Organização fortalece e impulsiona empreendedorismo feminino no Brasil
O projeto surgiu durante um curso promovido pela Fundação Getúlio Vargas e se dedica à capacitação de mulheres em situação de vulnerabilidade
Aline Louzano
Em 2010, determinada a empreender, Ana Fontes foi selecionada para o Programa 10 mil Mulheres da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Como sabia que nem todas as mulheres teriam essa chance, criou um blog e um grupo no Facebook para compartilhar o que estava aprendendo, utilizando uma linguagem simples e acessível.
Temas como medos, dúvidas e os desafios de ser empresária eram recorrentes. Assim, decidiu criar a Rede Mulher Empreendedora (RME), sem imaginar o impacto social que causaria em milhares de vida. “A organização se destaca por oferecer serviços a empresas que compartilham a crença no empreendedorismo feminino”, explica Ana.
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Atualmente, a RME possui programas, projetos e eventos voltados para capacitar, conectar e apoiar as que desejam empreender ou fortalecer seus negócios. Para isso, promove formações em áreas como finanças, marketing, liderança e gestão de negócios. Além disso, em quase 15 anos, já impactou mais de 15 milhões de mulheres, direta e indiretamente.
“Ainda possuímos um programa de mentoria que apoia as empreendedoras com orientações e dicas profissionais para seus negócios”, acrescenta.
A instituição também colabora com entidades financeiras para facilitar o acesso a financiamentos e microcréditos destinados a mulheres, além de trabalhar para conscientizar a sociedade sobre a importância do empreendedorismo feminino. Ainda realiza políticas públicas e debates, dá visibilidade aos negócios ao conectá-los com clientes e parceiros e realiza programas que integram empreendedoras a grandes empresas.
Para ampliar os conhecimentos, o projeto também organiza o Festival RME, que as ajuda a alavancar seus negócios por meio de palestras, mentorias especializadas e networking. A edição de 2025 acontecerá nos dias 3 e 4 de outubro, no Expo São Paulo.
Mensalmente, também acontecem os Cafés com Empreendedoras, nos quais as participantes assistem a palestras sobre diversos temas e realizam networking. Há ainda a possibilidade de participar das capacitações tanto online quanto presencialmente, em várias cidades do país. Os cursos, suas modalidades e vagas são anunciados pelas redes sociais.
Impacto social
De acordo com o Painel de Informações do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho e Emprego, havia 642.892 mulheres em postos de trabalho no Brasil em 2023, representando uma queda de 32%.
Por outro lado, a pesquisa Empreendedorismo Feminino 2022, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), apontou um aumento de 30% no número de empreendedoras entre 2021 e 2022, totalizando 10,3 milhões de mulheres donas de seus próprios negócios — um recorde desde o início do levantamento, em 2016.
A pesquisa também revelou que 34,4% atuam no setor de serviços. Os estados com maior proporção de mulheres à frente de negócios são: Rio de Janeiro (30%), Ceará (38%), São Paulo (37%) e Goiás (36%).
Sabendo das dificuldades enfrentadas por aquelas que decidem empreender, neste ano, a Rede Mulher Empreendedora firmou um acordo de cooperação com o Ministério de Empreendedorismo, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte (MEMP). “O programa se chama Ela Pode e capacita, oferece mentorias e, posteriormente, fornece capital semente (concessão de crédito ou aporte financeiro para startups em fase de desenvolvimento)”.
“Esse acordo visa atender, especificamente, a região Nordeste e mulheres em situação de vulnerabilidade que buscaram apoio nos aparelhos públicos vinculados ao Ministério. Serão 17 mil impactadas até 2025”, acrescenta.
Em novembro, a RME lançou o curso Bora Empreender com Comida, em parceria com a Ambev, tendo já alcançado cerca de 1.600 alunas. O objetivo é alcançar 2 mil participantes. Por isso, as inscrições para o programa foram prorrogadas até 30 de março.
O curso é composto por etapas que incluem mentorias coletivas e individuais, além de apoio financeiro. Não há restrições para participar, mas, para receber o suporte financeiro, é necessário atender a alguns requisitos, como ter um negócio em funcionamento no ramo de alimentação, concluir as etapas anteriores do curso e se identificar como mulher.
Ação de solidariedade que transforma vidas
A solidariedade é uma marca da Rede Mulher Empreendedora, assim, muitas histórias marcaram a trajetória do projeto, como a de uma aluna de Belém (PA), que recebeu uma doação e conseguiu comprar um carrinho de sorvete para vender geladinhos.
“Também tivemos a Ana, que começou a fazer brigadeiros para complementar a renda e, com o nosso apoio, passou a produzir brigadeiros gourmet, alcançando tanta demanda que não dava conta de atendê-la”.
Quem participa da instituição também destaca a importância das conexões criadas, que fortalecem o empreendedorismo feminino. “Buscando uma oportunidade de investir no meu negócio, me inscrevi no Venda Vencedora. O treinamento foi muito enriquecedor. A troca de conhecimentos e ouvir as dificuldades de outras empreendedoras me fez perceber que não estou sozinha”, contou a artesã Luciana Domingos Nascimento.
Já Denise Rocha, moradora da Ilha das Onças, no Pará, participou do Ela Pode. Depois, voltou ao instituto, mas agora como professora de português. “Desta vez, o programa foi ministrado para nossas moradoras ribeirinhas, incentivando-as a se tornarem futuras empreendedoras, mulheres de garra e força”.
Saiba como apoiar a Rede Mulher Empreendedora
São aceitas mulheres voluntárias que desejam compartilhar seus conhecimentos como mentoras ou palestrantes nos eventos. Para participar, é necessário realizar um cadastro. Já as doações podem ser feitas diretamente ao Instituto RME clicando aqui. Para mais informações, visite o site e siga o perfil do projeto no Facebook, Instagram e LinkedIn ou entre no grupo Empreendedoras RME no Facebook.
Aline Louzano – Lupa do Bem
Causadora de Educação