Após 4 casos de suicídio, USP cria escritório de saúde mental

Em ação inédita, Universidade de São Paulo oferece ferramenta unificada de assistência psicológica para alunos

01/08/2018 15:45 / Atualizado em 05/05/2020 11:12

Quarta causa de morte entre jovens no Brasil, o suicídio aumentou 73% entre 2000 e 2016: de 6.780 para 11.736 mortes. Apenas neste este ano, entre maio e junho, ao menos quatro casos foram registrados na USP. Cenário que levou à criação do Escritório de Saúde Mental na universidade paulista.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Andrés Eduardo Aguirre Antúnez, vice-diretor do Instituto de Psicologia e coordenador do programa, explicou que todos os estudantes da universidade terão acesso ao atendimento. Para isso, será necessário um primeiro contato que, eventualmente, pode resultar numa reunião presencial.

A frente é formada por alunos de diferentes cursos da USP e foi criada após tentativas de suicídio na Faculdade de Medicina no último ano -Foto: Marcos Santos/USP Imagens
A frente é formada por alunos de diferentes cursos da USP e foi criada após tentativas de suicídio na Faculdade de Medicina no último ano -Foto: Marcos Santos/USP Imagens

As discussões sobre a criação da iniciativa tiveram início em setembro de 2017 – motivada pelos casos de suicídio ocorridos naquele ano. Inicialmente, um espaço provisório será instalado na Superintendência de Assistência Social na USP.

Além do escritório, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, uma série de atividades sobre o tema foram articuladas nos últimos meses. Para setembro, estão agendadas inúmeras palestras a respeito do assunto.

Rotina esmagadora 

Os estudantes apontam uma série de motivos que podem desencadear a depressão no âmbito universitário: carga horária, pressão por notas, relação com colegas e professores estão entre os mais relatados.

Questionada pela reportagem, e estudante Luiza Burgarelli destacou a importância do debate sobre saúde mental e o apoio aos estudantes. “É muito sério quando os alunos adoecem e têm que ir para casa porque, dentro da universidade, não existe espaço, apoio ou algo que os estimulem a ficar ali”, afirma.