Rosas brancas no caixão, pede técnico de saúde à mãe antes de UTI

Klediston Kelps, de 22 anos, morreu em cidade do Mato Grosso depois de ter contraído covid-19

Várias rosas brancas no caixão. E uma vermelha. O técnico de enfermagem Klediston Kelps, de 22 anos, fez esse pedido à mãe antes de ser entubado. Sabia que não resistiria à covid-19.

O último pedido foi para que depositassem rosas brancas no caixão
Créditos: Reprodução/Facebook
O último pedido foi para que depositassem rosas brancas no caixão

Klediston morreu. Mas não deixou de lutar. Mais do que pela própria vida, no caso.

Isso porque ele atuou na linha de frente da batalha contra o coronavírus até quando pôde.

Foi nos plantões do trabalho no setor de urgência e emergência da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Primavera do Leste (MT) que o jovem teria se contaminado, segundo acredita sua família.

Ele atuava como concursado no município a 239 quilômetros de Cuiabá. Ainda estava no último semestre de enfermagem.

Queria seguir os passos da mãe, Elisângela da Silva Faria, de 40 anos, técnica de enfermagem do Samu.

Klediston contraíra dengue semanas antes. E carregava o histórico de cardiopatia da família.

Assim, quando precisou ser entubado, desconfiou de que não aguentaria o ataque do coronavírus.

Escreveu então para a mãe. Rosas brancas no caixão. E uma vermelha. O pedido. O que podia fazer além disso já estava concluído. Missão cumprida.

A troca de mensagens entre o técnico de enfermagem e a mãe
Créditos: Reprodução/Arquivo pessoal
A troca de mensagens entre o técnico de enfermagem e a mãe

Também se despediu no grupo de WhatsApp da família.

Nas mensagens trocadas com a mãe, falava sobre estar “sendo realista”.

Como deve ser quem luta contra a covid-19. Com coragem e pés no chão.

Dessa forma, Klediston passou de cuidador a paciente. Na mesma UPA em que atuava.

Deu entrada no final de junho. O estado de saúde se agravou em 18 de julho, condição que requereu que fosse entubado.

Morreu no dia 25 de julho, um sábado.

Devido aos protocolos, o desejo não pôde ser realizado no velório nem no enterro, realizado com caixão lacrado.

Rosas brancas no caixão, não houve. Mas a mãe as levou depois no local em que seu corpo repousa.

Segundo ela, um filho amoroso. Carinhoso. Cheio de planos e sonhos.

Mas que não se intimidou diante de um desafio muito maior: o de salvar vidas de outras pessoas.

O resultado positivo para covid-19 saiu na segunda, 27.

Que Klediston descanse em paz, em algum lugar tranquilo.

E rodeado por flores de todas as cores.