A cada 3 mulheres assassinadas no Brasil, 2 são negras

Dados do Atlas da Violência 2020 apontam que as mulheres negras têm 64% mais risco de ser assassinadas do que as brancas

20/11/2020 09:44

As mulheres negras têm 64% mais risco de serem assassinadas do que brancas no Brasil. Segundo o Atlas da Violência 2020, para cada mulher branca vítima de homicídio no ano passado, cerca de duas eram negras.

No ano passado, foram 1.326 mulheres mortas, uma alta de 7,1% na comparação com o ano anterior, de acordo com o Anuário de Segurança Pública. Do total de vítimas, 67% tinham a mesma cor: negra. As informações são da Folha.

Dados do Atlas da Violência 2020 apontam que as mulheres negras têm 64% mais risco de ser assassinadas do que as brancas
Dados do Atlas da Violência 2020 apontam que as mulheres negras têm 64% mais risco de ser assassinadas do que as brancas - Fernando Frazão/Agência Brasil

As mulheres negras são muito mais vulneráveis ao feminicidio, uma vez que elas representavam apenas 52,4% da população feminina nos estados que compõem a base de dados do Atlas.

Embora o número de feminicidios tenha apresentado redução de 8,4% entre 2017 e 2018, se verificarmos o cenário da última década, veremos que a situação melhorou apenas para as mulheres não negras, acentuando-se ainda mais a desigualdade racial.

Entre 2008 e 2018, enquanto a taxa de homicídio de mulheres não negras caiu 11,7%, a taxa entre as mulheres negras aumentou 12,4%.

Em 2018, 68% das mulheres assassinadas no Brasil eram negras. Enquanto entre as mulheres não negras a taxa de mortalidade por homicídios no último ano foi de 2,8 por 100 mil, entre as negras a taxa chegou a 5,2 por 100 mil, praticamente o dobro.

Quando se observa o total de vítimas de homicídios, as mulheres correspondem a 8% dos assassinatos, mas o risco para as negras de serem vítimas é 64% maior do que para as brancas.

“A maior concentração de feminicídios entre as mulheres negras reforça, mais uma vez, a situação de extrema vulnerabilidade socioeconômica e à violência a que este grupo populacional está submetido”, afirma o Anuário. Leia aqui a íntegra da reportagem.