Gastronomia Periférica promove capacitação gratuita e inserção no mercado de trabalho
Negócio social oferece cursos e geração de renda no setor de alimentação para pessoas de periferias de todo o Brasil
Maíra Carvalho
Com uma escola que já formou mais de mil pessoas em 23 estados do país, a Gastronomia Periférica oferece capacitação gratuita e inserção no mercado de trabalho do setor de alimentação. A escola leva em consideração a rotina das pessoas que moram na periferia para alcançar seu principal objetivo: “O que faz alguém da quebrada desistir de uma formação é a necessidade de trabalhar. Com o ensino à distância, essa pessoa pode encaixar o curso em qualquer momento da vida dela”, explica Adélia Rodrigues, cofundadora da empresa.
A formação é feita principalmente online: primeiro, os alunos assistem às aulas através de uma plataforma na internet. Depois, é feito um aprofundamento, quando é possível tirar dúvidas com o professor, ao vivo, pela plataforma. Por último, vem a parte prática, para adquirir a técnica, realizada sempre aos finais de semana.
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A pessoa que está passando pela capacitação recebe auxílio internet, cartão alimentação e o valor dos ingredientes para a execução das aulas práticas. Após a formação, há uma nova etapa, que é levar esse aluno ou aluna a trabalhar em um restaurante ou outra iniciativa no campo da alimentação.
Em São Paulo, onde surgiu a empresa, a Gastronomia Periférica ainda mantém seu próprio restaurante, o Da Quebrada, situado na Vila Madalena. “A ideia é que, uma vez capacitadas, as pessoas ocupem um espaço na nossa cozinha e que lá seja um ambiente de inovação”, diz Adélia. Tanto em São Paulo como nos outros estados, a escola faz parcerias com restaurantes e outras iniciativas locais para tentar garantir a empregabilidade dos estudantes.
Ser da quebrada e manter um restaurante na Vila Madalena, uma região privilegiada da cidade, faz parte da trajetória de resistência defendida pela Gastronomia Periférica: “Essa é uma provocação que sempre escuto, de que somos da periferia, mas estamos na Vila Madalena. Mas todos os outros restaurantes daquela região têm pessoas periféricas! A diferença é que nós somos protagonistas desse processo, não ficamos só no fundo da cozinha”, aponta.
Adélia explica que a militância do projeto também vem de suas origens periféricas. Ela é do Maranhão e morou em Ceilândia, periferia de Brasília, antes de se mudar para o Jardim Boa Vista, zona oeste de São Paulo, quando ainda era criança. O cofundador, Edson Leite, é do Jardim São Luiz, zona sul de São Paulo. “Nós dois viemos da periferia e tivemos nossas vidas transformadas pela educação. Mas e quem já é adulto e não teve essa chance? Vivemos em um sistema capitalista, então começamos a nos perguntar como poderíamos olhar para o sistema e levar oportunidades de geração de renda e de investimento social aos adultos. Daí surgiu a ideia da Gastronomia Periférica”, conta Adélia.
A Gastronomia Periférica é um negócio social que funciona por meio de parcerias com empresas privadas. Entre os patrocinadores estão Grupo Carrefour, Mãe-Terra, Fundação Tide Setubal, Grupo BRF, Continental e outros. O projeto “Unidos pela Comida”, realizado em conjunto com a Unilever, por exemplo, combateu a fome ao longo da pandemia.
Um novo restaurante-escola também será aberto por meio de uma parceria com o Instituto Bacarelli, para alimentar as crianças que moram em Heliópolis, a maior favela de São Paulo, e que fazem a formação musical no Instituto. Ao mesmo tempo, todos os projetos da GP são realizados por equipes que já passaram por suas capacitações.
A procura pelo curso é grande e as vagas são insuficientes para atender tantos inscritos. Portanto, para participar da capacitação, antes é preciso passar por uma seleção que segue alguns critérios. Segundo Adélia, as mulheres são prioridade, em especial mulheres pretas, pardas ou indígenas, já que estão entre as mais vulneráveis.
Também há outros critérios de seleção ligados à origem nos territórios, idade e o próprio objetivo do curso que está sendo oferecido: o curso de cozinha e empreendedorismo, por exemplo, prioriza mulheres acima dos 40 anos, devido ao impacto do etarismo. “Precisamos sempre ler o contexto do que está posto socialmente e tentar lidar com isso para conseguir furar as bolhas”, explica.
Quer apoiar essa causa?
É possível fazer as capacitações e doações pelo site.
Para maiores informações, siga as redes sociais da Gastronomia Periférica no Facebook, Instagram e YouTube.
Maíra Carvalho – Lupa do Bem
Causadora de Educação