App traduz textos em português na internet para libras

Startup utiliza inteligência artificial para fazer traduções e tornar internet acessível a pessoas com deficiência auditiva

Durante um trabalho da faculdade no qual precisava resolver um problema de comunicação, em 2008, Ronaldo Tenório teve a ideia de um produto para fazer diferença na sociedade: um aplicativo para traduzir textos em português da internet para libras.

Anos depois, a ideia saiu do papel e ele se tornou o fundador e CEO da Hand Talk, empresa que que utiliza inteligência artificial para fazer traduções para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Os sócios Carlos Wanderlan, Ronaldo Tenório e Thadeu Luz, fundadores do Hand Talk, e o intérprete virtual Hugo
Créditos: Divulgação
Os sócios Carlos Wanderlan, Ronaldo Tenório e Thadeu Luz, fundadores do Hand Talk, e o intérprete virtual Hugo

Fundada em 2013, a plataforma possui dois serviços. Um é o aplicativo Hand Talk que dá acesso a um dicionário de palavras, além de traduzir textos ou falas em Libras (Língua Brasileira de Sinais) por meio de um assistente virtual. O outro é uma solução corporativa: um plugin para sites que queiram tornar o seu conteúdo mais acessível no qual o surdo pode clicar, selecionar um trecho e ter o texto traduzido para Libras ou ASL.

Em agosto, a Hand Talk apresentou um terceiro serviço: o Hand Talk Motion, para traduzir Libras ou ASL para ouvintes, apenas apontando a tela do celular. O projeto foi financiado pelo Google e deve ser lançado nos próximos anos.

O aplicativo, que também é chamado de ‘Google Tradutor de Libras’, é gratuito (há uma versão paga para quem não quer propaganda) e, até o momento, possui mais de 4,5 milhões de downloads.

Como funciona o tradutor de Libras

Aplicativo possui intérpretes virtuais para Libras

O primeiro passo é gravar vídeos de intérpretes fazendo os sinais, depois, um software capta seus movimentos e expressões faciais e aperfeiçoa sinais já existentes na base de dados da empresa ou agrega os novos.

Milhares de traduções são realizadas diariamente e isso envolve o trabalho não só de intérpretes, mas também de surdos validando os sinais, desenvolvedores, cientistas de dados, designers e animadores 3D.

Com mãos grandes e bastante expressivos, os intérpretes digitais em 3D que sinalizam em língua de sinais foram batizados de Hugo e Maya. É a dupla que permite que a internet não mais seja offline para os surdos já que mais de 80% deles têm dificuldade de compreender a língua escrita do seu país, por ter como primeira língua a de sinais.