Noruega projeta 1º hotel com energia positiva em clima glacial

Em parceria com qsocial
11/04/2018 15:30

A empresa de arquitetura norueguesa Snøhetta promete inaugurar em 2021 o primeiro hotel com energia positiva (que produz mais do que consome) do mundo em clima glacial. Trata-se do Svart, a ser construído ao pé da geleira Svartisen, que atravessa o município de Meløy, no norte da Noruega.

Esboço do hotel com energia positiva Svart à noite, sob a luz da aurora boreal
Esboço do hotel com energia positiva Svart à noite, sob a luz da aurora boreal

Os profissionais que assinam o projeto precisaram de muita criatividade, pois a ideia é atender a todos os requisitos do padrão Powerhouse, criado por um grupo de empresas de arquitetura para promover a eficiência energética dos projetos.

É que, para alcançar a tão falada transição para um sistema energético sustentável, que está movimentando vários países atrás de soluções tecnológicas, não basta apenas  repensar a geração de energia.

Diferentemente do Brasil, onde o clima tropical ajuda e, segundo a Agência Internacional de Energia, quase 45% da demanda de energia já é atendida por fontes renováveis, a Noruega é cortada pelo Círculo Polar Ártico e, por causa disso, precisa contar com outros fatores além do clima.

A meta, então, passa a ser controlar o consumo. Consumir menos e de maneira mais sustentável é a principal característica do projeto do hotel Svart. Isso quer dizer que o edifício terá baixo impacto ambiental, a começar por seu formato circular, que ajudará a maximizar o aproveitamento dos raios solares na iluminação e na coleta de energia.

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Croqui com vista do Svart, hotel com energia positiva que será construído em meio às montanhas
Croqui com vista do Svart, hotel com energia positiva que será construído em meio às montanhas

Para cumprir com o padrão Powerhouse, as construções precisam produzir mais energia do que usariam para sua construção, sua operação e sua demolição, daí a classificação, energeticamente falando, de positiva.

Segundo os arquitetos da Snøhetta, várias escolhas do projeto envolveram design de ponta para atender a esse padrão. Um exemplo foi o mapeamento de como a radiação solar se comporta em relação ao contexto montanhoso da região e aos períodos do ano, para otimizar a coleta de energia.

A madeira terá prioridade sobre o aço e o concreto, materiais que provocam mais gasto energético
A madeira terá prioridade sobre o aço e o concreto, materiais que provocam mais gasto energético

O telhado do hotel será revestido com painéis solares produzidos com energia hidrelétrica limpa, reduzindo ainda mais a pegada de carbono.

As fachadas protegem contra a insolação no verão, quando o sol está alto, eliminando a necessidade de resfriamento artificial.

No inverno, quando está mais baixo no céu, o sol consegue penetrar melhor nas grandes janelas da fachada, o que vai permitir privilegiar a energia térmica natural.

Em termos de materiais, os que mais provocam “gasto energético”, como aço e concreto, foram evitados ao máximo, e a madeira foi priorizada.

O hotel também vai utilizar poços geotérmicos conectados a bombas de calor para aquecer o edifício.

Comparado aos hotéis que são projetados da maneira convencional na Noruega, o Svart promete reduzir 85% do consumo anual de energia.

Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, especialista em soluções sustentáveis.