Instituto Rebbú une dignidade menstrual e capacitação
Projeto estimula a produção de absorventes ecológicos e o combate à pobreza menstrual
Maíra Carvalho
Juliana Gonçalves e Emile Gomes desenvolviam um trabalho de impacto social e ambiental em comunidades periféricas de Manaus quando perceberam que as pessoas atendidas tinham vergonha de falar que precisavam de absorventes.
“Fizemos uma primeira arrecadação e conseguimos 1.500 pacotes, mas entramos em desespero porque no mês seguinte sabíamos que elas voltariam novamente a nos procurar… E foi o que aconteceu!”, recorda-se Juliana.
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Quando se fala em dignidade menstrual, a primeira ideia que vem à cabeça é garantir a distribuição gratuita de absorventes descartáveis. Mas, se por um lado, isso resolve um problema social, por outro, aumenta a produção de lixo e a degradação ambiental.
Afinal, dados apontam que uma pessoa que menstrua utiliza em média 7 mil absorventes descartáveis durante a vida. Poucos países no mundo, no entanto, reciclam absorventes e grande parte desse lixo é descartado em lixões ou direto nas águas, poluindo rios e mares. Considerando que a menstruação atinge metade da população do país, os números ligados ao descarte desse material são alarmantes.
Segundo Juliana, o número excessivo de absorventes necessários para prover a dignidade menstrual às pessoas que atendiam, além de insustentável do ponto de vista ambiental, também limitava o alcance da distribuição. Daí surgiu, então, a ideia de produzir e distribuir absorventes ecológicos na própria comunidade.
Assim surgiu o Instituto Rebbú, que, em ação desde 2022, já capacitou 77 costureiras e costureiros com essa função. Esse processo é feito pelo Instituto Rebbú em parceria com as comunidades atendidas, desde as oficinas até a distribuição dos absorventes às pessoas em situação de vulnerabilidade. Cada pessoa contemplada recebe um kit com três absorventes ecológicos, quantidade considerada suficiente para um fluxo moderado. Os absorventes têm uma durabilidade média de três anos.
A ação foi tão revolucionária que ficou entre os três finalistas do Prêmio LED, de incentivo a projetos inovadores, promovido pela Rede Globo e a Fundação Roberto Marinho. Como resultado, o Instituto Rebbú ampliou sua atuação e vem fazendo parcerias em vários outros estados do país, do Norte ao Sudeste.
“A nossa missão é levar conhecimento e poder de escolha para as pessoas que menstruam. Que elas saibam os impactos ambientais que os absorventes descartáveis geram, saibam que existem outras possibilidades para receber a menstruação e que elas possam escolher”, afirma Juliana.
“Quando a menina começa a usar um absorvente descartável porque viu na propaganda, é mais difícil mudar aquele comportamento, mas é isso que estamos tentando fazer. Hoje, com a questão ambiental, moderno é preservar, é não descartar!”, defende.
Quer apoiar essa causa?
O Instituto Rebbú está fazendo uma campanha de combate à pobreza menstrual no Norte e Nordeste. Para contribuir, clique aqui!
Também é possível ler e assinar o manifesto sobre combate à pobreza menstrual aqui!
Para maiores informações, visite o site do Instituto Rebbú ou siga as redes sociais no Instagram e Linkedin.
Maíra Carvalho – Lupa do Bem
Causadora de Educação