Sarau da Cooperifa celebra poesia e cultura periférica
Sempre às quartas, encontros cultuam a arte produzida e consumida pela periferia
Na releitura da música “Cálice”, o rapper Criolo menciona que “os saraus tiveram que invadir os botecos, pois biblioteca não era lugar de poesia”. A passagem é uma referência clara aos novos agentes de poesia, música, literatura e o que mais for possível expressar, que surgem nos saraus localizados geralmente em extremos da cidade.
A metrópole que sempre teve o centro da cidade como o principal difusor de cultura, começou a mudar este panorama, e uma das iniciativas surgiu em outubro de 2001 – que fez do Bar do Zé Batidão um palco aberto para a poesia e outras iniciativas artísticas com o Sarau da Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia).
O encontro transporta a poesia das estantes e “impulsiona novos talentos não só a consumir, mas também produzir poesia e arte”. Quem definiu o sarau desta forma foi seu idealizador e fundador, o poeta Sérgio Vaz. Com sete livros publicados, o autor pôs abaixo o paradigma da poesia como algo inacessível e de posse de poucos. Neste contexto o poeta estimula e incentiva novos poetas a externarem seu lirismo como ferramenta de transformação.
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Em 2011, o sarau comemorou seus 10 anos em grande estilo, com mostra cultural que espalhou poesia e arte por diferentes pontos da zona sul. “A rua foi tomada no encerramento, mais de 500 pessoas compareceram, e o detalhe principal: é um evento literário, não estamos falando de um show de rock ou algo do tipo”, comenta Vaz. Os saraus continuam normalmente sempre às 20h30, de todas as quartas-feiras.
Com propostas que disseminam a poesia e o incentivo à leitura, a Cooperifa já sensibilizou a comunidade em eventos como a “Semana de Arte Moderna da Periferia”, “Chuva de Livros”, “A Poesia no Ar”, “Cinema na Laje”, entre outros.
Nesta toada, os saraus se expandiram geograficamente, e hoje são mais de 60 distribuídos por toda cidade. Vaz explica que o sarau da Cooperifa não pretende direcionar o olhar das outras propostas que começam a surgir, mas sim “servir como um modelo inspirador, para que cada um construa à sua maneira”.
Esta nova faceta cultural traz a cultura periférica para o centro e impulsiona esta geração a protagonizar e contar sua história e cultura com poesias, filmes, livros, exposições entre outras linguagens. Os saraus são construídos de forma coletiva e democrática, e a entrada é sempre Catraca Livre.