A história de quem decidiu ser feliz

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Entre um artigo e outro, um mergulho nas águas transparentes da Tailândia[/img]

O ano de 2005 foi um divisor de águas na minha carreira como nômade digital, é assim que chamam agora a galera que trabalha à distância e não necessariamente no escritório dentro de casa, vulgo “home office”. Eu trabalhava no departamento comercial de uma empresa que vendia desenvolvimento de softwares, na cidade de Curitiba (PR). Não me identificava com nada por ali, nada mesmo. Quer dizer, fiz grandes amigos, daqueles que ficaram para a vida, mas essa foi a única parte que valeu a pena.

Depois de mais ou menos 9 meses trabalhando, naquele esquema “bonitinho”, carteira assinada, plano de saúde integral, vale refeição e vale transporte, finais de semanas livres, chefe gente boa (acreditem), salário todo dia 05 de cada mês devidamente depositado, férias e 13º salário, enfim, mesmo com todo esse cenário bem pintado, eu comecei a ficar de saco cheio. Decidi largar os bets e cair no mundo.

Vários foram os motivos que me levaram a sair da empresa.  Vou listar alguns:

– A Fantasia (leia-se roupa social e gravata). Nunca gostei de roupa social e muito menos gravata. Alguém me explique, por favor, a real função desse ingrato e asfixiante pedaço de pano. Para mim só servem para esconder os botões da camisa.

– Área do Negócio. Vendas nunca foi o meu forte, venda de desenvolvimento de software para grandes empresas então…Argh! Me tirem daqui. Me formei em marketing e propaganda, era com isso que gostaria de trabalhar (na época).

– Flexibilidade de horário. Bater Cartão? Fala sério, ter que estar em um local, de segunda a sexta, das 8h as 18h, sendo punido caso não siga corretamente os horários, tendo que pedir (muitas vezes implorar ou mentir) para seu chefe para ter uma tarde de folga e então, poder resolver os pepinos da vida cotidiana, e se estressar por conta disso tudo, é dose, não!?

– O Fantástico Mundo (de BobEmpresarial. Eu me cansei de todo esse sistema de trabalho apresentado como ideal pelas empresas, onde um tem que ser melhor que o outro, e as metas deixaram de ser um estímulo, e se tornaram uma ordem. Me cansei de reuniões improdutivas e projetos que não me faziam sentido. Me cansei do mundo empresarial que segue esse modelo.

– Falta de comprometimento. Depois dos primeiros meses, minha motivação foi para o ralo. Esse lance de “vestir a camisa, a calça, o moletom, a cueca e a meia da empresa” não estava mais funcionando. Me empolguei no começo, mas depois percebi que aquele era o sonho de outra pessoa e não o meu.

– A experiência de morar em outro país. Eu nunca tinha saído do Brasil e em 2005, com 25 anos e todo esse estímulo citado acima, eu decidi que era hora de partir.

Pedi demissão, vendi os poucos móveis que tinha, entreguei o apartamento alugado, juntei com a grana da recisão, comprei as passagens e voei. Voei tão alto e tão livremente que até hoje estou por aí, conquistando a cada dia novos lugares ao sol.

 
 

Neste primeiro momento desembarquei em Coimbra, Portugal. Depois de sete meses me mudei para Barcelona, Espanha. A vida era incerta, trabalhava em cafés, bares e restaurantes. Passei alguns perrengues. Fiz amigos, aprendi outro idioma e experimentei uma nova vida. Viajei pela Europa e vivi o presente a cada minuto. Eu estava feliz. Feliz por não ter as respostas, e por estar, de certa forma, me desfazendo de velhos preconceitos que carreguei durante toda a vida. Eu sabia que para pensar no futuro era preciso me desligar por completo da vida que levei por anos e me abrir para outras possibilidades. Senti pela primeira vez a liberdade.

Depois de dois anos, que pareceram dez, voltei para o Brasil. Já não era o mesmo. Entendi a tal da Metamorfose Ambulante que pregava Raul. Estava mais seguro. Não tinha certeza do que queria fazer, mas sabia o que definitivamente não queria para minha vida. Foi então que comecei minha busca profissional com base em três pilares: Liberdade, Criatividade e Prazer.

O começo foi difícil. Não sou programador, não sou tradutor, não sou escritor, não era blogueiro e nem consultor. Profissões que em primeira ordem facilitaria o trabalho a distância. Sou publicitário. Óbvio que os primeiros anos foram complicados. Para trabalhar a distância por completo, levou tempo. Passei por algumas agências de publicidade até encontrar o meu mercado, aquilo que me dava prazer. E encontrei no meio cervejeiro o meu porto seguro, minha nova casa. Me especializei na área e comecei a trabalhar com gerenciamento de redes sociais de uma rede de franquias de cervejas artesanais, importadas e nacionais.

 
 

Resolvi que precisava voltar a viajar e peguei um novo vôo. Em um ano passei por países europeus, mochilei pelo sudeste asiático e fiquei uma semana no Marrocos, norte da África. Neste período fiz freelas e escrevi alguns artigos sobre cervejas para algumas revistas e jornais do Brasil, mas ainda assim trabalhei em bares e restaurantes para completar a renda mensal. Como eu disse, o caminho é longo e o trabalho é árduo.

Voltei para o Brasil, direto para a Ilha da Magia, Florianópolis. Continuei trabalhando para a rede de franquias e assumi a gerência de marketing, dessa vez trabalhando em casa, com reuniões semanais via Skype, e praia no fim do dia.

Foi um ano nesse ritmo, até que decidi investir definitivamente no meu projeto e lancei o Viajante Cervejeiro Pelo Brasil. Um projeto onde o conceito de Nômade Digital vai até as entranhas. Onde viajar e trabalhar será meu lema e a liberdade, a criatividade e o prazer estarão a cada dia e a cada minuto, fazendo parte da minha história.

Essa grande aventura tem início dia 01 de maio de 2014, sem previsão para acabar.

Clique aqui e saiba mais sobre o projeto Viajante Cervejeiro pelo Brasil.