Harpia em risco de extinção voa em performance de piano e dança
O músico Fabio Caramuru e o bailarino Ismael Ivo gravaram nas Cataratas do Iguaçu clipe que homenageia a ave de rapina
O encontro da raridade do talento com a raridade ambiental. Se a primeira é muito bem-vinda e nos assombra pela beleza, a segunda pode significar o risco de extinção de uma espécie tão bela quanto a harpia, também conhecida como gavião-real, ave homenageada pelo músico Fabio Caramuru e pelo bailarino e coreógrafo Ismael Ivo em um clipe de rara magnitude.
A peça foi gravada em julho com o nobre pano de fundo das Cataratas do Iguaçu e lançada no dia 7 de agosto. O diálogo com a natureza já tem pautado o trabalho de Caramuru desde 2015, ano em que lançou o álbum “Conversas de um piano com a fauna brasileira”.
A verve ecológica na carreira do músico foi desperta, segundo ele, em 2009, quando esteve em uma fazenda em São Carlos (SP) para realizar uma apresentação. “Lá existe um centro de recuperação de aves do Ibama, e a presença desses animais me impressionou muito”, conta.
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Caramuru também reverbera influências de Tom Jobim, a cuja obra se dedicou a interpretar desde a década de 1990. “O Tom ficou mais ecológico a partir dos anos 1980”, afirma. “O olhar dele me levou a observar e perceber melhor os sons da natureza, entre os quais nenhum é mais musical que o das aves.”
Ao visitar, há cerca de um ano e meio, o Refúgio Biológico Bela Visita de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR), diz ter se encantado com o canto “meio selvagem” da harpia, ave ameaçada de extinção.
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Foi há quatro meses que conheceu Ismael Ivo, ao ser apresentado ao bailarino por um amigo dele depois de um espetáculo no Theatro Municipal de São Paulo. “Olhei para o Ivo e enxerguei na hora a harpia, muito pelas mãos grandes que ele tem”, conta.
Ao fazer essa relação, decidiu, consigo mesmo, que comporia uma música para prestar um tributo à ave – e que a coreografia só poderia ser feita pelo dançarino.
Ismael Ivo aceitou o convite, e a gravação foi marcada para uma brecha em sua concorrida agenda. “Ele criou os movimentos na hora, durante a realização do vídeo”, afirma Caramuru. “Fazia uma temperatura de 6°C quando gravamos, mas ele não se importou, disse que se esquecia do frio enquanto dançava.”
O clipe, assim, transformou-se em um encontro de raridades: o cenário, os talentos do músico e do bailarino, a beleza assombrosa das cenas. Imagens cujo impacto não se esgota – e assim se espera que também permaneça, inextinguível, o voo da harpia.
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Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, presidente da GranBio e especialista em soluções sustentáveis.