Aliado, pastor Silas Malafaia manda Eduardo Bolsonaro ‘calar a boca’
PSOL, PT, PSB, PDT e PCdoB veem quebra de decoro em declaração do filho do presidente sobre um 'novo AI-5'
A fala do deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP), líder do PSL na Câmara, sugerindo a criação de um novo AI-5 (Ato Institucional Número 5) não agradou aliados do governo, nem a cúpula do seu partido e o seu próprio pai.
O pastor Silas Malafaia foi um dos que engrossaram a lista de críticas e mandou o filho do presidente calar a boca.
“Eduardo Bolsonaro, cala a boca! Esse camarada não sabe que tudo que ele falar cai no colo do pai?”, escreveu o pastor em sua conta no Twitter.
- Os 3 melhores passeios em San Andrés que quase ninguém fala
- Descubra 4 chás que ajudam a tratar a infecção urinária
- Lençóis Maranhenses: descubra 7 curiosidades sobre o paraíso brasileiro
- Estes são os 6 tipos de câncer mais agressivos que existem; conheça os sintomas de cada um
Eduardo Bolsonaro deu a polêmica declaração em entrevista à jornalista Leda Nagle, divulgada nesta quinta-feira, 31, no canal dela no YouTube.
“Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada”, afirmou o parlamentar.
Repercussão
Líderes de quase todos os partidos repudiaram as declarações de Eduardo Bolsonaro sobre um “novo AI-5″.
Em nota assinada por Luciano Bivar, o PSL –partido do clã Bolsonaro— atacou “a tentativa de golpe ao povo brasileiro”, sem citar o nome de filho do presidente.
A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) afirmou que a democracia está sob um “grave risco”. Outra que também criticou veementemente o filho do presidente foi a deputada estadual paulista Janaina Paschoal (PSL). À BBC News Brasil, ela disse que “pensar em qualquer retrocesso, como um Ato Institucional é completamente descabido”.
O presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP), considerou “lamentável” o fato de que um deputado eleito pelo voto popular insinuar contra a ferramenta que lhe possibilitou chegar ao mandato. “Mais do que isso: é um absurdo ver um agente político, fruto do sistema democrático, fazer qualquer tipo de incitação antidemocrática. E é inadmissível esse afronta à Constituição. Não há espaço para que se fale em retrocesso autoritário”.
Já o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, disse em uma rede social que “parece que não restam mais dúvidas sobre as intenções autoritárias de quem não suporta viver em uma sociedade livre”.
Sobre o AI-5
O Ato Institucional de número 5, instaurado em 1968, foi um dos períodos mais sombrios e violentos da ditadura militar.
O AI-5 restabeleceu para o Brasil as demissões sumárias, as cassações de mandatos e as suspensões de direitos políticos. Também suspendeu as franquias constitucionais da liberdade de expressão e de reunião.
O artigo 10 do ato estabelecia a suspensão da “garantia de habeas corpus nos casos de crimes políticos contra a segurança nacional”. Assim, a repressão por parte dos militares estava liberada pelo Estado.