Noruega projeta 1º hotel com energia positiva em clima glacial
A empresa de arquitetura norueguesa Snøhetta promete inaugurar em 2021 o primeiro hotel com energia positiva (que produz mais do que consome) do mundo em clima glacial. Trata-se do Svart, a ser construído ao pé da geleira Svartisen, que atravessa o município de Meløy, no norte da Noruega.
Os profissionais que assinam o projeto precisaram de muita criatividade, pois a ideia é atender a todos os requisitos do padrão Powerhouse, criado por um grupo de empresas de arquitetura para promover a eficiência energética dos projetos.
É que, para alcançar a tão falada transição para um sistema energético sustentável, que está movimentando vários países atrás de soluções tecnológicas, não basta apenas repensar a geração de energia.
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Diferentemente do Brasil, onde o clima tropical ajuda e, segundo a Agência Internacional de Energia, quase 45% da demanda de energia já é atendida por fontes renováveis, a Noruega é cortada pelo Círculo Polar Ártico e, por causa disso, precisa contar com outros fatores além do clima.
A meta, então, passa a ser controlar o consumo. Consumir menos e de maneira mais sustentável é a principal característica do projeto do hotel Svart. Isso quer dizer que o edifício terá baixo impacto ambiental, a começar por seu formato circular, que ajudará a maximizar o aproveitamento dos raios solares na iluminação e na coleta de energia.
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Para cumprir com o padrão Powerhouse, as construções precisam produzir mais energia do que usariam para sua construção, sua operação e sua demolição, daí a classificação, energeticamente falando, de positiva.
Segundo os arquitetos da Snøhetta, várias escolhas do projeto envolveram design de ponta para atender a esse padrão. Um exemplo foi o mapeamento de como a radiação solar se comporta em relação ao contexto montanhoso da região e aos períodos do ano, para otimizar a coleta de energia.
O telhado do hotel será revestido com painéis solares produzidos com energia hidrelétrica limpa, reduzindo ainda mais a pegada de carbono.
As fachadas protegem contra a insolação no verão, quando o sol está alto, eliminando a necessidade de resfriamento artificial.
No inverno, quando está mais baixo no céu, o sol consegue penetrar melhor nas grandes janelas da fachada, o que vai permitir privilegiar a energia térmica natural.
Em termos de materiais, os que mais provocam “gasto energético”, como aço e concreto, foram evitados ao máximo, e a madeira foi priorizada.
O hotel também vai utilizar poços geotérmicos conectados a bombas de calor para aquecer o edifício.
Comparado aos hotéis que são projetados da maneira convencional na Noruega, o Svart promete reduzir 85% do consumo anual de energia.
Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, especialista em soluções sustentáveis.