Designer adota estilo de vida lixo zero e ensina método em livro
Cristal Muniz, de 27 anos, conseguiu reduzir seus resíduos em 80% com medidas como comprar mantimentos a granel e fabricar sua própria pasta de dentes
Pense em todas as atividades de seu dia a dia. O que diria se alguém propusesse a você que tentasse viver sem gerar resíduos para o planeta? Parece impossível? Pois foi com o objetivo do lixo zero que a designer catarinense Cristal Muniz, de 27 anos, começou o ano de 2015. Ela chegou bem perto disso, e o que aprendeu com a experiência agora está em um livro.
Desde criança, Cristal aprendeu com o pai a prática da coleta seletiva dos descartes. Já os avós lhe ensinaram a combater o desperdício no uso dos produtos e também a economizar água e energia elétrica.
Quando foi morar sozinha, em 2011 – na verdade, acompanhada da gata Nina, que está com ela até hoje –, a designer conta que passou a se incomodar com a quantidade de lixo que gerava. “Achava demais para uma pessoa só”, diz.
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Em 2014, deparou-se com uma reportagem que lhe causou grande impacto: falava de uma americana, a nova-iorquina Lauren Singer, que estava havia dois anos sem produzir resíduos.
“A primeira coisa que pensei foi que aquilo era impossível, então comecei a ler o blog dela e fiquei doida”, lembra. “Li todos os posts de uma vez. Não pareciam ser complicadas as mudanças empreendidas por Lauren para deixar de gerar lixo, então resolvi que meu ano de 2015 seria guiado pela meta de uma vida sem descartes.”
Ainda em novembro de 2014, iniciou um trabalho de pesquisa em blogs estrangeiros sobre como viabilizar essa missão. E percebeu que teria algumas dificuldades para adaptá-la para o Brasil.
“Eu teria de encontrar substitutos para muitos itens e fabricar alguns por conta própria, mas havia os que não existiam no Brasil e os que demandavam ingredientes que também não há por aqui”, afirma.
O fio dental é um exemplo: até hoje, Cristal é obrigada a usar o tradicional. Muitos outros produtos do cotidiano, no entanto, ela conseguiu substituir para evitar o consumo de embalagens.
Passou a fazer em casa, por exemplo, seu próprio desodorante, o hidratante e a pasta de dentes; com relação à escova, substituiu a de plástico pela de bambu. Também produz o próprio detergente, à base de sabão de coco, álcool e bicarbonato de sódio.
Na hora de comprar mantimentos, opta pelas compras a granel, que carrega em sacola e sacos de pano e potes de vidro que ela mesma leva para o mercado ou a feira. Para se desfazer de resíduos orgânicos, usa uma composteira.
Cristal é o oposto do perfil consumista nas searas das roupas e dos eletrônicos: só adquire peças de vestuário – de preferência feitas de tecidos naturais – de que realmente necessita, e geralmente em brechós, e só troca de celular quando o que possui para de funcionar.
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Convide-a para almoçar ou jantar fora – “Sou vegetariana e pretendo me tornar vegana”, diz – e verá que, na hora de comer ou beber, ela vai tirar da bolsa um kit para o lixo zero, com copo, talheres, guardanapo de pano e até marmita.
Com todas essas medidas, Cristal reduziu em 80% o lixo que produz. Animou-se a aderir a esse estilo de vida? Pois a própria designer poderá ajudá-lo: nesta quinta, 19 de junho, ela lança em São Paulo, na Livraria da Vila (r. Fradique Coutinho, 915, Pinheiros), a partir das 19h, o livro “Uma Vida Sem Lixo” (Ed. Alaúde, R$ 48,96, 160 págs.), no qual ensina os passos que percorreu em busca do lixo zero – essa saga também virou blog.
“É a publicação que eu gostaria de ter encontrado quando comecei o projeto”, descreve a autora. “É um guia bem prático, em que apresento soluções para minimizar os resíduos que geramos no dia a dia. Divido as dicas e orientações por cômodo da casa, para facilitar a organização do processo de mudança.”
Ela destaca que não há nada de impossível ou muito difícil a ser feito. E sabe do que está falando; afinal, é algo que comprovou na prática – e diz ainda que, hoje, seu orçamento doméstico é bem mais enxuto em relação à época em que olhava para a quantidade de lixo que produzia e se sentia incomodada.
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Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, presidente da GranBio e especialista em soluções sustentáveis.