Ah, a carentena! Há quem diga que o período de isolamento social, decorrente da pandemia de covid-19, afastou ou dificultou manter crushes e contatinhos. Por outro lado, a quarentena também acendeu a chama da paixão em muita gente por aí — e podemos provar. Embora o relacionamento virtual não seja nenhuma novidade neste mundo hiperconectado, o webnamoro como opção mais segura e viável tornou-se parte do dia a dia de muitas relações construídas antes ou durante a crise do novo coronavírus.

Neste contexto em que o contato físico não é permitido, as relações estão se desenvolvendo mais fortemente pelas telas. O Tinder, por exemplo, registrou neste ano um aumento de 25% nas conversas entre os usuários brasileiros. Além disso, o papo já é 20% mais longo do que o habitual. Outras iniciativas, como o Love Is In The Cloud, têm surgido para tentar substituir os dates presenciais. É uma espécie de speed dating virtual em que participantes pré-selecionados têm uma série de encontros exclusivos e privados por videochamada, com duração de até 5 minutos.

Claro que nem todos se adaptam ou são obrigados a fazer uso desse tipo de recurso para conhecer alguém. E tudo bem. Segundo a psicóloga Nathália Oliveira, especialista em terapia cognitiva comportamental do Zenklub (plataforma de bem-estar e saúde emocional que oferece terapias online), tem sido um desafio se relacionar com todas as inseguranças que permeiam os dias de hoje.

Transformações nas relações 

Nathália ressalta que as relações já estavam passando por mudanças antes mesmo de existir quarentena entre nós. “Os relacionamentos amorosos já vinham passando por uma transição no que diz respeito à forma de conhecer novas pessoas e o isolamento social intensificou esses encontros virtuais. Há uma série de aplicativos e sites que possibilitam que essa interação aconteça. Nesse sentido, a grande transformação causada pela pandemia está mesmo no tempo entre se conhecer virtualmente e realizar um encontro presencialmente”, afirma.

Para a psicóloga, o tempo até encontrar o parceiro ou parceira pessoalmente geralmente é visto como algo ruim, por conta da ausência física, mas também pode significar uma vantagem. “Afinal, hoje em dia tudo é muito intenso, rápido e às vezes passageiro, então, é uma forma de conhecer bem uma nova pessoa antes de marcar algo presencialmente.”

De acordo com a especialista, é possível, sim, criar vínculos afetivos com alguém a distância e encontrar seu/sua mozão, pois paixão é convivência, mesmo que num webnamoro. “Quando conhecemos alguém pessoalmente o vínculo pode ser mais forte e intenso ao longo dos encontros. Mas, de forma virtual, temos a oportunidade de conhecer a outra pessoa com a segurança de estar em casa. Não precisamos nos expor a situações que não nos deixam confortáveis e podemos decidir se queremos encontrá-la no futuro”, explica.

Pode ser só carência? 

No entanto, ela pontua que o isolamento pode acarretar sentimentos mais intensos e confusos, de modo que as pessoas tendem a confundir as coisas quando conhecem alguém novo. “Por isso o autoconhecimento é tão importante. Eu me conheço o suficiente para entender o que busco nesse novo relacionamento? Compreendo como me sinto ao conversar e criar expectativas durante essas conversas? Vale a reflexão, para que essas emoções não se tornem muito intensas se existem outras razões por trás”, acrescenta.

O sexo é outra questão bastante frequente nos debates sobre a quarentena, uma vez que os encontros online limitam a possibilidade do toque. E é aí que também entra o autoconhecimento: “Muitas pessoas ainda têm tabu no que diz respeito a conhecer seu próprio corpo e como se satisfazer, mas, além de ser algo natural, é uma alternativa neste momento. Como também usar da imaginação nos encontros online, se sentir vontade”.

Quando esse período acabar, Nathália diz que será um novo momento para cada uma das relações construídas em isolamento. “Os casais precisarão levar à ‘realidade’ tudo que tiveram tempo de descobrir um do outro virtualmente e descobrir no dia-a-dia se o relacionamento atende as expectativas”, conta.

Para quem está solteiro ou solteira neste período, a especialista listou alguns pontos básicos a seguir, como aproveitar o momento para estreitar um relacionamento consigo mesmo. Ou seja: se conhecer melhor. É importante manter contato, mesmo que virtualmente, com as pessoas que ama, como amigos e família. Além disso, se possível, vale a pena incluir atividades no dia a dia que provoquem a sensação de prazer. Você é sua melhor companhia.

Em clima de Dia dos Namorados e Namoradas, a Catraca Livre conversou com seis casais que iniciaram um relacionamento em meio à quarentena e têm vivido momentos de amor e afeto, seja lado a lado ou de forma virtual.

Este 12 de junho, inclusive, parece que terá bastante aderência no mundo virtual. Uma pesquisa recente do aplicativo Happn mostra como os webnamorados assumidos planejam comemorar a data “juntos”: 53% dos entrevistados afirmaram que farão algum tipo de interação virtual a dois. Destes, 48% pretendem fazer uma chamada em vídeo, 44% dizem que preferem só as mensagens e 7% optaram por ligação de voz.

Abaixo, clique nas fotos dos casais e confira as histórias (spoiler: você vai se apaixonar!)