Amoêdo desiste do voto em branco e explica por que vai votar em Lula

Com duras críticas a Bolsonaro, a quem classifica como "péssimo gestor", Amoêdo disse que seria incoerente o voto em branco nessas eleições

O fundador do partido Novo e candidato a presidente em 2018, João Amoêdo, explicou as razões que o fizeram desistir do voto em branco e depositar sua confiança em Lula no segundo turno das eleições.

“Os fatos, a história recente e o resultado do 1º turno, que fortaleceram a base de apoio de Bolsonaro, me levam à conclusão de que o atual presidente apresenta um risco substancialmente maior”, disse Amoêdo à coluna Painel S.A., da Folha de S. Paulo.

João Amoêdo declara voto em Lula – foto Rovena Rosa/Agencia Brasil
Créditos: foto Rovena Rosa/Agencia Brasil
João Amoêdo declara voto em Lula – foto Rovena Rosa/Agencia Brasil

A posição de Amoêdo é diferente da assumida quatro anos atrás quando ele votou em Jair Bolsonaro no segundo turno, contra Fernando Haddad, do PT.

Amoêdo disse que, entre outras coisas, o que o fez repensar sua posição é o risco que Bolsonaro representa ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Recentemente, o candidato do PL à reeleição anunciou mudanças no STF, que foram consideradas inconstitucionais pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e uma “agressão à democracia”.

O fundador do Partido Novo disse ainda que o caminho mais fácil seria não declarar voto, mas que isso seria incoerente com a decisão que tomou em 2010 de participar d vida pública.

“Nestes quatro anos, regredimos institucionalmente e como sociedade. A paixão e o ódio dominaram o debate político, levando a polarização a níveis inaceitáveis. A independência dos Poderes foi comprometida. O Legislativo foi cooptado pelo orçamento secreto e as emendas parlamentares. O Supremo Tribunal Federal se tornou alvo de ataques frequentes por parte do presidente e seus aliados. O combate à corrupção foi extinto com a narrativa mentirosa de que ela acabou e com o desmonte da Lava Jato. O descaso com a educação, o meio ambiente, a ciência, a cultura, a responsabilidade fiscal e, acima de tudo, o desprezo pela vida dos brasileiros completam o legado desastroso. Bolsonaro confirmou ser não apenas um péssimo gestor, como já prevíamos, mas também uma pessoa sem compaixão com o próximo. Ele é incapaz de dialogar, de assumir suas responsabilidades e não tem compromisso com a verdade. É um governante autocrático que se coloca acima das instituições”, escreveu Amoêdo à Folha.