‘Trilogia do Teatro do Absurdo’ no ABC: a partir de R$ 6

19/10/2018 12:47

O Sesc Santo André, no ABC Paulista, apresenta ‘Que Absurdo! Trilogia do Teatro do Absurdo nos dias 19, 20 e 21 de outubro, com as companhias Grupo TAPA e Cia. Boa Vista de Teatro para encenar obras de grandes dramaturgos originários do Teatro do Absurdo, como Jean Tardieu (1903-1995), Eugène Ionesco (1909-1994) e Jean Genet (1910-1986).

Grupo TAPA (foto) e Cia. Boa Vista de Teatro encenam obras de grandes dramaturgos originários do Teatro do Absurdo neste final de semana no Sesc Santo André, no ABC
Grupo TAPA (foto) e Cia. Boa Vista de Teatro encenam obras de grandes dramaturgos originários do Teatro do Absurdo neste final de semana no Sesc Santo André, no ABC - A Cantora Careca, com Gripo TAPA/ Foto: Tiago de la Rosa

Criados ainda no século XX, os espetáculos ganham montagens atuais em um momento histórico marcado pela superficialidade fanática na política, nas paixões e discussões acaloradas sobre a sociedade politicamente correta, que varre tudo que é feio para baixo do tapete e não pode mais conter a poeira acumulada. A conversa vazia que ocupava salões burgueses, hoje povoa o ciberespaço com interações digitais anestesiadas por conteúdos supérfluos.

“O que mais poderia pautar a vida contemporânea do que o Absurdo? Décadas passaram, o século virou e o que seria a era de aquário, decantada por uma geração, inicia com as torres gêmeas. Daí em diante as fakes news, Trump e dos nossos tristes tópicos nem é bom falar, para não gerar ondas de ódio online. Se os dramaturgos do pós-guerra questionaram a falta de sentido da vida depois do holocausto e de Hiroshima, o que eles fariam diante de quem afirma que esses eventos não aconteceram. O Teatro do Absurdo, hoje, talvez seja a melhor expressão do teatro realista”  afirma o diretor Eduardo Tolentino.

Os ingressos para cada espetáculo custam R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia-entrada) e R$ 6 (trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e seus dependentes com Credencial Plena) e estão disponíveis online e nas Bilheterias da Rede Sesc SP. O Sesc Santo André fica na Rua Tamarutaca, 302 – Vila Guiomar, Santo André-SP. Estacionamento (vagas limitadas): Credencial Plena – R$ 5 (R$ 1,50 por hora adicional) outros – R$ 10 (R$ 2,50 por hora adicional).

Mais informações pelo telefone – (11) 4469-1311.

Confira a programação completa:

  • 19/10, sexta-feira, às 21hUma Peça Por Outra, com Cia. Boa vista de Teatro
    Recomendação Etária: 14 anos. No Teatro.

Uma Peça Por Outra apresenta esquetes curtas que satirizam a comunicação e as convenções teatrais. A peça apresenta um conjunto de peças curtas de Jean Tardieu, multipremiado dramaturgo francês, falecido em 1995, expoente do Teatro do Absurdo. O tema central é a discussão da linguagem, a constatação da inutilidade das palavras para o entendimento. Cada pequena história – costuradas por música ao vivo – brinca de forma criativa e divertida com as questões mais críticas da comunicação humana. Um elenco afiado, composto por oito atores, apresenta um delicado painel com absurdos da linguagem e seus códigos, criando um clima de vaudeville de grande comunicação com a plateia.

A direção de Brian Penido Ross e Guilherme Sant’Anna recebeu elogios da crítica e o retorno constante de espectadores que gostavam de rever a obra, que ficou em cartaz no Teatro da Aliança Francesa de São Paulo e Teatro Nair Bello, e chega agora ao Teatro do Sesc Santo André. O espetáculo é também um painel de diferentes estilos de representação teatral, em que inteligência, leveza e alegria se combinam.

  • 20/10, sábado, às 20h- A Cantora Careca, com Grupo TAPA
    Recomendação Etária: 14 anos. No Teatro.

O texto de A Cantora Careca é considerado umas das primeiras obras da corrente batizada como Teatro do Absurdo. Escrita em 1949 pelo francês Eugène Ionesco (1909-1994), a obra é irônica, com diálogos absurdos que levam à total impossibilidade de comunicação entre os personagens. Ionesco apresenta a existência humana ao tratar do distanciamento entre pessoas da mesma família por meio de um humor sarcástico, característico do autor.

Centrada nos atores, A Cantora Careca depende da habilidade dos que estão em cena, onde a palavra principal é o jogo. Como atribuir verdade ao que não tem sentido? Quem são essas personagens no mundo atual? É a partir do paralelismo entre passado e presente que o Grupo TAPA permeia pelos extremos do absurdo. Em uma das cenas mais conhecidas da obra, dois estranhos conversam sobre a vida, onde moram, filhos e por fim descobrem que são casados.

  • 21/10, domingo, às 19h- As Criadas, com Grupo TAPA
    Recomendação Etária: 14 anos. No Teatro.

Escrita em 1947, “As Criadas” é um clássico da dramaturgia francesa. Reconhecido como escritor de extraordinário talento e admirado por Jean Cocteau e Jean-Paul Sartre, Jean Genet escreveu a maioria dos textos na prisão, o que confere características únicas às obras. Sua inspiração para “As Criadas” foi um caso real ocorrido na França, das irmãs Papin, que mataram patroa e filha no ano de 1933.

A encenação transita pelo drama e pela tragicomédia para tratar de uma incômoda relação entre opressor e oprimido. Basta que a Madame saia de casa para que as criadas iniciem um jogo de submissão e poder em que usam roupas, joias e maquiagens da patroa, imitando sua voz e seus gestos, em requintados e perversos rituais de “faz-de-conta”.

Para o diretor da peça, Eduardo Tolentino, a montagem permeia “entre o psicodrama, improviso teatral e perversos jogos infantis, os quais as criadas sublimam, através de uma cerimônia fúnebre, o processo de opressão comandado por sua patroa/mãe, nesse tipo de relação promíscua presente em nossa cultura. Jogo situado para além da luta de classes e de Freud, cuja arena é um inferno Sartreano, que flerta com o surrealismo de Buñel e o expressionismo de Bergman, sem esquecer o travestismo tão caro a Genet”.

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Sobre o Grupo TAPA

O Grupo Tapa foi fundado em 1974 dentro da PUC-Rio, quando alunos de diversos cursos decidiram fazer teatro amador. À época, chamava-se Teatro Amador Produções Artísticas (T.A.P.A.). Quando o grupo se profissionalizou, em 1979, após um curso com o Teatro dos 4, e vários dos amadores decidiram seguir carreira profissional, o nome deixou de ser uma sigla – e se tornou apenas Tapa. Em 1986 o grupo optou por transferir-se para São Paulo, onde ocupou o Teatro da Aliança Francesa como sede permanente por 15 anos. Durante esse período foram apresentados mais de 50 espetáculos, entre eles Shakespeare, Bernard Shaw, Anton Tchekov, Oscar Wilde, Nicolau Maquiavel e Luigi Pirandello, além de autores brasileiros como Arthur de Azevedo, Nelson Rodrigues e Jorge Andreade. Com 35 anos de atividade, o Tapa já recebeu mais de 80 prêmios, entre Shell, Mambembe, Molière, APCA, Qualidade Brasil e Governador do Estado. A sede fica, hoje, em um galpão na Rua Lopes Chaves, onde são ministrados grupos de estudos para atores, promovendo pesquisa na área cênica.

Cia. Boa Vista de Teatro

A Cia Boa Vista iniciou as atividades em 2005, com o nome de Grupo DasDores de Teatro, como um núcleo da Cooperativa Paulista de Teatro, colocando em cartaz o espetáculo Dorotéia, de Nelson Rodrigues, que originalmente, foi o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da turma de 2005, na Faculdade Superior de Teatro Anhembi Morumbi. O nome do grupo foi tirado da personagem Maria das Dores. O espetáculo fez temporadas até 2007, em diversos teatros e participa do Festival de Teatro Universitário de Blumenau. Em 2009, após mais de um ano de ensaios, ainda ligado à Universidade, o grupo estreia Pedreira das Almas, de Jorge Andrade, fazendo uma temporada no Viga Espaço Cênico, de quarta a domingo, como se fazia antigamente. Em 2013, já desligado da Universidade e da Cooperativa Paulista, agora como uma microempresa, o grupo estreia As Desgraças de uma Criança, de Martins Pena e participa da ocupação Tapa no Arena, quando o Grupo TAPA ficou 1 ano no Teatro Eugênio Kusnet. Foi exibido, também, no Festival Martins Pena, promovido pela Secretaria de Cultura do Município, em 2015. Em 2017 o grupo estreou no Teatro Aliança Francesa, Uma Peça Por Outra, de Jean Tardieu e faz temporada de 1 ano e mais de 100 apresentações. Em 2018 o grupo passa a se chamar Cia Boa Vista e está em cartaz com o espetáculo Hotel Tennessee, dramaturgia própria baseada em dezenas de personagens de Tennessee Williams.