Professor Antonio Carlos de Mello relembra trajetória na Sinfônica de Santo André
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Neste mês, dois músicos deixam a Orquestra Sinfônica de Santo André (Ossa). O professor e chefe de naipe de violas Antonio Carlos de Mello Pereira se aposenta após mais de 30 anos de serviços prestados à cultura da cidade. Já o violinista Eder Esli Grangeiro, após 12 anos na Sinfônica andreense, parte para outros desafios: ele foi aprovado em um concurso público e seguirá a carreira na nova orquestra da cidade de São José dos Campos.
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O professor Antonio Carlos de Mello Pereira chegou à Sinfônica de Santo André em 1991 após aprovação em concurso público. Nestes mais de 30 anos, Antonio Carlos teve a oportunidade de trabalhar com os quatro maestros que já regeram a orquestra.
Antonio Carlos destaca que a participação na Ossa foi fundamental para se tornar o músico que é na atualidade. “Aprendi muito, e esse desafio ajudou a solidificar meus conhecimentos e colocá-los em prática. Consegui progredir com esse desafio tanto tecnicamente, artisticamente e como ser humano”, comenta.
Destes mais de 30 anos como músico, o professor guarda muitas boas lembranças. Foram diversas participações em concertos, no Festival de Campos do Jordão e gravações realizadas. Além disso, Antonio Carlos olha para trás e vê que ajudou muitos profissionais.
“Além de ter a sensação de dever cumprido, me marcou muito o fato de poder ter participado de inúmeras produções em todos os gêneros da música junto à Sinfônica de Santo André: concertos sinfônicos, balés, óperas e música de câmara. Pelo trabalho na Ossa por mais de 30 anos conheci muitas pessoas que se tornaram ótimos músicos, e alguns que admiro muito”, finaliza.
Maestros – Com a experiência de mais de 30 anos como professor e músico da Ossa, o depoimento do professor Antonio Carlos permite recontar a história de todos os maestros que passaram pela orquestra desde o seu surgimento, em 1988. São eles Flavio Florence, Wagner Polistchuk, Carlos Moreno e o atual Abel Rocha, à frente da orquestra desde 2016.
O professor Antonio Carlos lembra que o maestro Flavio era muito rigoroso no trabalho, mas reconhecia um bom resultado do músico também. Na sua opinião, o trabalho persistente de Florence possibilitou a construção da Orquestra Sinfônica de Santo André, através de parcerias que ele conseguiu fazer com instituições culturais presentes na cidade, como por exemplo, a Aliança Francesa, a Cultura Inglesa, e a Associação Cultural Grande ABC, entre outras.
Segundo o professor, o maestro Flavio Florence conseguiu ainda estabelecer intercâmbios com outros países e universidades. Isso foi muito importante na realização de produções de mais alcance, como a realização de concertos em outras salas, como a Sala São Paulo e o Theatro Municipal de São Paulo. “Conseguimos também realizar uma montagem de balé, óperas, uma viagem de intercâmbio à Argentina com uma camerata da Ossa. Foi muito marcante fazer as sinfonias de Gustav Mahler e os poemas sinfônicos de Richard Strauss com ele. Neste período tivemos também alguns maestros assistentes. Aprendi muito e sou muito grato a ele por ter confiado em mim e em meu trabalho”, afirma.
O regente assistente Wagner Polistchuk foi o sucessor de Flavio Florence após o seu falecimento. “Depois de anos tínhamos um gestual e abordagem diferentes no dia a dia da orquestra. Ele introduziu um repertório diferente, poderíamos dizer, mais contemporâneo, sua abordagem no trabalho era mais pragmática”, explica Antonio Carlos.
O sucessor do maestro Wagner Polistchuk foi Carlos Moreno. “Com o Carlos Moreno realizamos um ciclo das sinfonias de Anton Bruckner. Realizamos vários concertos em outros espaços, e com repertório de música brasileira contemporânea. Renovou o repertório, sem esquecer dos clássicos”, comenta.
Para o professor Antonio Carlos, com o maestro Abel Rocha o papel de maestro assistente se consolidou, com a criação das Oficinas de Regência que acontecem no início do ano (com aulas teóricas e práticas), na qual os melhores desempenhos são contemplados numa participação no concerto extra temporada, regendo uma obra ou parte de uma obra.
“A partir daí ele convida alguém para exercer essa função de assistente. Um aspecto que admiro muito no trabalho do maestro Abel é sua especialização em ópera, gênero que gosto muito e aprendi isso nos meus anos como músico do Theatro Municipal de São Paulo, a principal casa de ópera da capital paulista, talvez do Estado de São Paulo”, finaliza.
Nova orquestra – Outro músico a deixar a orquestra andreense neste mês é o violinista Eder Esli Grangeiro. Ele chegou à Ossa ainda jovem, aos 19 anos. Depois de uma experiência na Orquestra Experimental de Repertório de São Paulo, ainda como estudante, ele foi admitido na Sinfônica de Santo André em 2010.
“Eu aprendi muito musicalmente e profissionalmente. Aqui eu tive a minha primeira experiência como spalla e nestes anos todos tive a oportunidade de spallar vários programas, o que me abriu portas para outras orquestras também, como a Camerata Fukuda e a Mozarteum Brasileiro. Nesse tempo eu tive a companhia de bons músicos, tanto colegas de trabalho como solistas que se apresentaram com a Ossa”, afirma.
Spalla é o primeiro-violino de uma orquestra. Fica na primeira estante, à esquerda do maestro. Antes da entrada do regente, é o último instrumentista a entrar no palco, sendo o responsável pela afinação da orquestra.
Eder trabalhou com os maestros Carlos Moreno e Abel Rocha. “Eles têm um grande conhecimento e contribuíram bastante com minha formação. Agora, aos 31 anos, eu sinto que tenho algum conhecimento que posso passar para outras pessoas”, explica.
Depois de 12 nos na Ossa, Eder tem à frente um novo desafio. Após um teste como spalla para a nova Orquestra da cidade de São José dos Campos, também conhecida como Orquestra Joseense, ele foi aprovado. “Agora é uma outra fase da minha vida. Na Joseense, além da série de concertos, teremos o trabalho acadêmico de formar novos músicos. Com certeza, estes anos junto à Sinfônica de Santo André foram fundamentais para que eu conseguisse chegar a isso”, finaliza.
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