Museu Afro Brasil celebra história e arte afro-brasileira

Localizado no Parque Ibirapuera, o Museu Afro Brasil destaca a perspectiva africana na formação do patrimônio, identidade e cultura brasileira

11/03/2019 12:34 / Atualizado em 24/07/2024 23:11

Localizado no Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, dentro do parque mais famoso de São Paulo, o Parque Ibirapuera, o Museu Afro Brasil se tornou uma instituição pública em 2009.

Desde então, a instituição conserva um acervo com mais de sete mil obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, documentos e peças etnológicas, de autores brasileiros e estrangeiros, produzidos entre o século 18 e os dias de hoje.

Todas essas peças retratam aspectos dos universos culturais africanos e afro-brasileiros, abordando temas como religião, trabalho, arte e escravidão ao registrar a trajetória histórica e as influências africanas na construção da sociedade brasileira.

O Museu Afro Brasil exibe parte do seu Acervo na Exposição de Longa Duração, realiza Exposições Temporárias e dispõe de um Auditório e de uma Biblioteca especializada que complementam sua programação cultural ao longo do ano.

Exposições fixas

Atualmente, as obras do Museu Afro Brasil estão dividas em seis núcleos: África: Diversidade e Permanência, Trabalho e Escravidão, As Religiões Afro-Brasileiras, O Sagrado e o Profano, História e Memória e Artes Plásticas: a Mão Afro-Brasileira.

Trabalho e Escravidão

Núcleo que tem o objetivo de ressaltar os saberes e tecnologias trazidas pelos africanos escravizados no campo do trabalho. Tanto no ambiente rural quanto no urbano, o conhecimento dos africanos foi determinante para o desenvolvimento dos ciclos econômicos.

Além de pinturas, gravuras e esculturas retratando parte dessas contribuições, os visitantes podem apreciar documentos e outros objetos ligados ao mundo do trabalho, tais como máquinas de moer cana, fôrmas para fabrico do açúcar e ferramentas de carpinteiros e ferreiros.

África: Diversidade e Permanência

Núcleo dedicado à riqueza cultural, histórica e artística dos povos africanos. Exibe obras das mais variadas funcionalidades e concepções estéticas, que demonstram a competência técnica dos seus autores e exemplificam a imensa diversidade desse continente.

Nas vitrines estão expostas desde máscaras e estatuetas feitas em madeira, bronze e marfim até vestimentas bordadas em fios de ouro, todas originárias de diferentes países e grupos culturais como Attie (Costa do Marfim), Bamileque (Camarões), Luba (Rep. Democrática do Congo), Tchokwe (Angola) e Iorubá (Nigéria).

O Sagrado e o Profano

Nesse núcleo estão representadas festividades celebradas no Brasil, ligadas ao sagrado e celebradas no espaço festivo da rua. Muitas das festas populares brasileiras, como a Congada e o Maracatu, remetem ao período colonial e eram consideradas espaços de sociabilidade aproveitados pelos africanos escravizados para celebrarem suas tradições e manterem suas identidades culturais.

Assim, em diversas festas brasileiras é possível encontrar instrumentos musicais de origem africana, símbolos relacionados a antigos reinos do continente, materializados no núcleo através de máscaras, bandeiras e vestimentas.

História e Memória

Núcleo dedicado à história e memória de importantes personalidades negras que se destacaram em diversas áreas do conhecimento, desde o período colonial até os dias de hoje.

Fotografias e documentos exaltam a trajetória de escritores como Carolina Maria de Jesus, autora do livro “Quarto de Despejo”; dos engenheiros da família Rebouças, além de outros notáveis como Teodoro Sampaio, importante geógrafo e arquiteto cujo nome foi atribuído, em sua homenagem, a uma conhecida rua de São Paulo.

Artes Plásticas: a Mão Afro-Brasileira

O Núcleo de Artes Plásticas expõe obras que perpassam diferentes períodos da arte no Brasil, desde o Barroco e o Rococó, o século 19 e a arte acadêmica, bem como a Arte Popular, a Arte Moderna e a Contemporânea.

Dentre os artistas expostos destacam-se Estevão Roberto da Silva e os artistas contemporâneos Rosana Paulino, Rubem Valentim, Mestre Didi, entre outros. Em meio às produções contemporâneas são também exibidas obras de artistas africanos e afro-americanos, como Gerard Quenum, Zinkpé e Melvin Edwards.

As Religiões Afro-Brasileiras

Núcleo consagrado às religiões e cultos brasileiros que possuem matriz africana. Visões de mundo e mitologias são ressaltadas por meio de rica iconografia, com destaque ao panteão de santos, orixás e outras entidades cultuadas no Brasil.

No espaço reservado ao núcleo podem ser observadas vestimentas de Egungun e de orixás, instrumentos musicais, além de pinturas, gravuras, esculturas, instalações e fotografias dedicadas ao tema.

Exposições temporárias

As exposições temporárias do Museu Afro Brasil podem ser conferidas aqui.

Biblioteca Carolina Maria de Jesus

A biblioteca possui cerca de dez mil itens, incluindo livros, revistas e outros tipos de periódicos, teses, posters e material multimídia, com uma coleção especializada em escravidão, tráfico de escravos, abolição da escravatura, da América Latina, Caribe e Estados Unidos. Recebe anualmente aproximadamente 1.200 visitantes.

Além disso, estão disponíveis 20 títulos de obras raras digitalizadas no Catálogo online da Biblioteca “Carolina Maria de Jesus”. Para acessar, clique aqui, e realize a busca com o nome obras raras.

A biblioteca está aberta de terça a sexta, das 10h às 17h30, e aos sábados, das 10h às 14h.

Uma das primeiras escritoras negras do país, Carolina Maria de Jesus também é considerada uma das mais importantes da história do Brasil
Uma das primeiras escritoras negras do país, Carolina Maria de Jesus também é considerada uma das mais importantes da história do Brasil

Teatro Ruth de Souza

O auditório recebe seu nome em homenagem à atriz considerada sacerdotisa do teatro brasileiro: Ruth de Souza. A programação envolve grupos de dança, artistas da música brasileira e internacional e encontros com artistas, intelectuais e políticos.

O Museu Afro Brasil fica na Avenida Pedro Álvares Cabral, na entrada do portão 10 do Parque Ibirapuera. A visitação é aberta ao público de terça a domingo, das 11h às 17h, com ingressos até R$ 15. Aos sábados, o museu tem entrada gratuita. A venda de ingressos é feita exclusivamente online por este site aqui.

O Museu Afro Brasil também tem visitas mediadas. Se tiver interesse, agenda-a aqui.

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