Ao estilo Pac Man, coletor gigante recolhe lixão no oceano

Sistema aproveita vento, ondas e corrente marinha para capturar lixo que se acumula no meio do Pacífico

É um imenso lixão no oceano. Conhecida como grande ilha de plástico, a extensa mancha de pedaços de plástico que flutua no Pacífico, entre o Havaí e a Califórnia, é formada por 1,8 trilhão de fragmentos. Para tentar limpar essa sujeira, que se espalha por uma área equivalente a três vezes o tamanho da França, a organização holandesa sem fins lucrativos The Ocean Cleanup desenvolveu um coletor de plástico de dimensões igualmente grandes.

O sistema de limpeza elaborado pela entidade consiste de 600 metros de flutuadores, que lembram grandes tubos. Sob eles foi instalado uma saia, ou tela, que vai até três metros de profundidade. Conforme o vento, as ondas e a corrente marinha vão empurrando esse conjunto, ele vai capturando e segurando os pedaços de plástico. Esses fragmentos normalmente são leves e flutuam logo abaixo da superfície.

O sistema, de 600 metros de comprimento e três metros de profundidade, coletará lixo do mar
Créditos: Divulgação/The Ocean Cleanup
O sistema, de 600 metros de comprimento e três metros de profundidade, coletará lixo do mar

De tempos em tempos, uma embarcação de apoio irá até onde o sistema estiver para recolher o lixo retido – desde pedacinhos de poucos milímetros até grandes pedaços, incluindo redes de pesca perdidos – e transportá-lo para terra, para que seja reciclado.

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O sistema de coleta é passivo: ele se move mais rapidamente que o plástico, o que permite que ele segure os detritos. Assim como fazem com o plástico, as correntes marinhas também empurram o sistema em direção às áreas de maior concentração do lixo.

Protótipo é testado pela entidade, que afirma que é possível recolher até metade do lixo da ilha de plástico em cinco anos
Créditos: Divulgação/The Ocean Cleanup
Protótipo é testado pela entidade, que afirma que é possível recolher até metade do lixo da ilha de plástico em cinco anos

O sistema é equipado com câmeras, luzes, refletores, sensores e sistema anticolisão. Tem painéis solares para gerar energia para esses equipamentos. Além de informar constantemente a localização e os dados sobre o lixo, o sistema emite sinais para evitar colisões com navios.

Mas, de acordo com a organização, a grande ilha de plástico não fica em nenhuma rota de tráfego intenso de navios. A possibilidade de o equipamento atravessar o caminho de uma embarcação é mínima.

Instalação da saia que fica abaixo da superfície e retém o lixo
Créditos: Divulgação/The Ocean Cleanup
Instalação da saia que fica abaixo da superfície e retém o lixo

O primeiro de um grupo de 60 sistemas será lançado em breve, em setembro. Segundo a Ocean Cleanup, quando todos estiverem operando, esse conjunto será capaz de coletar 50% do lixo da grande ilha de plástico em cinco anos. Tudo isso a um custo bem menor do que usar redes e barcos comuns, afirma.

Simulação de computador mostra como será o sistema no mar para o recolhimento do lixão no oceano
Créditos: Divulgação/The Ocean Cleanup
Simulação de computador mostra como será o sistema no mar para o recolhimento do lixão no oceano

Ainda de acordo com a organização, o sistema é seguro para a vida marinha. Primeiro, porque se move lentamente, então há tempo para as criaturas nadarem para longe. Além disso, como a tela que captura o plástico é impermeável, a corrente marinha flui para baixo dela, conduzindo as espécies marinhas também nessa direção.

O fundador da Ocean Cleanup, Boyan Slat, junto aos flutuadores
Créditos: Divulgação/The Ocean Cleanup
O fundador da Ocean Cleanup, Boyan Slat, junto aos flutuadores

Como a tela não é uma rede, também não haveria riscos de animais se enroscarem nela. Na hora em que a embarcação de apoio for recolher o lixo, será feita uma averiguação para ver se nenhum animal está presente em meio ao plástico, afirma a entidade.

Segundo a Ocean Cleanup, a poluição dos mares por plástico atinge mais de 600 espécies marinhas e causa prejuízos financeiros de cerca de US$ 13 bilhões por ano (o equivalente a R$ 48,2 bilhões), devido aos seus impactos em atividades econômicas como turismo e pesca.

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Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, presidente da GranBio e especialista em soluções sustentáveis.

Em parceria com qsocial