10 acontecimentos que valem lembrar no Dia da Consciência Negra
Neste Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é importante parar e fazer uma retrospectiva de 2016: o que progrediu e o que precisa melhorar para que o racismo seja extinto de uma vez por todas da nossa sociedade?
Ao longo do ano, o Catraca Livre publicou um sem-número de matérias sobre a temática. Abaixo, destacamos alguns acontecimentos que valem lembrar nesta data.
Confira:
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1. A São Paulo Fashion Week foi tomada por modelos negros da grife do Emicida
Na edição deste ano do São Paulo Fashion Week, a Laboratório Fantasma, grife assinada por Emicida e Fióti, fez do evento pela primeira vez. A estreia, no entanto, não foi nada convencional e causou reações positivas do público.
Além das roupas, o que chamou atenção foram os modelos: negros, brancos, gordos, magros, mulheres, homens, gays e héteros.
2. Pela segunda vez na história, uma negra foi eleita Miss Brasil
Raissa Santana, representante do Paraná, foi eleita miss Brasil em 1º de outubro deste ano. Ela foi a segunda negra a vencer a edição do concurso. A primeira foi Deise Nunes, em 1986.
Vale lembrar que esta edição contou, pela primeira vez, com seis candidatas negras, uma delas de São Paulo.
3. Djamila Ribeiro foi nomeada secretária-adjunta de Direitos Humanos de São Paulo
Em maio deste ano, durante a gestão do prefeito Fernando Haddad, a filósofa e militante nos movimentos negro e feminista Djamila Ribeiro foi nomeada secretária-adjunta de Direitos Humanos de São Paulo.
Dias antes do anúncio, ela esteve na redação do Catraca Livre para responder alguns dos comentários machistas publicados quase que diariamente na Fanpage do site. Veja aqui o resultado desse encontro.
4. A primeira medalhista de ouro do Brasil nas Olimpíadas foi uma negra
Derrotada nas Olímpiadas de Londres em 2012, a judoca Rafaela Silva teve que enfrentar na época comentários racistas que quase a fizeram abandonar o esporte.
Quatro anos depois, ela entrou para a história ao conquistar em casa a primeira medalha de ouro para o Brasil na Rio 2016. A resposta entalada na garganta foi dada durante uma entrevista após a conquista: “O macaco que tinha que estar na jaula hoje é campeão”, disse a judoca à TV Globo.
5. MC Soffia e Karol Conka brilharam na abertura das Olimpíadas
Karol Conká e MC Soffia arrasaram na abertura da Olimpíada em agosto deste ano.
As rappers são conhecidas por expor a realidade das mulheres negras no Brasil, enfrentando tanto o machismo quanto o racismo.
6. Blue Ivy, filha de Beyoncé e Jay-Z, sofre ataques racistas na web
Beyoncé simplesmente arrasou no VMA deste ano, mas Blue Ivy, filha da cantora com o rapper Jay-Z, foi alvo de uma chuva de críticas (e de racismo) nas redes sociais.
Quando Beyoncé compartilhou no seu Instagram uma foto com a filha, muitos de seus seguidores disseram que a menina era feia e fizeram comentários cheios de racismo em outras redes sociais, chegando a compará-la a um macaco. O pior é que essa não é a primeira vez que a criança sofre ataques desse tipo: em 2014, fizeram uma petição online pedindo para que Beyoncé e Jay-Z “cuidassem melhor do cabelo de Blue Ivy” e que “o penteassem”.
7. Eleito vereador de SP, Fernando Holiday quer acabar com cotas raciais, ‘vitimismo’ e feriado
O vereador eleito, Fernando Holiday (DEM), que assumirá o cargo em janeiro de 2017, diz que pretende acabar com cotas raciais, “vitimismo” (colocamos a palavra entre aspas por não acreditarmos que exista tal comportamento) e também com o feriado do Dia da Consciência Negra.
8. Matança de negros nos EUA despertou um protesto emocionante
Uma americana negra se filmou pintando seu corpo de branco como um protesto contra os recentes tiroteios policiais nos Estados Unidos.
Tashala Dangel Geyer, que é de Daytona Beach, Florida, fez uma transmissão ao vivo no Facebook por cerca de 40 minutos, em sua casa. E diversos trechos foram publicados no YouTube e Instagram.
9. A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no Brasil
O relatório final da CPI do Senado sobre o Assassinato de Jovens no Brasil, divulgado em junho deste ano, revelou que um jovem (de 15 a 29 anos) negro é assassinado no país a cada 23 minutos.
De autoria do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o relatório da CPI tomou por base os números do Mapa da Violência, realizado desde 1998 pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz.
10. Donald Trump foi eleito presidente dos EUA
Com simpatizantes como o Partido Nazista e a Ku Klux Klan, Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos. Em uma entrevista recente à BBC, Chimamanda Adichie deu a melhor resposta a quem acha que o magnata não é racista.
“Me desculpe, mas você é branco, então não é você que decide o que é ou não racismo”, disse a escritora para Emmett Tyrrel, editor da American Spectator e também convidado do programa.
Dia da Consciência Negra
Nesta data, que propõe uma reflexão sobre a cultura negra e seu impacto na formação da sociedade brasileira, relembre o legado do líder da república dos Palmares.
Zumbi: vida e morte do líder dos Palmares (Informações: Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades)
“A cronologia da morte de Zumbi dos Palmares começa mesmo antes de seu nascimento. Em 1600, escravos negros foragidos dos engenhos de açúcar de Pernambuco fundam, na Serra da Barriga (CE), o Quilombo dos Palmares – 30 mil passam a morar na região.
Em 1644, após 14 anos de presença no nordeste brasileiro, os holandeses falham na invasão ao Quilombo. Em 1654, eles são expulsos pelos portugueses do nordeste. Zumbi nasceu em 1655, em um dos acampamentos no Quilombo.
Ainda jovem, ele foi aprisionado em 1662 e dado ao padre Antonio Melo que o batizou como Francisco. Ele ensinou ao jovem latim e português e, por sua vez, passou a ajudar o sacerdote em suas missas.
Durante 14 anos, entre 1680 e 1694, Zumbi liderou a República dos Palmares retaliando e afastando os ataques das tropas portuguesas. Porém, em 1694, com apoio da artilharia, os portugueses derrotaram Zumbi e destruíram a República dos Palmares.
Ferido e derrotado na Cerca do Macaco – principal mulambo dos Palmares – Zumbi ainda consegue fugir dos militares portugueses comandados por Domingos Jorge Velho e Vieira de Mello.O líder negro ainda conseguiu viver durante um ano, até ser denunciado por um antigo companheiro. Zumbi foi localizado pelos portugueses, preso e degolado em 20 de novembro de 1965.
Zumbi lutou até a morte contra a escravidão, que só viria em 1888, com a abolição oficial da escravatura no Brasil, cerca de 193 anos após sua morte”.
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