Causa Animal
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Carrefour ajuda mais de 450 abrigos de animais após caso Manchinha

Em coletiva de imprensa, rede anunciou trabalho permanente em prol da causa animal

14/11/2019 14:09 / Atualizado em 10/04/2024 16:13

Um ano após o caso Manchinha, o Carrefour Brasil apresentou um balanço com todas as ações que tem realizado em favor dos animais em situação de abandono em diferentes cidades do país.

Em parceria com a ONG AMPARA Animal, neste último ano, a rede prestou assistência a mais de 450 abrigos, beneficiando cerca de 6 mil cães e gatos, com 14 mil quilos de ração e 2 mil castrações em mutirões mensais.

Além disso, desde o episódio em Osasco, a companhia promoveu eventos de adoção em suas lojas e treinou todos os seus funcionários e profissionais terceirizados sobre como lidar com animais em situação de vulnerabilidade em suas unidades.  “A gente chegou ao nível de ter um protocolo de como receber esses animais na loja, como alimentá-los e como buscar parceria para ajudá-los”, explica Lucio Vicente, Head de Sustentabilidade do grupo.

Nesse período também, o Carrefour fez um levantamento e contabilizou cerca de 300 animais que viviam em suas unidades no Brasil. De acordo com o vice-presidente de Assuntos Institucionais, Stéphane Engelhard, a maioria foi encaminhada para abrigos.

“Hoje, as redes de supermercado estão questionando muito a gente, para saber o que estamos fazendo. E não só os supermercados, mas o varejo também. Quem tem loja de rua tem se sensibilizado com esse assunto e nós estamos liderando esse movimento por conta do fato que aconteceu”, diz Engelhard.

Raiz do abandono e dos maus-tratos no Brasil

Para tentar entender os reais motivos que estão na raiz do abandono e dos maus-tratos a cães e gatos, o Carrefour encomendou uma pesquisa Ibope. O levantamento foi feito com 2 mil brasileiros com mais de 16 anos e revelou que 92% dos entrevistados já presenciaram algum tipo de maus-tratos, mas apenas 17% denunciaram.

Brasil tem cerca 30 milhões de animais abandonados, de acordo com último balanço da OMS
Brasil tem cerca 30 milhões de animais abandonados, de acordo com último balanço da OMS - Juhku/istock

Além disso, a pesquisa mostrou que 67% afirmaram já ter visto animais abandonados em suas cidades; somente 32% já realizaram resgate e 30% adquiriram seus pets em eventos de adoção. Para 44% das pessoas, a melhor forma de ter seu primeiro pet seria adotando.

Sensibilizar e conscientizar a sociedade, fomentando a importância da adoção responsável está entre os principais focos do Carrefour, que assumiu atuação permanente na causa animal.

Por que adotar os animais mais rejeitados?

A maioria dos animais disponíveis para adoção nos abrigos, nos centros de controle de zoonoses ou em situação de rua no Brasil não possui raça definida. Muitos têm pelagem comum, são de porte médio/grande e alguns possuem alguma deficiência.

São esses os que passam boa parte de suas vidas esperando por um lar e, muitas vezes, acabam morrendo sem ganhar uma chance.

Conversamos com cinco protetores e adotantes que listaram algumas razões pelas quais devemos olhar com outros olhos para esses pets esquecidos:

“Quando a gente se refere a um cão adulto, ele está pronto, ele cresceu e viveu toda a vida vítima da invisibilidade e tem, em sua velhice, a grande oportunidade de encontrar uma família. O animal idoso é obediente, já entra no novo lar com gratidão, e ele faz de tudo para manter-se ali. Ele sabe observar o dono e perceber a hora de brincar, de dormir e a hora de vigiar. E quando sai na rua, ele não tem pressa nem ansiedade. Temos animais idosos lindos e que infelizmente voltam das feiras de adoção porque não lhe dão oportunidade. São seres como qualquer um, que têm sentimentos e precisam ser olhados.”

Maria Cristina Neves – abrigo Aunimais Aumigos

Aos 11 anos, Afonso foi deixado para trás na mudança da família
Aos 11 anos, Afonso foi deixado para trás na mudança da família - divulgação/Abrigo Aunimais Aumigos

“Todo animalzinho que você levar para sua casa vai te amar incondicionalmente, pois é da natureza dele. Mas ao adotar um animal rejeitado, seja por tamanho, cor ou idade, que passou anos em uma baia, com o mínimo para existir, mas sem se sentir acolhido e amado, você entende o sentido da palavra gratidão. Esse animal não vai apenas te amar, ele será grato por toda vida por você tê-lo salvado.  E qual é o sentido da adoção, se não salvar uma vida pelo amor?”

Luanna Rizzo – ONG Santo Pet

Prático tem 4 anos e é rejeitado em todas as feiras de adoção que participa do Santo Pet
Prático tem 4 anos e é rejeitado em todas as feiras de adoção que participa do Santo Pet - divulgação/Santo Pet

“Mediante a descoberta alarmante da quantidade de seres com deficiência abandonados, aceitei minha missão neste mundo, iria fazer a diferença na vida de alguns seres que atravessassem meu caminho. Tenho cinco gatos com deficiência. Eu diria que todos devem se arriscar nesta empreitada, pois o prazer que isso traz não caberia dentro do mundo todo. Sem sombra de dúvidas, hoje me tornei melhor porque aprendi com eles.”

Simone Gatto – adotante

Gato Paçoca foi adotado após ser abandonado pelo antigo tutor
Gato Paçoca foi adotado após ser abandonado pelo antigo tutor - Ademir Fheliz

“Em abrigos como o nosso, com 80 animais, esses cães com deficiência não conseguem ter a atenção que merecem e são cachorros bons como qualquer outro.”

Wladmir da Cruz – cuida de 80 cães em abrigo em São Paulo

“Quanto ao tamanho, as pessoas deveriam saber que cães são animais de companhia, mais do que espaço grande, eles querem é viver ao lado de seus donos.”

Ana Delgado – adotante

Puff foi adotado por Ana Delgado depois de ser desenganado pelos veterinários
Puff foi adotado por Ana Delgado depois de ser desenganado pelos veterinários - arquivo pessoal

Guia de adoção

Se você tem planos de adotar um companheiro felino ou canino, saiba que essa decisão precisa ser responsável e consciente. Afinal, o tutor deve se comprometer com o bem-estar do animal pelo resto da vida dele.

A ONG AMPARA Animal criou um guia de adoção que pode ajudar a entender melhor esse processo; confira:

1 – A família toda deve consentir, respeitar e, se possível, colaborar para cuidar do novo ente da casa. Se todos dividirem as tarefas no trato do animal, ele estará muito bem acolhido.

2 – Esteja ciente dos custos. Os animais precisam de ração e água à disposição, de um espaço adequado para brincar, não devem ser acorrentados e precisam regularmente de atendimento veterinário.

3 – Não procrie seu animal. A castração é um ato de amor, ela contribui para o controle populacional dos animais, auxilia no comportamento, evita fugas, doenças como câncer e piometra, acaba com disputa territorial, brigas e xixi fora do lugar.

4 – Animais não são descartáveis. Quando for tirar férias, providencie algum lugar para seu amigo ficar ou alguém que vá até a sua casa para cuidar dele.

5 – Gatos precisam de proteção dobrada. Telas e redes de proteção são indispensáveis para que o animal não caia. Além disso, não permita as “voltinhas noturnas”. O animal pode procriar, ser envenenado, se perder ou ser atropelado.

6 – Em caso de cães, passeios são imprescindíveis e devem ser feitos antes das 10h e depois das 16h, ou o sol pode queimar suas patinhas. Lembre-se que as necessidades do animal devem ser recolhidas.

7 – Eduque de forma carinhosa o seu animal. É necessário impor limites, conforme orientação do veterinário responsável, de forma firme, mas nunca cruel.