23 tartarugas morrem no Ceará após manchas de óleo

Bahia decretou estado de emergência nesta segunda-feira, 15, por causa da contaminação

Não há confirmação da causa da morte das tartarugas, mas a principal suspeita é a de contaminação pelo óleo
Créditos: Divulgação
Não há confirmação da causa da morte das tartarugas, mas a principal suspeita é a de contaminação pelo óleo

Desde o início do surgimento de manchas de óleo no Nordeste, o número de tartarugas encontradas mortas no litoral do Ceará já chega a 23, até esta terça-feira, 15.

Segundo um levantamento divulgado pelo Instituto Verdeluz, são 21 animais. No entanto, apenas no último fim de semana, o portal G1 apurou que ao menos mais duas tartarugas apareceram mortas nas praias do estado.

Ainda não há confirmação da causa das mortes, mas a principal suspeita é a de contaminação pelas manchas de óleo que atingiram o litoral nordestino.

Um dos animais foi encontrado na praia de de Beberibe, no litoral leste do estado. Outro, já em decomposição, foi avistado na praia da Taíba, no litoral oeste. Nesta segunda-feira, 14, mais uma tartaruga adulta, com manchas de óleo na região do pescoço, foi localizada sem vida na praia do Porto das Dunas, em Fortaleza.

De acordo com o Verdeluz, a orientação para quem encontrar alguma tartaruga morta é medir o comprimento e a largura do casco, anotar as coordenadas do local e tirar fotos do animal. Depois, repassar todo o material à instituição.

Caso a pessoa encontre um animal vivo, primeiramente, é preciso avisar o Instituto Verdeluz. O manejo de tartarugas marinhas só deve ser realizado por meio de uma licença do Ibama.

Enquanto a equipe não chega, é necessário isolar a área, oferecer sombra e manter o animal na areia com tecidos úmidos sobre o casco. Outra orientação é nunca manter o animal virado com o ventre para cima.

Manchas de óleo atingem o litoral do Nordeste desde o fim de setembro
Créditos: Adema/Governo de Sergipe
Manchas de óleo atingem o litoral do Nordeste desde o fim de setembro

Bahia decreta estado de emergência

O governador em exercício do estado da Bahia, João Leão, assinou nesta segunda-feira, 14, três documentos que visam ajudar o estado a conter a mancha de óleo que se espalha rapidamente pelo litoral da região Nordeste. Entre eles, a declaração de emergência nos municípios afetados pelo desastre. As informações são da Agência Brasil.

O decreto permite que verbas contingenciais sejam usadas na contenção do óleo. João Leão assinou também um termo de recebimento de ajuda da sociedade civil e uma carta pedindo apoio ao governo federal.

“O decreto tem o intuito de nos ajudar a resolver o problema. Ele trata da participação do Estado e dos municípios neste processo para nos habilitar a receber recursos federais. O segundo documento é sobre a cooperação dos capelães do Brasil, que nos ofereceram 5 mil pessoas [voluntários]. Já o terceiro solicita o apoio da Petrobras, que é quem entende do assunto”, explicou o governador.

De acordo com a secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia, 35 toneladas de óleo já foram retiradas do litoral. A coleta do material contaminado é feita por uma força-tarefa composta por bombeiros, Defesa Civil e funcionários municipais.

“Estamos intensificando o trabalho principalmente nas regiões onde há dificuldade de acesso, porque nas zonas mais urbanas as prefeituras têm atuado junto com o Governo do Estado. Nós temos colocado para as cidades a possibilidade não somente do decreto de emergência ambiental, como também equipamentos e materiais que permitem a retirada”, declarou o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Francisco Telles.

O governo da Bahia emitiu, ainda, um alerta para a população para que não entre em contato direto com o óleo e não toque ou remova resíduos contaminados.

Manchas de óleo

A presença da manchas de óleo no litoral nordestino foi notada no fim de agosto. A primeira localidade onde, segundo o relatório do Ibama, a contaminação foi comunicada, fica na Praia Bela, em Pitimbu (PB), onde os fragmentos de óleo foram avistados no dia 30 de agosto. A partir daí, a substância escura e pegajosa se espalhou pelos nove estados do Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe).

A Polícia Federal (PF), a Marinha e os órgãos ambientais do Brasil tentam agora esclarecer como o material chegou às águas territoriais brasileiras e poluiu trechos do litoral nordestino. De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, entre as hipóteses estão um possível vazamento acidental em alguma embarcação ainda não identificada; um derramamento criminoso do material por motivos desconhecidos ou a eventual limpeza do porão de um navio.

Ao participar de uma audiência pública na Câmara dos Deputados, na semana passada, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que análises laboratoriais confirmaram que a substância não provém da produção da estatal petrolífera.