‘Achei que iria morrer como George Floyd’, diz mulher pisoteada por PM

O caso ganhou repercussão nacional após ser exibido domingo, no Fantástico, da TV Globo

14/07/2020 17:49

A mulher de negra, de 51 anos, que teve o pescoço pisado por um agente da Polícia Militar (PM) de São Paulo, em Parelheiros, bairro do extremo Sul da capital paulista, afirmou nesta terça-feira, 14, que momentos antes de desmaiar lembrou de George Floyd, o homem negro que foi assassinado por asfixia nos Estados Unidos ao ter o pescoço prensado pelo joelho de um policial.

‘Achei que iria morrer como George Floyd’, diz mulher pisoteada por PM
‘Achei que iria morrer como George Floyd’, diz mulher pisoteada por PM - Reprodução/TVGlobo

“Eu acompanhei o caso do rapaz que morreu sufocado e, quando eu estava sendo agredida, eu lembrei da imagem dele. Eu achei que iria morrer que nem ele”, contou a vítima que não quis se identificar, ao programa “Encontro”, da TV Globo.

A vítima ainda contou que a agressão que sofreu não era esperada. “Eu nunca fui abordada. Então, para mim, isso foi uma surpresa. Eu sempre tratei eles com respeito e eles a mim.”

Entenda o caso

A agressão aconteceu no dia 30 de maio e ganhou repercussão nacional depois que o programa Fantástico, da TV Globo, divulgou as imagens em uma reportagem, no último domingo, 12 de julho.

Após a abordagem extremamente violenta, a vítima precisou ser levada ao hospital, com ferimentos no rosto e a perna quebrada. “Quanto mais eu me debatia, mais ele apertava a botina no meu pescoço”, disse, na entrevista a Globo.

As imagens gravadas por um celular mostram um dos policiais apoiando o pé esquerdo no pescoço da mulher e pressionando a boca dela no chão. Mais adiante, o policial levanta o pé direito para concentrar o peso do seu corpo no pé que está no pescoço da vítima.  Em seguida, o PM arrasta a mulher pelo asfalto.

A Polícia Militar de São Paulo informou que os dois policiais ficarão afastados durante a apuração do caso. A Secretaria de Segurança disse que não compactua com esse tudo de procedimento.

De acordo com o governo de São Paulo, os policiais foram afastados de suas funções e estão sendo investigados. “As cenas exibidas no Fantástico causam repulsa. É inaceitável a conduta de violência desnecessária de alguns policiais” tuitou no domingo, o governador do estado de São Paulo, João Doria.

Pelo Twitter, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que as cenas exibidas pelo Fantástico “geram repulsa” e classificou a ação dos PMs como “inaceitável”.

“Os policiais militares que agrediram uma mulher em Parelheiros, na Capital de SP, já foram afastados e responderão a inquérito. As cenas exibidas no Fantástico causam repulsa. Inaceitável a conduta de violência desnecessária de alguns policiais. Não honram a qualidade da PM de SP”, escreveu o governador.

Como denunciar violência policial

Casos como esse da mulher preta que foi pisada no pescoço por um PM não são, infelizmente, raros no Brasil. Diante da retórica política que acena aos anseios de uma sociedade refém do próprio medo, a violência por parte da polícia ganha holofote, palanque e aplausos no Brasil da nova era.

Por isso, a Catraca Livre destaca diferentes ferramentas de denúncia contra a violência policia que, vale frisar, pode ir além da agressão física. Configura-se também pela intimidação moral, no uso ilegal e ilegítimo da força ou da coação. Confira aqui.