App Guiaderodas classifica locais com acessibilidade

Criada pelo cadeirante Bruno Mahfuz, startup voltada à acessibilidade desenvolve ideias que atuam na inclusão e autonomia de milhares de brasileiros

Há 20 anos, a Lei Nº 10.098, prevista na Constituição, “estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências.”

O que, em teoria, garante aos cerca de 46 milhões de brasileiros com deficiência  mental, intelectual ou sensorial o acesso a vias, prédios e meios de transporte públicos e privados. Direito que, no entanto, fica apenas no papel.

Acessibilidade ainda é um desafio na maior parte das cidades de todo o Brasil segundo levantamentos recentes sobre o tema – iStocok/Getty Images
Créditos: Getty Images
Acessibilidade ainda é um desafio na maior parte das cidades de todo o Brasil segundo levantamentos recentes sobre o tema – iStocok/Getty Images

Estudo divulgado em 2019 pela organização Mobilize Brasil avaliou a estrutura das calçadas, considerando conforto, segurança e sinalização para pedestres.

O recorte levou em conta as condições das vias públicas de grandes capitais do país e encontrou calçadas estreitas, quebradas, degraus que impedem o acesso a cadeirantes, postes e obstáculos que dificultam a mobilidade, faixas de pedestre apagadas, falta de semáforos, além da ausência ou falta de manutenção de rampas de acesso.

Entre as principais cidades do Brasil, São Paulo aparece em melhores condições, com nota 6,9, embora o mínimo considerado adequado para a caminhabilidade seja 8, de acordo com o estudo canadense Bradshaw, publicado em 1993.

Inclusão e autonomia

Neste contexto, surge o trabalho desenvolvido pela startup Guiaderodas, criada em 2016 por Bruno Mahfuz, que tem na autonomia e inclusão as estratégias de um negócio dedicado a mudar a vida de milhares de pessoas.

Com o APP Guiaderodas, primeiro projeto da empresa, permitiu a usuários classificar estabelecimentos de acordo com o nível de acessibilidade, permitindo, assim,  a divulgação de lugares compatíveis às suas necessidades. “Uma simples ida a padaria pode ser frustrante ao se deparar com um lance de escadas na entrada”, destaca Mahfuz.

Em sua empreitada em busca de uma sociedade mais inclusiva, a startup também aposta na formação da “Certificação Guiaderodas”, voltado a empresas.

A Certificação Guiaderodas é um programa que reconhece as melhores práticas de acessibilidade no mundo. Sua metodologia original foi desenvolvida em conjunto por uma equipe interdisciplinar, composta por arquitetos especialistas, pesquisadores e pessoas com deficiência. Ela se baseia na premissa de que acessibilidade deve ser vista como um exercício contínuo e no conceito de que “ambientes acessíveis” são compostos pela estrutura física e pelas pessoas.

Com isso, a avaliação vai muito além do atendimento à legislação vigente e às normas técnicas elaboradas pelos órgãos de regulação. Ao entender acessibilidade como um organismo vivo e incorporar fatores humanos, o processo de avaliação também leva em consideração a experiência prática de pessoas com deficiência, a percepção dos usuários habituais do espaço, além de aspectos de tratamento interpessoal.

Ao longo dos últimos cinco anos, o Guiaderodas conquistou reconhecimento internacional devido ao impacto e utilidade pública de suas ações. Destacam-se os prêmios “Melhor Solução Digital Inclusiva do Mundo” e “Melhor Aplicativo de Acessibilidade das Américas”, ambos entregues pela Organização das Nações Unidas (ONU).