Atrações naturais e cultura popular alavancam turismo comunitário no Salitre, na Bahia

Turismo fortalece senso de pertencimento, gera renda e revitaliza a cultura local no sertão da Bahia

Conteúdo por Lupa do Bem
02/12/2024 08:15

Maíra Carvalho

Turismo fortalece senso de pertencimento, gera renda e revitaliza a cultura local no sertão da Bahia.
Turismo fortalece senso de pertencimento, gera renda e revitaliza a cultura local no sertão da Bahia. - Carrapicho Virtual

O Vale do Salitre está localizado na zona rural de Juazeiro, no sertão da Bahia. É um local especial, com cachoeira, gruta, muito samba, bumba-meu-boi e terra fértil, onde moradores hospitaleiros abrem suas casas para receber visitantes e trocar experiências. Assim é feito o turismo comunitário com suas atrações naturais e cultura popular.

Foi por meio de um projeto de educação e comunicação popular que a ideia do turismo comunitário foi tomando corpo. A jornalista e historiadora Érica Daiane Costa propôs o projeto no período em que ela ainda cursava a universidade, em 2010: “Para meu trabalho de conclusão de curso, construí junto com a comunidade um jornalzinho impresso chamado Carrapicho, que foi muito bem aceito e por isso demos continuidade”.

A segunda edição do jornal Carrapicho foi impressa em 2015 e divulgada no formato on line em 2016. A internet havia acabado de se popularizar na comunidade por meio da telefonia móvel e Érica, junto com outra jornalista, Gisele Ramos, escreveu um projeto de comunicação e juventude para um edital da ong Brazil Foundation.

“Mas dessa vez fizemos um projeto sem o perfil acadêmico e sim com uma perspectiva mais militante, de trabalho com os jovens da comunidade”, conta Érica. O projeto de comunicação e juventude foi aprovado pela Brazil Foundation e, com o prêmio recebido, as jornalistas realizaram oficinas de produção de conteúdo. “Juntamos os jovens de algumas comunidades do Salitre para participarem das oficinas e quando encerramos o projeto, esse grupo quis continuar fazendo uma comunicação popular, formando o coletivo Carrapicho Virtual”, recorda-se Érica.

Foi por meio de um projeto de educação e comunicação popular que a ideia do turismo comunitário foi tomando corpo.
Foi por meio de um projeto de educação e comunicação popular que a ideia do turismo comunitário foi tomando corpo. - Agencia Chocalho

Ao mesmo tempo, as jornalistas também criaram a agência de comunicação Chocalho e, em parceria com o coletivo Carrapicho Virtual, passaram a desenvolver um novo projeto, dessa vez, de educação e ecoturismo. O objetivo era fortalecer as potencialidades da região por meio das atrações naturais e da cultura popular, incluindo a juventude como protagonista desse processo. 

Daí surgiu a ideia do turismo comunitário. “Nós, da agência Chocalho, entramos com a experiência na elaboração de projetos e coordenação e colocamos a juventude do Carrapicho para protagonizar. A preocupação era promover a geração de renda deles, a partir do potencial local. O turismo comunitário surgiu como essa possibilidade”, esclarece.

O projeto de turismo comunitário do Salitre foi inspirado na experiência de Nova Olinda, uma pequena cidade na região do Cariri, Ceará. “Lá tem a Fundação Casa Grande, que faz um trabalho de comunicação com jovens e turismo comunitário há décadas. Tive a oportunidade de conhecer aquela experiência na época da faculdade e me encantei, aquilo me inspirou para a criação do Carrapicho”, relata Érica. 

O projeto de turismo comunitário do Salitre foi inspirado na experiência de Nova Olinda, uma pequena cidade na região do Cariri, Ceará.
O projeto de turismo comunitário do Salitre foi inspirado na experiência de Nova Olinda, uma pequena cidade na região do Cariri, Ceará. - Carrapicho Virtual

Anos depois, por meio de uma parceria com o governo da Bahia, Érica voltou a Nova Olinda, dessa vez acompanhada dos jovens do Carrapicho. “Vimos na prática que era viável promover o turismo comunitário no Salitre”. Assim, no início de 2020, realizaram o primeiro experimento, recebendo um grupo de 28 jovens do Piauí. 

O roteiro turístico inclui visitas à Cachoeira do Salitre, Cerca de Pedra, Serra do Mulato, Samba de Véio, São Gonçalo e Bumba-meu-boi. “Fazemos um turismo de experiência, de algo que ainda está vivo”, afirma Érica, que nasceu no Vale do Salitre e conta que a região esteve associada até poucos anos atrás com uma imagem negativa, ligada à escassez de água e ao estigma de um lugar atrasado. Mesmo assim, o turismo comunitário conseguiu resgatar o potencial cultural, artístico e natural da região. 

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Maíra Carvalho – Lupa do Bem

Causadora de Educação