Ameaçado de morte, empresário gay morre no dia do casamento em GO
Saulo Rodrigues Lopes, de 37 anos, morreu de complicações da covid-19
O empresário que recebeu ameaças de morte e foi alvo de homofobia após anunciar casamento gay morreu no dia da cerimônia. Saulo Rodrigues Lopes, 37 anos, teve uma parada cardiorrespiratória após ser internado para tratar da covid-19, segundo o noivo.
A cerimônia de casamento estava marcada para o último domingo, 18, em Anápolis (GO).
Saulo foi internado dois dias antes no Hospital Norma Pizzari Gonçalves, após apresentar piora. A notícia da morte chocou amigos e seguidores nas redes sociais, que passaram a acompanhar a luta do casal, após a repercussão do caso.
Ao G1, Rafael Ferreira Luiz, 27 anos, disse que o companheiro testou positivo para covid-19 no início do mês e teve 60% dos pulmões comprometidos pela doença.
O casal passou a ser alvo de ameaças em abril após anunciar o casamento. Eles também registraram um boletim de ocorrência.
Saulo e Rafael receberam mensagens como: “Vocês vão morrer. Vocês são uma vergonha para a cidade. Seus gays nojentos… Isso é falta de porrada na cara”, escreveu o perfil fake.
Rafael usou às redes sociais para homenagear o companheiro. “Você mudou a minha vida. Você foi e sempre será o motivo de eu acordar todos os dias. Você tinha que partir logo hoje, meu amor? No dia do nosso casamento?”, escreveu.
Homofobia é crime!
Em junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o crime de homofobia deve ser equiparado ao de racismo. Os magistrados entenderam que houve omissão inconstitucional do Congresso Nacional por não editar lei que criminalize atos de homofobia e de transfobia. Por isso, coube ao Supremo aplicar a lei do racismo para preencher esse espaço.
Como denunciar pela internet
Em casos de homofobia em páginas da internet ou em redes sociais, é necessário que o usuário acesse o portal da Safernet e escolha o motivo da denúncia.
Feito isso, o próximo passo é enviar o link do site em que o crime foi cometido e resumir a denúncia. Aproveite e tire prints da tela para que você possa comprovar o crime. Depois disso, é gerado um número de protocolo para acompanhar o processo.
Há aplicativos que também auxiliam na denúncia de casos de homofobia. O Todxs é o primeiro aplicativo brasileiro que compila informações sobre a comunidade, como mapa da LGBTfobia, consulta de organizações de proteção e de leis que defendem a comunidade LGBT.
Pelo aplicativo também é possível fazer denúncias de casos de homofobia e transfobia, além de avaliar o atendimento policial. A startup possui parceria com o Ministério da Transparência-Controladoria Geral da União (CGU), órgão de fiscalização do Governo Federal, onde as denúncias contribuem para a construção de políticas públicas.
Com a criminalização aprovada pelo STF, o aplicativo Oi Advogado, pensado para conectar pessoas a advogados, por exemplo, criou uma funcionalidade que ajuda a localizar especialistas para denunciar crimes de homofobia.
Delegacias
Toda delegacia tem o dever de atender as vítimas de homofobia e de buscar por justiça. Nesses casos, é necessário registrar um Boletim de Ocorrência e buscar a ajuda de possíveis testemunhas na luta judicial a ser iniciada.
As denúncias podem ser feitas também pelo 190 (número da Polícia Militar) e pelo Disque 100 (Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos).