2ª Mostra Ecofalante: A questão indígena

Filmes e debates desta segunda-feira discutem a questão indígena e a situação de povos e tradições que, ainda hoje, perdem lugar para o progresso e a modernidade

27/05/2013 15:39 / Atualizado em 04/05/2020 11:47

Recentemente chegou ao conhecimento de muitas pessoas a questão dos índios Guarani-Kaiowá que, cansados de travarem com o agronegócio uma luta pela terra onde nasceram, disseram em carta aberta que preferiam morrer a abandonar o lar. O episódio mostrou a grande parte da população o quão distante ela está da realidade e dos problemas de povos como esse.

É justamente essa a discussão que a 2ª Mostra Ecofalante propõe nesta segunda-feira, 27, com a exibição do filme brasileiro Desterro Guarani (Guarani Exile/ BRASIL/ 2011/ 38’/ Ariel Ortega, Patrícia Ferreira, Ernesto Ignacio de Carvalho e Vincent Carelli) e com o debate “A questão indígena”, que acontecem no Cine Livraria cultura respectivamente às 19h e às 20h30.

O objetivo  da discussão é pensar como, em nome do progresso, são ignoradas décadas ou mesmo séculos de tradição. Mais que isso, como o cinema surge nesse contexto, ora como ferramenta de luta para esses povos, ora como registro de uma realidade em extinção.

O que têm os índios

Para o jornalista Washington Novaes, que há 50 anos trata da questão em diversos veículos, o problema da sociedade civilizada é a forma como ela vê o índio. “Nós vemos o índio não pelo que ele tem, mas pelo que ele não tem”, diz, “isto é, a sociedade olha para o índio e vê que ele não tem roupa, não tem tecnologia, não tem trabalho. Achamos que ele é um ser ocioso e que só causa problema, ocupando terras que não deveria ocupar.”

Para que povos como os Guarani-Kaiowá não desapareçam, é preciso inverter essa percepção do indígena. “Precisamos entender a qualidade dos índios. Eles não têm um chefe, são autossuficientes e têm livre acesso às informações de sua comunidade”, explica Novaes. “Mas em vez de nos espelharmos nessas características preferimos continuar com uma visão deturpada do ser diferente. E assim vamos massacrá-lo, como está sendo massacrada a maior etnia indígena do Brasil, a Guarani-Kaiowá”, conclui o jornalista.

Além de Novaes, estarão presentes no debate o folclorista e professor da USP Marcos Ferreira Santos e o antropólogo e ativista Beto Ricardo.