Ex-vendedor de balas ganha milhões dando palestras a executivos
“Executivo da calçada”, “guru do marketing”, “encantador de clientes”, “empresário dos doces”. São muitas as denominações para o ex-vendedor ambulante, hoje empresário milionário, David Portes. Aos 58 anos, ele é um exemplo de que com pouco dinheiro e uma visão empreendedora é possível alcançar o sucesso.
Embora tenha estudado só até a sétima série, David Portes é referência nas escolas de marketing e requisitado para palestras e seminários em todo o Brasil e no exterior. Seu público é formado por profissionais de vendas e executivos de grandes empresas como Unilever, Coca-Cola, Nestlé, entre outras.
Para contar sua história de sucesso e ensinar suas lições, ele cobra entre R$12 mil e R$15 mil por cerca de uma hora e meia. Em um mês bom, ele chega a dar 13 palestras. A chave para o sucesso, garante ele, é “trabalhar duro, persistir e nunca desistir”.
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A trajetória para alcançar estabilidade financeira, no entanto, não foi fácil. Portes trabalhou como bóia-fria na região de Campos dos Goytacazes, foi manobrista, e sem dinheiro para pagar o aluguel, chegou a ser despejado de um barraco na Rocinha, no Rio. Sem ter para onde ir, ele e a mulher, que na época estava grávida, tiveram que morar na rua.
R$12 transformados em milhões
Foi no momento mais difícil da vida que Portes viu uma oportunidade de negócio. Com a mulher doente, e sem dinheiro para comprar medicamento, ele pegou R$12 emprestados com o porteiro de um edifício que se solidarizou com a situação. Só que em vez dele comprar o remédio, resolveu comprar doces para vender. Com os R$12, comprou meia dúzia de paçocas e mariolas e conseguiu dobrar o dinheiro. Aí, nascia sua carreira empreendedora.
Marketing popular, slogans e call center dos doces
Depois de um ano ralando na nova atividade, David Portes conseguiu montar uma banca de rua e aí apostou em diferentes estratégias para atrair e fidelizar seus clientes. Entre as ações, estava a distribuição de brindes, serviço de delivery de doces e até um call center, como ele mesmo diz. “Na época, os celulares eram caros, então, eu usava 3 orelhões que ficavam perto da banca para receber os pedidos”, conta ele.
Em certo momento, ao perceber que as vendas tinham caído, David criou uma ação de marketing totalmente diferente. Em parceria com um consultório dentário, passou a oferecer a seus clientes limpeza dental com flúor. O slogan era “A Banca do David suja, mas depois manda limpar”.
Leia a entrevista completa com David Portes:
Da onde vem seu conhecimento sobre marketing?
É tudo intuitivo, eu só estudei até a 7ª série. Eu percebi que eu tinha que chamar atenção dos meus clientes de alguma forma diferente, então, comecei a fazer ações ali na frente da banca, eu não fazia ideia de que o que eu fazia chamava-se marketing.
Quais foram as estratégias de marketing que mais deram certo na sua carreira empreendedora? E por que você as criou?
Fazia desde coisas bem simples, como dar rosas para as minhas clientes no dia das mulheres, até ações maiores, como sortear viagens para Miami com acompanhante com tudo pago, através de uma parceria com uma companhia aérea. Eu aproveitava assuntos que estivessem sendo falados no momento, como quando teve um grande surto de dengue, em que eu fiz uma campanha de conscientização.
Quais foram seus principais slogans na época em que trabalhou como camelô?
Tinham vários. Quando passava um cliente sorrindo, tinha um sino na banca que eu balançava e dizia: “Com esse sorriso o sino fez din don, e quando o sino faz din don você ganha um bombom”. Ele chegava na sua empresa e fazia o marketing boca a boca, no dia seguinte passava um monte de gente rindo lá na frente da banca.
Uma vez eu fiz uma promoção onde sorteava um final de semana para um hotel na montanha (região serrana do Rio) e para chamar atenção dos meus clientes na banca criei o slogan: “ David não é Maomé, mas leva você até a montanha”.
Um slogan bacana também que criei na época, foi quando fiz parceria com um consultório dentário, já que doces causam cáries, fiz um cartão de milhas, onde a cada compra do cliente eu marcava e, ao final, ele ganhava uma limpeza de flúor e tártaro: “A Banca do David suja, mas depois manda limpar”.
Teve algum momento que você achou que o negócio não ia pra frente?
Não, por mais que o tempo estivesse ruim, ou que acontecesse algum problema, eu sempre tive fé no que eu fazia e sempre me dedicava muito.
Como você se tornou palestrante?
No ano de 2000, eu estava na Banca e o telefone no Delivery tocou, e quem estava na linha era o José Carlos Teixeira Moreira, ele disse: “Oi David, estou falando aqui de São Paulo”. Na hora respondi: “Desculpa, não estamos fazendo entrega ainda em São Paulo”. Foi então que ele me falou que queria que eu fizesse uma palestra. Nem sabia o que era isso, pensei até que era para eu ir ao Estádio do Palmeiras, o Palestra Itália. Ele me explicou o que era e topei na hora, afinal de contas, não tinha nada a perder. Fiz uma palestra no Fórum de Marketing Industrial, para 180 maiores empresários do Brasil. Para a primeira palestra não tá ruim não né?! Daí por diante nunca mais parei, já viajei para os quatro cantos do mundo, já são 1.800 palestras realizadas.
Quanto você cobra para dar uma palestra? Quantas, em média, você dá por mês?
Com a crise, ajustei o valor para que as empresas continuassem podendo investir na capacitação dos seus colaboradores. Hoje, varia entre R$12mil e R$15mil. Em um mês bom, faço por volta de 13 palestras remuneradas, para grandes empresas e 5 palestras gratuitas para faculdades e instituições sem fins lucrativos.
Quais as características deve ter um bom empreendedor?
Ter boas ideias são comuns, o que faz um empreendedor ser bom, é tirar as ideias do papel e não ter medo de se arriscar.
Existe alguma chave para o sucesso? Qual seria?
Existe! Trabalhar duro, persistir e nunca desistir. Ir em busca dos seus sonhos, mas como sempre digo, sonhar só à noite, de dia temos que correr em busca dos nossos objetivos.
Quais dicas você dá para quem quer se tornar um empresário de sucesso?
Pesquisar muito sobre o mercado que deseja atuar, estudar seus concorrentes, procurar sempre oferecer os melhores produtos ou serviços, sempre capacitar seus colaboradores e tratar seus clientes como rei.