Adriano temia morrer como ‘queima de arquivo’, diz advogado
Miliciano morreu na manhã deste domingo após trocar tiros com policiais na Bahia
Paulo Emílio Catta Preta, advogado de defesa de Adriano Nóbrega, disse que o seu cliente afirmou em uma ligação que tinha certeza de que havia um plano de “queima de arquivo” contra ele. A viúva de Nóbrega fez o mesmo relato a Catta Preta.
Capitão Adriano é ex-policial militar do Rio e principal suspeito da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em 2018. Ele estava foragido há mais de um ano.
“Ele me disse: ‘doutor, ninguém está aqui para me prender. Eles querem me matar. Se me prenderem, vão matar na prisão. Tenho certeza que vão me matar por queima de arquivo’. Palavras dele”, contou Catta Preta.
Segundo o advogado, essa foi a primeira vez que os dois conversaram diretamente. O telefonema foi feito na última terça-feira. Antes, ele só tratava da defesa por meio de familiares.
O miliciano morreu neste domingo, 9, após confronto com policiais militares na zona rural de Esplanada (BA). Ele foi baleado e socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. O ex-PM era apontado como chefe do chamado Escritório do Crime.
Ligação com a família Bolsonaro
Adriano atuou no 18º Batalhão da PM com Fabrício Queiroz, o ex-assessor de gabinete de Flávio Bolsonaro, investigado por lavagem de dinheiro na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj).
A mãe e a mulher do miliciano trabalhavam no gabinete do filho do presidente e teriam sido contratadas por indicação de Queiroz.
Nóbrega estava sendo procurado após uma denúncia ao Ministério Público por atuar com grilagem de terras; compra, venda e aluguel irregular de imóveis; cobrança irregular de taxas da população local; e extorsão e na receptação de mercadoria roubada na comunidade Rio das Pedras.