Projeto transforma materiais recicláveis em roupas e empregos em São Paulo

ONG Renaissance oferece cursos de corte e costura e tem a moda sustentável como principal pilar

Por Lupa do Bem em parceria com Aline Louzano (Repórter do Lupa do Bem)
21/03/2025 12:45

Em novembro, a ONG foi convidada pela Unesco para participar do desfile de abertura da Conferência Nacional pelos ODS, realizada na Câmara Municipal de São Paulo
Em novembro, a ONG foi convidada pela Unesco para participar do desfile de abertura da Conferência Nacional pelos ODS, realizada na Câmara Municipal de São Paulo - Divulgação

Fundada em 1914, na cidade de São Paulo, a ONG Renaissance tem como propósito oferecer oportunidades e desenvolver habilidades para os menos favorecidos. Dessa forma, o projeto familiar vem impactando a vida de 18 comunidades paulistas.

A organização oferece cursos de informática e ginástica laboral, além da doação de cestas básicas e da realização de atividades na Vila dos Idosos, no bairro do Pari — um conjunto residencial exclusivo para a terceira idade. No entanto, o carro-chefe do projeto é a moda.

Com sede no Shopping Circuito de Compras, no bairro do Brás, são oferecidas aulas como corte, costura e modelagem. “As pessoas começam com uma noção geral da parte teórica, da sustentabilidade e de sua importância. Depois, entramos na parte de customização e patchwork (técnica de costura que consiste na união de pedaços de tecido para formar uma peça maior). Deixamos os alunos bem livres para exercitar a criatividade”, explica Luciana Leite, coordenadora da ONG.

Os cursos, em média, duram três meses e atendem cerca de 30 alunos. As novas turmas são divulgadas no Instagram, mas, segundo Luciana, a divulgação boca a boca é ainda mais forte. Para participar, é necessário ter no mínimo 18 anos.

Os cursos, em média, duram três meses e atendem cerca de 30 alunos
Os cursos, em média, duram três meses e atendem cerca de 30 alunos - Divulgação

Ao final de cada curso, é realizado um desfile. “Os alunos são avisados no início das aulas, para que já comecem a entender como organizar um desfile do início ao fim. É muito prazeroso para eles verem como funciona”, conta Luciana.

Em novembro, a ONG foi convidada pela Unesco para participar do desfile de abertura da Conferência Nacional pelos ODS, realizada na Câmara Municipal de São Paulo. Na ocasião, uma das peças apresentadas foi entregue como presente a Mia Mamede, Miss Brasil 2022, que atua como porta-voz dos ODS da ONU e embaixadora do Instituto ODS, tendo discursado no evento.

Moda sustentável e geração de renda

Um estudo da Fundação Ellen MacArthur revela que a indústria da moda já liberou mais de 1,2 bilhão de toneladas de gases tóxicos na atmosfera. Além disso, uma peça de roupa é usada 36% menos vezes antes de ser descartada, se comparada ao início dos anos 2000.

Por outro lado, uma pesquisa da fintech Koin indica que cerca de 87% dos brasileiros preferem comprar roupas de marcas que adotam práticas sustentáveis. Entre os principais fatores que influenciam essa escolha estão o tipo de tecido (31,1%), a origem dos materiais (18,6%), o processo de produção (12,4%), o apoio a causas ambientais (11,2%) e as práticas de reciclagem e logística reversa (4,3%).

Atenta ao mercado e consciente do impacto do setor no planeta, a ONG passou a oferecer cursos voltados para a moda sustentável. “Estamos conscientizando sobre a importância do consumo circular, de reaproveitar as peças e transformá-las em novos produtos lindos. Além disso, buscamos mostrar que essas pessoas podem desenvolver novas profissões dentro da moda circular”, explica Luciana.

Luciana ressalta que qualquer material consegue se transformar em uma peça de roupa, como tampinhas de garrafa PET e jornais, que podem dar origem a roupas incríveis. “É envolvente ver os alunos saindo da caixinha, porque nós damos a base e eles vão se envolvendo e criando”, afirma.

Ao final, muitos alunos deixam empregos informais para trabalhar com carteira assinada, enquanto outros passam a empreender
Ao final, muitos alunos deixam empregos informais para trabalhar com carteira assinada, enquanto outros passam a empreender - Divulgação

Ela explica que, ao final, muitos alunos deixam empregos informais para trabalhar com carteira assinada, enquanto outros passam a empreender.

Ainda com foco na sustentabilidade, a ONG, em parceria com a Unesco, criou a Usina de Reciclagem. No entanto, a iniciativa ainda não está em funcionamento, pois aguarda a liberação de um espaço adequado pela prefeitura.

“Eu acredito que esse projeto vai ajudar muito o Brás, porque, infelizmente, no final do dia, há um grande descarte de tecidos e retalhos, e, quando chove, tudo entope. A Usina ajudaria ao retirar esses resíduos, reaproveitá-los e ainda gerar empregabilidade”, conclui Luciana.

Saiba como ajudar

A ONG Renaissance aceita voluntários e doações. Para saber mais, acesse o site ou entre em contato pelo Instagram.