Tatuadora cobre nome de ex e cicatrizes com 50% de desconto
Com questões sobre identidade de gênero e feminismo cada vez mais afloradas, uma tatuadora de Belo Horizonte faz mais do que desenhos no corpo. Maíra Fonte Boa, idealizadora e organizadora do estúdio dAS MINA, no Santa Tereza, é uma ativista. Como política pessoal, que se transfere para o local trabalho, a artista oferece desconto para pessoas que precisem apagar marcas deixadas no corpo. “Eu faço isso principalmente em casos de violência de gênero. Então atendo mulheres cis e pessoas LGBTQ que sofreram agressões físicas e tiveram a pele marcada por cicatriz, e também pessoas com sofrimento psíquico que se cortaram”, explica.
Uma ação que rolou no Dia dos Namorados fez com que seu trabalho neste sentido de auxilio também psicológico tivesse mais atenção. Na véspera da data, Maíra fez um convite via Facebook: “Vamos fazer uma tattoo diva no lugar e transformar o mês de junho no mês do amor próprio”, diz o post.
Maíra é feminista e, por convicções que vão pr’além da data comercial dos namorados, conta que esse trabalho não é uma coisa pontual. “Sou feminista e tenho essa política de oferecer tatuagens para cobertura de nome de ex, cicatrizes decorrentes de violência, além de marcas do câncer de mama. Essa promoção surgiu meio na brincadeira porque tenho um posicionamento político que vai na contramão dessa mercantilização do amor que acontece no mês de junho, mas o desconto acontece sempre”, explica.
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Depois da divulgação, a tatuadora teve muita procura, especialmente por parte das mulheres, que junto compartilham histórias de abusos psicológicos e físicos. O estúdio é além de tudo um espaço solidário e colaborativo que oferece espaço de trabalho fora do contexto doméstico e seguro para profissionais mulheres cis e pessoas trans.
“Dedico minha vida nesse âmbito do debate da diversidade de gênero, procuro fazer isso em todas as minhas relações, no trabalho de tatuagem também”, conclui. E não o trabalho é muito mais do que uma tattoo. “Tem um acolhimento, muita gente acaba desabafando e a gente troca muita experiência e se ajuda. Dependendo do caso, ainda indico profissionais da área da psicologia e advocacia da rede feminista que participo”, diz Maíra.