A7MA: eles moravam juntos em um atêlier; hoje, têm uma galeria que apoia artistas de grafitti e arte urbana
A7MA é uma galeria voltada para a arte urbana na Vila Madelena. Ela foi criada pela sociedade de cinco artistas, Tché Ruggi, Enivo, Jerry Batista do Coletivo 132 e os irmãos Alexandre e Cristiano Enokawa da FullHouse, empresa de serigrafia manual.
A história da A7MA começou quando o Coletivo 132 foi criado, de acordo com Jamile Santos, gerente da galeria. O Coletivo surgiu numa casa na rua Nilo, 132, na Vila Mariana há mais ou menos sete anos. Nessa casa atelier vários artistas moravam juntos e, por isso, o local “tinha muita agitação cultural”, conta Jamile.
Entretanto, com a especulação imobiliária na região, a casa em que o Coletivo começou foi demolida para a construção de prédios. Com isso, os artistas fizeram uma ocupação no lugar, se manifestaram pela destruição em forma de celebração e chamaram esse ato de In – Cômodo. A partir dai os artistas alugaram outra casa, mas, segundo Jamile, precisavam de mais espaço para expor o trabalho deles.
“O graffiti começou a ser reconhecido há pouco tempo”, relata a gerente. Dessa forma, na época os artistas bateram na porta de várias galerias e receberam nãos e disso surgiu à ideia de criar uma galeria própria, a A7MA. Jamile diz que como os sócios têm paredes no Beco do Batman resolveram fixar o coletivo ali mesmo, de frente para ele.
Artistas da Casa
“Temos mais de trinta artistas na casa”, revela Jamile. Todos esses artistas estão de algum modo envolvidos com o Coletivo 132 e com a arte urbana, o graffiti e a parede. Por exemplo, Vovó Nena Madalena é avó de Enivo e sofreu dois AVCs, perdendo a maior parte dos movimentos de seu corpo. Segundo a gerente, o artista incentivou sua avó a pintar como uma forma de terapia. Hoje, as obras dela estão expostas na A7MA.
Os artistas que tem parceria com a galeria não são exclusivos dela. Os três sócios Tché Ruggi, Enivo e Jerry Batista sim. Já as gravuras produzidas pelos irmãos Enokawa são expostas em outros lugares e suas replicas comercializadas na galeria.
“A gravuras têm um preço mais acessível do que as obras, mas possuem valor de arte”, afirma Jamile. O valor de arte seria a valorização comercial da obra, da gravura. A gerente aponta o exemplo de uma das gravuras de Rafael Sliks, um dos artistas da casa. Há dois anos as reproduções das gravuras dele valiam R$ 500, agora, com sold out (todas as reproduções vendidas) delas o preço está em R$ 1500.
Além de artistas brasileiros, a A7MA já exibiu a obra de artistas internacionais, com a argentina Zumi, que já é sócia da galeria, o italiano Etnik e o chileno Daniel Marceli.
Reutilização de Materiais
“Eu vejo muito a reutilização de materiais nas obras”, descreve Jamile. Ela cita a obra de Jerry Batista produzida com base em carteiras escolares que seriam incineradas, mas se transformaram em objetos de arte quando o artista pintou sobre elas.
Da mesma forma, outros artistas que já tiveram espaço na casa trabalham com materiais que seriam considerados lixo, como Arnaldo Pandolfo que trabalha com lonas de caminhão e Etinick, com madeira de demolição.
Prática ilegal
De acordo com Jamile, o estilo dos artistas difere bastante quando o graffiti é passado aos quadros. Bem como os materiais utilizados, o spray é trocado pela tinta a óleo ou acrílica.
“Na rua é ilegal, eles não têm tempo, tem que ser uma coisa mais rápida, menos pensada”, diz a gerente. Para ela, essa ilegalidade é uma das razões que resulta na diferença da arte dos grafiteiros nas paredes e nas telas. Contudo, Jamile afirma que o estilo de alguns deles não difere em nada.
Amostras
As exposições da galeria são mensais. A atual é a Âmago, por Enivo. “Ele é um artista bem inquieto, ele diversas facetas”, conta Jamile. Segundo ela, o artista está sempre buscando novas formas, fazendo coisas diferentes, mudando seu estilo e pinta rua desde os 12 anos, quando conheceu Jerry Batista.
Essa é a primeira amostra de Enivo na galeria e retrata o alcance do âmago, do fundo, a necessidade de se despir das máscaras, sair da bidimensionalidade, o alcance do além da tela, de acordo com a gerennte. Esse trabalho é feito por meio da sobreposição de telas e o corte delas, com tesoura, estilete e fogo.
A exposição também conta com textos que descrevem o artista, sua história ou uma obra especifica segundo Jamile. Saiba mais informações sobre a amostra aqui.
Toda primeira terça-feira do mês às 20h acontece o Sarau do Burro na A7MA. Outros eventos acontecem para promover as exposições e estão ligados ao que o artista daquela ocasião gosta, segundo Jamile, se ele é mais reservado ou não.
A galeria planeja para o mês de dezembro, a partir do dia 14, a exposição anual de gravuras da FullHouse. Depois do Natal ela estará em recesso até o dia 15 de janeiro.
Confira mais sobre a A7MA nesse aqui.
Serviço
Endereço:
Rua Harmonia, 95, Vila Madalena, São Paulo – SP
Telefone: (11) 2861 – 7876
Horário de Funcionamento: Segunda a Sábado, das 11h às 20h.
Site: http://www.a7ma.art.br/
Facebook: https://www.facebook.com/A7MA.ART.BR?ref=ts&fref=ts