Pesquisadores criam cimento menos poluidor com caroço de azeitona
A construção civil é hoje uma das atividades econômicas que mais impactam o meio ambiente. Para a demanda entre 4 e 7 toneladas de material por habitante/ano, a indústria de materiais consome cerca de 50% dos recursos naturais extraídos, segundo o estudo “Aspectos da Construção Sustentável no Brasil e Promoção de Políticas Públicas”, realizado pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Nele, os autores diziam ser “improvável” o surgimentos de “materiais radicalmente diferentes dos que são utilizados hoje, baseados em silício, alumínio, ferro e cálcio, as espécies químicas mais abundantes no planeta”. Mas pesquisadores da Universidade Politècnica de València (UPV), da Espanha, e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) descobriram um, pelo menos para a produção do cimento: uma mistura que utiliza cinzas de caroço de azeitona e resíduos de alto forno.
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Segundo o professor Mauro Tashima, do Grupo de Pesquisa em Materiais Alternativos de Construção (MAC) da Unesp, o novo cimento, feito a partir de resíduos, não precisa de matérias-primas, o que o torna um material sustentável.
A descoberta foi comemorada porque, além de favorecer a utilização de biomassa (material orgânico de origem animal ou vegetal que é utilizado para produzir energia), a produção desse cimento gera muito menos gás carbônico do que a do tradicional (redução de cerca de 20 vezes), além de ser mais barata.
De acordo com o professor da UPV, Jordi Payá, um dos orientadores do projeto, o processo não requer altas temperaturas, como o convencional. Basta apenas misturar os dois resíduos e acrescentar água.
Com as proporções analisadas até agora, de 20% de cinza de caroço de azeitona e 80% de escória, o cimento conseguiu, segundo ele, alcançar uma resistência de cerca de 300 quilos por centímetro quadrado, o que seria considerado adequado para a construção civil.
Mas ainda há espaço para melhorias, diz Payá: “Agora o trabalho está focado na melhoria da formulação para obter melhores propriedades mecânicas, no estudo da durabilidade e nas possibilidades de aplicação do material”.
Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, especialista em soluções sustentáveis.