tias Terezas, Tias Bebianas, Tias Perciliandas, baianas, mães de santo, espalhadas em favelas, terreiros, barracões, que foram bem mais do o recorte histórico se limitou a registrar.
Para deixar essa roda de samba online ainda mais convidativa, o encontro contará com as figuras dos artistas o poeta Hélio Neri, MC Márcia Rimação, Bateria Ritmonstro, rapper Nego Dabes e a fotógrafa e performance Jacque Jordão.
O projeto foi contemplado no edital PROAC Nº 33/2020.
Próximas Lives
3º live 29/07 – Samba, Funk e Rap, a produção do comum
4º live 12/08 – Políticas Públicas e gestão cultural no samba
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