Antigo bonde virou biblioteca pública em Curitiba

O “Bondinho da Leitura” é atração no calçadão da Rua das Flores; quem passa por ali não tem desculpa para não ter um livro de cabeceira[/img]

A Rua das Flores (na verdade, Rua XV de Novembro) foi primeira rua fechada ao trânsito do Brasil. Projeto de autoria do arquiteto e urbanista Jaime Lerner. Obra foi executada no início da década de 1970, do dia para a noite, com medo da reação da população. Em 12 de outubro de 1973, foi instalado o Bondinho, que representa a história da frota de bondes de Curitiba.

A proposta inicial foi prestar atendimento às crianças enquanto os pais passeavam pelo calçadão – o local abriga inúmeros estabelecimentos comerciais, de lojas e restaurantes a tímidos botecos com sinuca, escondidos atrás de portinhas discretas.

Depois disso, nos idos de 1980, sediou as atividades do Serviço de Informações e Turismo de Curitiba. Em 1989, novamente ofertou atividades às crianças, fazendo história na infância dos pequenos curitibanos da década de 1990.

Nas manhãs de sábado, a brincadeira se desdobrava do Bondinho para o calçadão ali em frente, onde eram estendidos rolos de papel acompanhados de tinta. A ideia simples: fazer bagunça. Tão simples que não teve como dar errado. A pintura coletiva de crianças ainda acontece.

Josnei Ivancheski (foto abaixo) mora no interior do Paraná. Sempre que visita Curitiba, preenche o tempo livre devorando os livros do Bondinho. Senta-se num dos bancos e entrega-se à literatura lá mesmo. Quando passa por ali, lê um livro por dia.

 
 

“Se mantiver o ritmo, um dia vão faltar livros”, indago.
“Isso não vai acontecer. Os livros nunca acabam”, responde Josnei.
Na foto, ele lê “O Fim”, romance do escritor e cineasta americano Lemony Snicket.

Leitura gratuita em movimento

O Bondinho segue os moldes de um projeto parecido. No terminal de ônibus do bairro Pinheirinho, todas as manhãs uma biblioteca se desdobra – literalmente.

As estantes da “Estação da Leitura” vão sendo abertas e revelando diversas portas recheadas com livros. À noite, a estrutura se fecha numa caixa.
O cadastro também é simples: basta apresentar identidade e endereço, e a devolução é feita lá mesmo ou nas “Casas da Leitura” dos diversos bairros.

Quem utiliza o transporte público diariamente, tem mais opções de leitura. As “Tubotecas” são pequenas bibliotecas colaborativas hospedadas nas estações-tubo que alimentam as linhas dos ônibus conhecidas como “ligeirinhos”.

 
 

Basta escolher um exemplar e devolvê-lo em qualquer “Tuboteca”. Inicialmente, as estantes foram alimentadas pela Fundação Cultural de Curitiba, mas agora já recebem doações da população.

Bondinho e Estação da Leitura funcionam das 8h30 às 19h30 (2ª a 6ª feira) e das 8h30 às 14h30 (sábado).