Cientistas desenvolvem embalagens para comida fáceis de reciclar

Trabalho da Universidade de Pittsburgh foi vencedor de um prêmio na categoria “tornar reciclável a embalagem não reciclável”

Em parceria com qsocial
19/09/2018 15:44

Embalagens para comida dificilmente são recicladas, porque é muito trabalhoso separar as várias camadas de diferentes materiais usadas nelas. A solução para esse desafio, encontrada por cientistas da Universidade de Pittsburgh, foi criá-las com um único material.

Caixas usadas em embalagens para comida e suco têm camadas difíceis de separar para reciclar
Caixas usadas em embalagens para comida e suco têm camadas difíceis de separar para reciclar - Picasa

Por meio da nanoengenharia, os pesquisadores mexeram na estrutura do polietileno, um plástico fácil de reciclar, para que ele imitasse as propriedades encontradas em materiais como PET e alumínio, normalmente usados para formar os revestimentos das embalagens.

Essas camadas desempenham funções importantes, como bloquear a entrada de raios ultravioleta, conservar o alimento ou reter a tinta usada para colocar cores, nome e outras informações do produto.

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Ilustração mostra as diferentes camadas de uma embalagem para suco
Ilustração mostra as diferentes camadas de uma embalagem para suco

Mas como suas propriedades químicas não são alteradas, e ele continua sendo polietileno, a embalagem não precisaria mais passar pela etapa de separar as camadas.

Segundo os cientistas, com essa tecnologia seria possível até dar diferentes cores à embalagem, sem o uso de pigmentos.

O trabalho da Universidade de Pittsburgh foi uma das vencedoras de um prêmio da Fundação Ellen McArthur para os Desafios da Economia Circular, na categoria “tornar reciclável a embalagem não reciclável”.

Economia circular é aquela em que os resíduos de um produto viram insumo para novos produtos. É um conceito diferente da tradicional economia linear, onde o destino final de um produto é o lixo.

A embalagem é um dos itens que mais dificulta a criação dessa economia circular. A cada ano, mais de 8 milhões de toneladas de plástico vão parar nos mares do mundo, segundo a organização Plastic Oceans Foundation.

Embalagens para comidas e bebidas estão entre os cinco tipos de lixo mais encontrados em praias e regiões costeiras.

Para os cientistas, a tecnologia que desenvolveram pode ajudar, entre outras possibilidades, no surgimento de novos padrões para plásticos de qualidade e recicláveis.

Os vencedores desse prêmio também ganham o acompanhamento, por um ano, de um programa, feito em conjunto com a aceleradora “Think Beyond Plastic”, para dar escala a essas ideias, tornando-as comercializáveis.

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Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, presidente da GranBio e especialista em soluções sustentáveis.