Prédio feito de cortiça resiste a fogo e umidade

Escritório de arquitetura do Reino Unido testou material usado para fazer rolhas de vinho antes de aplicá-lo na construção civil

Algumas iniciativas sustentáveis merecem que se estoure um champanhe em sua comemoração. Por sinal, preste atenção à rolha e ao material que a constitui. Pois ele pode ser usado para construir estruturas bem maiores. Prova disso é um prédio feito de cortiça no Reino Unido.

Do chão às paredes, passando pelo teto. O escritório de arquitetura Studio Bark é especializado em inovação. E resolveu testar um material reciclável e biodegradável em um projeto de construção civil.

Assim, surgiu o Cork Studio, ou Estúdio de Cortiça. A edificação possui uma altura de 2,2 metros e uma área no piso de 13,2 m².

Antes de efetivamente erguer a obra, arquitetos e projetistas testaram a adequação da cortiça ao propósito. E concluíram que, de fato, ela possui durabilidade e resistência suficientes para ser usada como material de construção.

O prédio feito de cortiça é obra de um estúdio de arquitetura do Reino Unido
Créditos: Lenny Codd/Studio Bark
O prédio feito de cortiça é obra de um estúdio de arquitetura do Reino Unido

Afinal, se não apodrece ao lacrar garrafas de vinho durante décadas, por que sucumbiria, por exemplo, à ação da água?

A cortiça também foi submetida à atuação do fogo. E passou na prova, visto que a chama se autoextinguiu ao ser acesa no material.

Piso e paredes

As paredes foram erguidas com blocos de cortiça de alta densidade, com medidas de 1.000 mm x 250 mm x 180 mm. Eles se mostraram praticamente estanques.

No piso, usaram-se placas de cortiça de 1.000 mm x 500 mm x 180 mm. Perfeitamente quadradas nas bordas, formaram uma laje coesa pela fricção entre si. Não foi usado nenhum verniz sobre elas, que se provaram resistentes a manchas.

Antes de o prédio de cortiça ser construído, as propriedades do material foram estudadas
Créditos: Lenny Codd/Studio Bark
Antes de o prédio de cortiça ser construído, as propriedades do material foram estudadas

Optou-se por um telhado plano por ser mais econômico. Nele, foram utilizados blocos de isolamento de baixa densidade, os melhores termicamente.

Aberturas

Porta e janelas também foram adaptadas para o conceito de sustentabilidade do prédio feito de cortiça. A porta é constituída de um único contraplacado de pinus, tipo de madeira produzida com responsabilidade socioambiental.

As janelas são de policarbonato multifolhado. Embora seja um produto petroquímico, pode ser totalmente reciclado ao final de sua vida útil.

A cortiça foi usada nas paredes, no piso e no teto
Créditos: Lenny Codd/Studio Bark
A cortiça foi usada nas paredes, no piso e no teto

O custo total da edificação foi de £ 6.057 (R$ 29,7 mil), ou £ 459 (R$ 2.254) por metro quadrado.

A cortiça, na verdade, é a casca do sobreiro, colhida sem danificar a árvore. Os blocos do material são produzidos a partir de sobras do processo de fabricação das rolhas para as garrafas de vinho.

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Então, diante de tanta sustentabilidade, pode comemorar o surgimento do prédio feito de cortiça. Abra um champanhe. E não se esqueça de guardar a rolha. Ela poderá ser de grande utilidade na construção de um meio ambiente com mais… saúde! Brindemos a isso.

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Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, presidente da GranBio e especialista em soluções sustentáveis.

Em parceria com qsocial