‘Rio Diversidade’ exalta universo LGBTQ no Sesc Avenida Paulista

Apresentado pela drag Magennta Dawning, espetáculo é composto por cinco solos de autores diferentes sobre gênero, intolerância e outros temas

Cinco importantes dramaturgos brasileiros contemporâneos – Jô Bilac, Marcia Zanelatto, Daniela Pereira de Carvalho, Joaquim Vicente e Helena Vieira – se reuniram para criar peças curtas sobre o respeito às minorias no espetáculo “Rio Diversidade”, que tem curta temporada no Sesc Avenida Paulista, no centro de São Paulo, entre 18 e 22 de julho. As sessões acontecem na sala Arte II, de quarta-feira a sábado, às 21h, e no domingo, às 18h. Os ingressos custam até R$30.

Os solos que compõem a montagem discutem várias questões relacionadas ao universo LGBTQ e outras minorias, como gênero, intolerância, preconceito e gordofobia, com diferentes estéticas e tons – ora de forma engraçada, ora trágica, ora realista. Cada texto é a apresentado pela drag queen Magenta Dawning, personagem do ator e diretor Bruno Henríquez.

A primeira peça é “Genderless – Um Corpo Fora da Lei”, com direção de Guilherme Leme Garcia e texto de Marcia Zanelatto, inspirada na história real de Norrie May-Welby, a primeira pessoa do mundo a ser reconhecida como sem “gênero definido” depois de uma luta contra o Estado da Austrália em 2010. Com atuação da atriz Larissa Bracher, o monólogo parte desse fato para criar uma reflexão sobre os gêneros masculino e feminino e os conflitos entre as possíveis identidades sexuais e as estruturas sociais.

Em “Como Deixar de Ser”, com texto de Daniela Pereira de Carvalho e direção de Renato Carrera, uma mulher de meia-idade, interpretada por Cris Larin, está presa dentro de um “armário-sala” que herdou de sua mãe. Nesse lugar, que simboliza sua prisão interna, ela revela pensamentos e desejos íntimos e divide com o público o peso de não ter a coragem para assumir quem é verdadeiramente.

A novidade é “Ofelia – A Travesti Gorda”, com texto de Helena Vieira e direção de Rodrigo Abreu, que não foi apresentada nas temporadas anteriores do espetáculo. A peça-curta narra a história de Ofélia, uma travesti viciada em refrigerante. Encarnada por Magô Tonhon, a personagem gorda entra em conflito com as roupas que não são feitas para o seu tamanho, a imposição da magreza, a depressão e a vida sexual fora dos padrões estéticos.

Com direção de Cesar Auguto, “A Noite em Claro” revela o impacto que o autor Joaquim Vicente teve quando recebeu em sua casa um amigo e escritor famoso dizendo que passara a noite com um homem que possivelmente teria assassinado brutalmente o diretor Luiz Antonio Martinez Corrêa. O irmão de Zé Celso, fundador do Teat(r)o Oficina, foi morto a facadas e encontrado amarrado em seu apartamento em Ipanema, no Rio de Janeiro, em dezembro de 1987. Esse crime de ódio é evocado em cena pelo ator Thadeu Matos.

O último solo é “Flor Carnívora”, com texto de Jô Bilac, direção de Ivan Sugahara e atuação de Gabriela Carneiro da Cunha. Por um mundo menos transgênico e mais trangênero, o monólogo alegórico se passa em uma sociedade vegetal em que a soja quer aplicar um golpe monocultural e se tornar a única plantação.

Em uma sessão plenária, as demais plantas se insurgem em defesa da pluralidade. A flor carnívora defende o hermafroditismo das plantas, a indefinição de gênero e a intersexualidade, e protesta contra a colonização do homem, que quer catalogar e normatizar o que a natureza criou diverso.