Agora ministro, Moro afirmou que ‘jamais entraria na política’
O juiz federal Sergio Moro aceitou convite de Jair Bolsonaro e será o próximo ministro da Justiça do Brasil
Após a confirmação de Sergio Moro como futuro ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro a partir de 2019, começou a viralizar nas redes sociais entrevistas antigas do juiz, que ficou conhecido por sua atuação à frente da Operação Lava Jato, nas quais ele afirma, peremptoriamente, que “jamais entraria na política” por ser um “homem da justiça”.
Segundo o magistrado, ser político não é um “demérito”, no entanto, para ele, essa área jamais foi um sonho de consumo.
“Não, jamais. Jamais. Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem de política”, afirmou Moro ao jornal O Estado de S.Paulo, no dia 5 de novembro de 2016.
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Na ocasião, o então titular da Lava Jato em Curitiba ressaltou que a política é “uma atividade importante”, mas que, para ele, como juiz, estava “em outra realidade, outro tipo de trabalho, outro perfil”, logo, “não existe jamais esse risco”, dele se tornar político.
Em outubro de 2017 Sergio Moro voltou a afastar qualquer possibilidade, por mais remota que fosse, dele, porventura, entrar no mundo político.
“Minha vocação é outra. Eu sou juiz e pretendo permanecer como juiz”, salientou o magistrado à GloboNews.
Ainda naquele ano, Moro voltou a tocar no assunto, dessa vez em entrevista ao O Globo. Na ocasião, ele foi questionado sobre juízes que adentravam a política.
“É complicado, de antemão, fazer qualquer juízo de um magistrado que queira partir para a vida política. Tem todo o direito de fazê-lo. Mas minha escolha pessoal é permanecer como magistrado”.
Lava Jato
Em sua atuação como juiz titular da 13º Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro foi o responsável, entre outros, pela condenação do ex-presidente Lula em primeira instância, no âmbito da Operação Lava Jato.
De acordo com o vice de Jair Bolsonaro, general Hamilton Mourão, as tratativas para que Moro assuma a pasta da Justiça iniciaram ainda durante a corrida presidencial, que, no segundo turno foi disputada entre o militar e Fernando Haddad, do PT, que inicialmente seria vice em uma chapa com Lula, que enquanto tinha seu nome como candidato, antes de ser impugnado pelo TSE, liderava a disputa em todos os cenários, conforme apontaram pesquisas Ibope e Datafolha.
Poucos dias antes do pleito do primeiro turno, Moro quebrou o sigilo de uma delação de Antonio Palocci, no que foi visto por petistas como uma tentativa do juiz de interferir no resultado das eleições.
Agora, após a nomeação e confirmação de Sergio Moro que assumirá um super ministério da Justiça, partidários de Lula já entraram com pedido de nulidade da prisão do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal, sob alegações de que o magistrado de Curitiba teria agido como político, visando interesses próprios, tendo por base, não apenas a própria aceitação de Moro ao cargo, mas porque as conversas iniciais entre o juiz e Jair Bolsonaro aconteceram antes do pleito final no dia 28 de outubro, conforme afirmou Mourão.
Em nota, Moro disse que aceitou o convite após reunião com Bolsonaro para discutir políticas para a pasta, e ressaltou que se afastará “logo de novas audiências, para evitar controvérsias desnecessárias”.