Advogada que respondeu colega negra com emoji de banana vira ré
O valor mínimo sugerido para a causa é de R$ 6 mil em indenização
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal tornou ré a advogada Isabela Bueno de Sousa, de 49 anos, por injúria racial. A defensora é acusada de usar emoji de banana para responder uma colega de profissão negra em um grupo de WhatsApp.
O TJDF acatou denúncia apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) após a advogada Thayrane da Silva Apóstolo Evangelista, de 31 anos, ingressar no órgão com uma representação criminal contra a colega de profissão. O caso foi revelado pelo site Metrópoles, em janeiro deste ano.
Na denúncia, os promotores explicaram a referência racista na ocasião de uso da fruta.
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“As bananas são historicamente utilizadas como ofensas raciais uma vez que utilizadas metaforicamente para relacionar pessoas negras aos primatas macacos, reforçando o estereótipo de subalternidade social desse segmento populacional, tratando-se, claramente, de uma ofensa à honra que faz referência à cor e raça da vítima”, considerou o MPDF.
No processo, Thayrane afirma que mandou um GIF no grupo de WhatsApp, intitulado Liga da Justiça, composto por mais de 200 advogados, e foi respondida com imagens de bananas. Sem entender, ela disse que questionou o comentário da colega. Já Isabela, a acusada, escreveu que foi uma “reserva de pensamento” e que pensou “alto”.
O valor mínimo sugerido para a causa é de R$ 6 mil em indenização.
Como denunciar racismo
Casos como esses estão longe de serem raros no Brasil. Para que eles diminuam, é fundamental que o criminoso seja denunciado, já que racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89. Muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.
Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.
A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.